terça-feira, 1 de junho de 2010

DEUS NOS OFERECE CONSOLAÇÃO

Quando eu era ainda jovem, certa ocasião, imaginei meu próprio funeral. Talvez devido à influência recebida dos poetas românticos (Castro Alves, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e outros), comecei a romanciar minha própria morte no desabrochar da juventude... Loucuras de adolescente.

Posteriormente, ao longo da vida, sofri diversos acidentes de carro, cirurgias médicas, etc. Já presenciei, em certo sentido, a morte de inúmeras pessoas, algumas das quais íntimas e muito queridas. Como costumo dizer, já morri muitas vezes nas mortes de pessoas a quem tanto amei. Porém, jamais consegui refletir com profundidade suficiente sobre a iminência de minha própria morte.

É interessante como se dá esse processo de rejeição mental de tais pensamentos.
Sempre que somos confrontados com a possibilidade de estarmos prestes a partir, imediatamente outros pensamentos de vida e realizações ocupam nossa mente, numa atitude inconsciente de adiarmos tal assunto para um futuro bem mais distante, numa fuga inconsciente. Pensamos mais ou menos assim: Talvez daqui a quinze ou vinte anos terei que encarar essa dramática realidade. Quando, porém, vamos nos aproximando daquele prazo, mais ou menos estabelecido anteriormente, procuramos postergá-lo outro tanto...

Assim, raríssimas pessoas, quando em gozo de sua plena saúde, conseguem se imaginar morrendo ou perdendo alguém muito querido. É o tipo de pensamento que rejeitamos sempre, consciente ou inconscientemente. Mesmo aqueles que possuem absoluta certeza de sua salvação, via de regra não consideram tal possibilidade ou realidade. Daí porque a morte é sempre recebida com muita surpresa, revolta e decepção.

Talvez você possa estar pensando assim: “Isso pode ser classificado como o avesso da vida, ou o aquilo que caracteriza o que é anormal, que foge ao cotidiano da maioria das pessoas”. Não quero dizer que devamos desejar um trauma semelhante para, então, nos aproximar de Deus com mais intensidade. Mas, sem dúvida, precisamos ansiar e buscar ardentemente essa aproximação de Deus através da oração. Buscar com intensidade o nosso Pai que está no céu, com reverência e santo temor. Buscá-Lo como se a morte estivesse diante de nós a um minuto.

Certamente, seríamos melhores crentes, melhores pastores, maridos, esposas, pais, mães e filhos; se cada um de nós fôssemos impactados com semelhantes experiências. Depois de experimentarmos o sentimento marcante de um encontro real com Deus, no limiar entre a vida e a morte, jamais seremos os mesmos. Fico imaginando como seriam os sermões pregados após tais experiências!

Pela graça de Deus somos, algumas vezes, poupados de tais sofrimentos. E essa graça envolve até mesmo a morte. Para que alguns não experimentem tais aflições, Deus os leva antes que o mal aconteça. Veja o que nos diz o Senhor: “Perece o justo, e não há quem se impressione com isso; e os homens piedosos são arrebatados sem que alguém considere nesse fato; pois o justo é levado antes que venha o mal e entra na paz; descansam no seu leito os que andam em retidão”.[1]


Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Is 57.1-2

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