sábado, 22 de dezembro de 2007

Natal, Tempo De Decisão

Milan Kundera assim se expressou: “Só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vidas anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores.”
Daí porque é tão difícil tomar-se decisões. Principalmente quando estas decisões podem mudar completamente o rumo de nossa vida. Nossas decisões são, quase sempre, irreversíveis, definitivas, principalmente quando diz respeito à eternidade. Porque não podemos viver a mesma experiência outra vez. Apenas vivemos experiências semelhantes, nunca AS MESMAS.
Toda experiência será sempre outra diferente, porque nós não seremos os mesmos. Este dia é especial em sua vida, único. A oportunidade desta hora é uma janela que não se abrirá jamais. Seguir a Jesus é viver com Ele. Não significa apenas uma declaração verbal; é aceitar Sua proposta de compromisso, amizade, companheirismo e intimidade com Deus:
- “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz. Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo. O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido, como restaurar-lhe o sabor? Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Lc 14:26-35).

Carlos Drumond de Andrade, em CONTOS PLAUSÍVEIS, apresenta um historiazinha muito sugestiva, com o título: BOM TEMPO, SEM TEMPO:
_ "Não chovia, meses a fio, ou chovia demais. As plantas secavam, os animais morriam, os moradores emigravam. As plantas submergiam, os animais morriam, as pessoas não tinham tempo de emigrar. Assim era a vida naquele lugar privilegiado, onde medrava tudo para todos, havendo bom tempo. Mas não havia bom tempo. Havia o exagero dos elementos. O mágico chegou para reorganizar a vida, e mandou que as chuvas cessassem. Cessaram. Ordenou que a seca findasse. Findou. Sobreveio um tempo temperado, ameno, bom para tudo, e os moradores estranharam. Assim também não é possível, diziam. Podemos fazer tantas coisas boas ao mesmo tempo que não há tempo para faze-las. Antes, quando estiava ou chovia um pouco – isto é, no intervalo das grandes enchentes ou das grandes secas – a gente aproveitava para fazer alguma coisa. Se o Sol abrasava, podíamos fugir. Se a água vinha em catadupa, os que escapavam tinham o que contar. Quem voltasse do êxodo vinha de alma nova. Quem sobrevivesse à enchente era proclamado herói. Mas agora, tudo normal, como aproveitar tantas condições estupendas, se não temos capacidade para isto? Queriam linchar o mágico, mas ele fugiu à toda" (Andrade, Carlos Drumond – CONTOS PLAUSÍVEIS, p. 56 Ed. José Olympio, RJ).

A Palavra de Deus nos fala de um bom tempo. Tempo oportuno, conveniente para nos achegarmos ao Trono da Graça: “Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno” (Hb 4.16). Tempo oportuno, bom tempo, apesar das crises, ou mesmo por causa delas. Só podemos viver esta vida, enquanto aqui na terra. Não podemos simplesmente esperar que se esgotem as oportunidades para, então, tomarmos consciência de que perdemos o tempo, quando as portas das oportunidades forem se fechando: “Porque diz: No tempo aceitável te escutei e no dia da salvação te socorri; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (2 Co 6.2). Este é o nosso BOM TEMPO! O tempo está favorável, nesses dias quando muitos perderam toda a esperança. Este é o nosso tempo. Ou melhor, o tempo de Deus para nós. Bom tempo, e que haja tempo! Que o Senhor, portanto, nos conceda graça suficiente para podermos experimentar e desfrutar desse tempo magistral, sempre. Feliz Natal! Amém.

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