sábado, 8 de agosto de 2009

FUGIR DE DEUS OU FUGIR PARA DEUS

O orgulho, a falta de oração e o uso indevido da força física foram os passos anteriores, através dos quais Pedro ia tornando-se cada vez mais insensível quanto à necessidade de uma aproximação maior ao Senhor. Passo a passo ia perdendo a percepção quanto à distância física, moral e espiritual, entre o Salvador e ele. Distância que aumentava à medida que se contentava tão somente em segui-Lo de longe ([1]).

Pedro estava confusamente distraído quanto ao alimento principal para alma: o pão da vida, JESUS. Não se lembrava mais de Suas palavras ([2]).

Distante, entristecido, não orava convenientemente, não meditava na Palavra, não cantava, não adorava... Distante, longe, não podia ouvir Suas palavras amigas e confortadoras. Não conseguia sentir Seus passos, contemplar Seu olhar, saber o caminho a trilhar. Não percebia que estava vivendo perigosamente; uma vida longe de Jesus, infrutífera e sem graça. Longe de seu Pastor divino, isolou-se da comunhão com o povo de Deus, tanto quanto do próprio Senhor.

O silêncio em recolhimento para meditação é necessário, e até mesmo indispensável a todas as pessoas, especialmente ao cristão. Sem isso seria impossível extrair algumas das mais preciosas belezas da vida. Entretanto, caímos em fracasso quando somos atacados pela crise da solidão.

Perdemos o contato saudável e benéfico com os demais irmãos e amigos. Como fizeram Elias no passado, e Tomé, posteriormente. Que coisa triste e desastrosa! Quanta gente hoje vivendo amargurada e infeliz, isoladas em seus próprios conceitos, longe de Jesus!

Pedro estava longe, isolado, não querendo se comprometer, se envolver. Estava só, desguarnecido, frustrado e infeliz. Querendo a paz da alma e fugindo da única fonte da verdadeira paz! Longe do Senhor, na Sua Lei não meditava nem de dia nem de noite. Perdeu a motivação desafiadora de enfrentar riscos na certeza de estar no caminho certo. Sentia-se como se estivesse despencando gradativamente para um tenebroso e profundo abismo. Restava-lhe apenas um fio de esperança, como para muitos também hoje: é que ainda estava vivo e O seguia, apesar da distância. A Bíblia nos apresenta a consequência imediata de se distanciar do Senhor Jesus: ”Mas Pedro o seguia de longe até ao pátio do sumo sacerdote e, tendo entrado, assentou-se entre os serventuários para ver o fim” ([3]).

A falta de percepção espiritual faz com que o mau pareça bom, e o bom transforme-se em mau. Tira-se conclusões precipitadas, deturpadas, descabidas, fantasmagóricas. Provoca mau entendimento, desperdício de tempo, de energia física e mental. Então, precisamos nos armar de entendimento do amor de Cristo para sermos vitoriosos e felizes.

Em nossa luta íntima temos sempre duas vertentes, duas opções: Tentar sufocar a angústia e remorso fugindo de Deus, do mundo e de nós mesmos... Ou fugir para Deus e para a nossa integridade pessoal. Em outras palavras: é fugir da vida ou fugir pra vida... Dói muito, certamente. Custa caro. Dá trabalho e muita ansiedade. Mas há solução, quando se encontra o caminho de volta e coragem pra recomeçar. Então surge um novo relacionamento com Deus e com as pessoas, sem culpas e traumas. Quando, porém, procuramos nos convencer de que podemos conviver com a situação, continuar repetindo os mesmos erros, fugindo de Deus, então nos desintegramos como pessoa. Ficamos inseguros em todas as nossas ações, porque perdemos nossos valores, nossos referenciais, nossa base estrutural.

Precisamos reconhecer que não podemos fugir de Deus e nem de nós mesmos. Precisamos nos dar conta de que não podemos fugir à luta, porque a vitória é necessária para a nossa autoestima. Quando vencemos, apesar da luta e do sacrifício, ou mesmo até por causa deles, somos bafejados por um sentimento de autorrealização que traz paz, alegria e confiança própria.


Pr. Vanderlei Faria

pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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[1] Mt 26.55-58; Lc 22.54
[2] Jo 6.35,41,51
[3] Mt 26.58

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