sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A VITÓRIA DA MANSIDÃO

Tendo descuidado quanto à prática da comunhão com o Pai através da oração, como sempre acontece, Pedro tornou-se irritadiço, agressivo e revoltado. Estavam saindo do Jardim da Oração; de repente, apareceu Judas acompanhado por alguns guardas armados e mal encarados, os quais iam buscar a Jesus.
Pedro sabia que eles não estavam brincando. Seu coração disparou, o sangue subiu-lhe à cabeça, e o controle se lhe faltou. Não suportando ver aqueles pecadores asquerosos tocarem com suas mãos sujas o Santo de Deus, então, desembainhou a espada e cortou a orelha direita de um tal de Malco ([1]). Ainda bem que cortou apenas a orelha, imagine se tivesse cortado fora a cabeça daquele pobre infeliz? Porém, mais uma vez foi repreendido por Jesus: “Deixai-os; basta. E tocando-lhe a orelha, o curou” ([2]).
A violência é a atitude própria de quem perde a capacidade de argumentação e raciocínio. É comum aos fracos de espírito, os que foram embrutecidos pela falta de amor e compaixão. Mas, também, é uma atitude muito comum àqueles que confundem poder com a capacidade de sobrepujar, manipular, superação física. Jesus, porém, o advertiu: “Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me deu?” ([3]).
Pedro havia esquecido, também, da doutrina da não violência de Jesus ([4]). É claro que isso não significa que não devamos defender e lutar (na justiça) pelos nossos direitos. Porém, o nosso desafio maior é vivermos como cidadãos do reino de Deus. Jesus já havia enfatizado este ensino em outra ocasião ([5]).
A humanidade pensa em termos de força, de poderio, de habilidades, de autossegurança e de agressividade; como que a dizer: “Felizes são os sagazes, porque conquistarão admiração de seus amigos... felizes os agressivos, etc. Porém, no Sermão do Monte Jesus nos faz pensar que o crente deve ser alguém totalmente diferente das pessoas deste mundo. E era isso que Jesus queria transmitir-lhes naquele momento: que eles pertenciam a um reino superior, “o meu reino não é deste mundo...”
A mansidão implica em autocontrole, domínio próprio. É como uma hidrelétrica – uma tremenda turbulência de um rio que se transforma em energia positiva. Deus faz conosco como a ciência faz no mundo físico. Deus escolheu a Pedro, um homem rude, e canalizou sua energia, seu tremendo entusiasmo, potencial de realização e temperamento explosivo, para propósitos mais elevados. Esta é a necessidade do cristão: canalizar e aproveitar sua energia, seu potencial, nos propósitos de Deus. José do Egito, por exemplo, não era um fraco, impotente; no entanto, canalizou seu potencial para glorificar o nome do Senhor. Pedro era um homem de temperamento sanguíneo, explosivo, violento; porém, Deus utilizou sua fraqueza pessoal, transformando em grande bênção em Suas mãos.
Não precisamos nos autoflagelar por causa de nossa impetuosidade ou por causa de nosso temperamento agressivo, intempestivo. Podemos usar nosso temperamento agressivo para proclamar a Palavra de Deus, como Pedro fez mais tarde, como está nos relatos de Atos dos Apóstolos! Não faz sentido alguém que se diz crente em Cristo Jesus agir de maneira grosseira, procurando justificar-se com o argumento de que “esse é o meu gênio e não vou mudar...” Ser crente é viver num permanente processo de mudança para melhor. Começa com a conversão, e continua à medida que permitimos ao Espírito Santo agir em nós... Jesus prometeu-nos o outro Consolador (o Espírito Santo), “o que ajuda ao longo do caminho”.


Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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[1] Jo 18.1-12
[2] Lc 22.51
[3] Jo 18.11
[4] Mt 5.5,9-10
[5] Mt 5.38-41, 43-45

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