Milan Kundera assim se expressou: “Só se tem uma vida e não se pode  nem compará-la com as vidas anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores.” 
Daí porque é tão difícil tomar-se decisões. Principalmente quando estas decisões podem mudar completamente o rumo de nossa vida. Nossas decisões são, quase sempre,  irreversíveis, definitivas, principalmente  quando diz respeito à eternidade. Porque não podemos viver a mesma experiência outra vez. Apenas  vivemos  experiências semelhantes, nunca AS MESMAS.
Toda experiência será sempre  outra diferente, porque nós não seremos  os mesmos. Este dia é especial em sua vida, único. A oportunidade desta hora é uma janela que não se abrirá jamais. Seguir a Jesus é viver com Ele. Não significa  apenas uma declaração verbal; é aceitar Sua proposta de compromisso, amizade, companheirismo e intimidade com  Deus:
- “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.  E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.  Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?  Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele,  dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar.  Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?  Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz.  Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.  O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor?  Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Lc 14:26-35).
Carlos Drumond de  Andrade, em  CONTOS PLAUSÍVEIS,  apresenta um historiazinha  muito  sugestiva, com o título:  BOM TEMPO, SEM TEMPO:
_ "Não chovia, meses a fio, ou chovia demais.  As plantas  secavam, os animais morriam, os moradores emigravam. As plantas submergiam, os animais  morriam, as pessoas não  tinham tempo  de emigrar.  Assim era a vida  naquele lugar  privilegiado, onde  medrava tudo para todos, havendo bom  tempo.  Mas não havia bom tempo.  Havia o exagero dos elementos. O mágico chegou para  reorganizar a  vida, e  mandou que  as chuvas cessassem.  Cessaram. Ordenou que a seca findasse. Findou.  Sobreveio  um tempo  temperado, ameno, bom para tudo, e os moradores estranharam. Assim também  não é possível, diziam. Podemos fazer tantas coisas boas  ao mesmo tempo que não há tempo  para faze-las.  Antes, quando  estiava ou chovia  um pouco –  isto é, no intervalo das grandes enchentes ou das grandes secas – a gente  aproveitava para fazer  alguma coisa. Se o  Sol abrasava, podíamos fugir.  Se a água vinha  em catadupa, os que escapavam  tinham o que contar. Quem voltasse do êxodo vinha de alma  nova.  Quem sobrevivesse à enchente  era proclamado herói. Mas agora, tudo normal, como aproveitar  tantas  condições  estupendas, se não temos  capacidade para isto? Queriam  linchar o mágico, mas ele fugiu  à toda"  (Andrade, Carlos  Drumond – CONTOS  PLAUSÍVEIS,  p. 56 Ed. José Olympio, RJ).
          
A  Palavra de Deus nos fala de um bom tempo. Tempo oportuno, conveniente para nos achegarmos ao Trono da Graça: “Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que  recebamos  misericórdia e achemos graça, a fim  de sermos socorridos  no momento oportuno” (Hb 4.16).  Tempo oportuno, bom tempo, apesar  das crises, ou mesmo  por causa delas. Só podemos viver esta vida, enquanto aqui na terra. Não podemos simplesmente esperar que se esgotem as oportunidades para, então, tomarmos consciência  de que perdemos o tempo, quando as portas das oportunidades forem se fechando:  “Porque diz: No tempo aceitável  te  escutei e no dia da salvação te socorri; eis  aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia  da salvação” (2 Co 6.2). Este é o  nosso  BOM TEMPO!  O tempo  está favorável, nesses dias  quando muitos perderam toda  a esperança. Este é o nosso  tempo.  Ou melhor, o tempo de Deus para nós.  Bom tempo, e que haja tempo! Que o Senhor, portanto, nos conceda  graça suficiente para podermos experimentar e desfrutar desse tempo magistral,  sempre. Feliz Natal! Amém.
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