Tendo descuidado quanto à prática da  comunhão  com  o Pai  através  da  oração, como sempre acontece, Pedro tornou-se  irritadiço, agressivo e revoltado. Estavam  saindo do  Jardim da Oração; de repente, apareceu  Judas acompanhado por alguns guardas armados e mal encarados, os quais  iam buscar  a  Jesus.
Pedro  sabia que eles não estavam brincando. Seu coração disparou, o sangue  subiu-lhe à cabeça,  e o controle se lhe faltou. Não suportando ver aqueles pecadores asquerosos tocarem  com suas mãos  sujas o Santo de Deus, então, desembainhou a espada e cortou a orelha  direita de  um tal de Malco ([1]).  Ainda bem que cortou apenas a orelha, imagine se  tivesse cortado  fora a cabeça  daquele pobre infeliz?  Porém, mais uma vez  foi repreendido por Jesus:  “Deixai-os; basta. E tocando-lhe  a orelha, o curou” ([2]).
A violência é a atitude própria  de  quem  perde a capacidade de argumentação e raciocínio. É comum aos fracos de espírito, os que foram embrutecidos pela falta de amor e compaixão.  Mas, também, é uma atitude muito comum àqueles que  confundem poder  com  a capacidade de sobrepujar, manipular, superação física. Jesus, porém, o advertiu:   “Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete  a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me deu?” ([3]).
Pedro havia  esquecido, também, da doutrina da não violência de Jesus ([4]).  É claro que isso não significa que não devamos defender e lutar (na justiça) pelos nossos direitos. Porém, o nosso desafio maior é vivermos como cidadãos do reino de Deus.  Jesus já havia enfatizado este ensino em outra ocasião ([5]).
A humanidade pensa em termos de força, de poderio, de habilidades, de autossegurança e de agressividade; como que a dizer: “Felizes são os sagazes, porque conquistarão admiração de seus amigos... felizes os agressivos, etc. Porém, no Sermão do Monte Jesus nos faz pensar que o crente deve ser alguém totalmente diferente das pessoas deste mundo. E era isso que Jesus queria transmitir-lhes  naquele momento: que  eles pertenciam a um reino superior, “o meu reino não é deste mundo...”
A mansidão implica em autocontrole, domínio próprio. É como uma  hidrelétrica – uma tremenda turbulência de um rio  que se transforma em energia  positiva. Deus faz conosco como a ciência faz  no mundo físico. Deus escolheu a Pedro, um homem rude, e canalizou sua energia, seu tremendo entusiasmo, potencial de realização e temperamento  explosivo,  para propósitos mais elevados. Esta é a necessidade do cristão: canalizar  e aproveitar  sua energia, seu potencial, nos propósitos de Deus. José do Egito, por exemplo,  não era um fraco, impotente; no entanto, canalizou seu potencial para glorificar o nome do Senhor. Pedro era um homem de temperamento sanguíneo, explosivo, violento; porém, Deus  utilizou sua fraqueza pessoal, transformando em grande bênção em Suas mãos. 
Não precisamos nos autoflagelar por causa de nossa impetuosidade ou por causa de nosso temperamento agressivo, intempestivo. Podemos usar nosso temperamento  agressivo para proclamar a Palavra de Deus, como Pedro fez mais tarde, como está nos relatos de Atos dos Apóstolos!  Não faz  sentido alguém que se diz crente em Cristo Jesus agir de maneira  grosseira, procurando  justificar-se com o argumento de que “esse é o meu gênio e não vou mudar...”  Ser crente é viver num permanente processo  de mudança para melhor. Começa  com a conversão, e continua  à medida que permitimos  ao Espírito Santo agir em nós...  Jesus  prometeu-nos o outro Consolador (o Espírito Santo), “o que ajuda ao longo do caminho”. 
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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[1] Jo 18.1-12
[2] Lc 22.51
[3] Jo 18.11
[4] Mt 5.5,9-10
[5] Mt 5.38-41, 43-45
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