sábado, 19 de março de 2011

PERTO DO REINO

Marcos (12.28-34) descreve um encontro de Jesus com um intérprete da lei, um escriba fariseu; o qual se aproximou de Jesus com o propósito de testá-Lo. Suas palavras demonstram uma altivez arrogante e muita prepotência; sem qualquer respeito e consideração para com o Senhor Jesus.

Era a postura costumeira de quem olha para o seu interlocutor como que examinando um candidato ao ministério da pregação do evangelho. Um “doutor” em teologia, um religioso que se deleitava com os acalorados debates sobre os detalhes da lei mosaica e suas inúmeras interpretações e acréscimos, algo comum às seitas heréticas. sobrecarregando e sufocando as pessoas com suas rigorosas e pesadas exigências, sem um mínimo de compaixão e misericórdia. Para os quais Jesus fez também tremendas repreensões e previsões. Mateus cita oito pronunciamentos de Jesus, começando com a frase “ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas” (Mt 23.13-36); culminando com uma frase das mais contundentes: “Serpentes, raças de víboras! Como escapareis da condenação do inferno” (Mt 23.33). Eram homens implacáveis na exigência da observância da lei cerimonial (como fazem algumas seitas atualmente), legalista. Impiedosos, julgavam as pessoas arbitrariamente, pois tinham autoridade política e jurídica para condenar as pessoas conforme as suas interpretação.

No texto que estamos estudando, depois de responder ao questionamento de um desses escribas, Jesus fez-lhe uma marcante declaração: “Não estais longe do reino de Deus” (Mc 12.34). Ou seja, você está perto do reino, mas ainda sem a posse dele; sem a garantia de entrar no reino de Deus. Perto do reino, mas sem salvação! Vejamos porque Jesus fez tal afirmativa.
Primeiro, não estava longe do reino porque ele tinha a oportunidade de se encontrar com Jesus e ouvi-Lo atenciosamente – v. 28a

Até mesmo reconheceu que Jesus havia respondido aos seus colegas religiosos com sabedoria e acertadamente, conforme a sua interpretação teológica. Em sua “sapiência” farisaica, observou que Jesus estava se saindo muito bem diante do interrogatório a que fora submetido por seus diletos colegas...

Esse homem nos faz pensar nas diversas pessoas que gostam de discutir religião, sobre as vantagens de se pertencer a determinadas seitas, ou denominações; se exaltam na defesa de seus pontos de vistas teológicos e doutrinários... E, no entanto, apesar de toda cultura bíblica alardeada, continuam caminhando para a eternidade sem Deus, sem a salvação em Cristo Jesus; não demonstrando com seus atos e palavras qualquer intimidade com Cristo, e nenhuma misericórdia para com o sofrimento alheio. Apenas acirradas críticas e censuras, sem amor e compaixão em seus corações.

Em segundo lugar, não estava longe do reino porque teve a oportunidade de interrogar a Jesus, tirar dúvidas, conhecê-Lo pessoalmente

Diz o texto que além de aprovar as palavras do Mestre divino, ele também procurou questionar a Jesus, talvez esperando ouvir alguma contradição ou algo que pudesse compromete-Lo publicamente (v.28b). Este homem é um autêntico representante de todos os religiosos; os quais fazem de tudo para conseguir mais adeptos, ou prosélitos, para melhor divulgarem suas igrejas e denominações. Sem qualquer compromisso com a verdade e a misericórdia divina e sem qualquer preocupação com o reino de Deus. Nem mesmo se importam em assegurar-se da salvação de suas próprias almas, muito menos daqueles a quem pretendem extorquir e manipular com seus próprios argumentos e pretensa sabedoria teológica. Aí, cada qual procura oferecer mais vantagens às suas concorridas “ovelhas”, ou vítimas. É um Super Mercado de ofertas de bênçãos de toda sorte para esta vida; é oferta de vitória sobre todo tipo de encostos; é sucesso e prosperidade financeira, saúde de ferro e o céu na terra. Não há mal que os resista; não há limite para as suas promessas!!!

Em terceiro lugar, ele não estava longe do reino porque era professor de Bíblia e demonstrou concordar com o ensino de Jesus

Até mesmo fez um elogio ao Senhor: “Muito bem, Mestre!” Como que a dizer-Lhe: “É isso aí Cara! Você está aprovado em Sua teologia, acertou mais uma vez. Ótimo, parabéns por suas respostas, gostei muito!” Apesar de toda empáfia, continuou apenas perto do reino. Contentava-se com seus dogmas e doutrinas religiosas, seus conceitos e preconceitos sobre Deus e o Seu reino. Não se humilhou diante do Salvador, não se arrependeu de seus pecados, não foi salvo por Cristo. Não entrou no reino, apesar de chegar tão perto. Como escreveu o apóstolo Pedro: “Esses tais são como fonte sem água, como névoas impelidas por temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas; porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões carnais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que andam no erro, prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor.

Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal” (2Pe 2.17-22). Como disse Jesus, eles não estão longe do reino de Deus porque falam sobre o céu, usam a Bíblia Sagrada como base para suas heresias. Falam sobre o reino e até prometem as bênçãos do reino aqui na terra. Contudo, continuam apenas perto do reino, mas sem salvação, sem a plena comunhão com Deus através de Jesus Cristo; correndo o risco de ouvirem no dia do juízo as duras palavras a serem proferidos pelo Senhor: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7.21-23).

Que tragédia! Que lástima, chegar tão próximo de obter o maior tesouro, a vida plena com Deus, e perdê-lo para sempre! Aquele homem contentou-se com seus conhecimentos teológicos. Sabia muito sobre Deus, sobre o ensino religioso nas escolas e sinagogas; era um mestre em religião, mas não conhecia Deus pessoalmente o Mestre por excelência, não foi salvo, porque o próprio Senhor Jesus afirmou: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3). Ele não conhecia nem reconhecia Jesus como único e suficiente Salvador. Foi para eternidade sem Cristo e sem salvação, apesar de toda a sua religiosidade.

Que tristeza e que decepção para alguém como ele ao chegar diante do tribunal de Cristo após a morte! Que isto nos faça pensar em nossa própria situação: Estamos nos contentando apenas com o fato de sermos religiosos, freqüentadores de igreja, líderes e professores da Escola Bíblica Dominical, ou mesmo ensinando em Seminários cristãos; porém, vivendo apenas perto do reino, mas sem salvação? Nos contentamos em receber mensagens bíblicas de conforto e fazermos parte de uma família cristã? Ou já nos asseguramos de nossa entrada no reino de Deus e queremos desenvolver cada vez mais nossa intimidade e comunhão com o Senhor da Glória? Pensemos seriamente nisto, enquanto há tempo!

Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.mananciaisdevida.blogspot.com

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