Certa feita um garoto, de cerca de 12 anos, procurou-me a fim de dizer que  não queria mais frequentar a igreja. E acrescentou alguns dos motivos que os levou a tomar tal decisão.  Então lhe perguntei:
_ Você não quer mais  servir e obedecer ao Senhor Jesus, através da igreja dEle, por causa disso?
_ É, mais ou menos... Talvez –  titubeou ele.
Então acrescentei:
_ Vá para casa e escreva com calma e  bem detalhadamente  as suas razões para tal atitude.  Depois, guarde em sua mente e coração todos esses motivos para apresentá-los diante de Deus quando você morrer.
Ele despediu-se e ficou umas duas ou três semanas ausente. Ao voltar, procurou-me, e foi logo dizendo:
_ Pastor, esquece aquela nossa conversa. Voltei para  ficar!
Espero que aquele menino ainda esteja  vivo e servindo ao Senhor com alegria.
Constantemente encontramos pessoas que, por um motivo qualquer (normalmente por coisas banais), depois de passarem vários anos no convívio cristão, de repente abandonam o evangelho e a igreja do Senhor para nunca mais voltar.  Alguns por não terem mais tempo para fazê-lo, por serem surpreendidos pela morte prematura. Outros, devido ao envolvimento comprometedor com o mundo e  o pecado. Porém, quer queiramos ou não, todos nós  haveremos de comparecer  diante do Tribunal de divino.[1]
Então, Aquele que conhece os segredos do coração haverá de julgar as nossas motivações  secretas. Contudo, Jesus nos diz, segundo Lucas, que haverá  uma certa gradação, ou avaliação, correspondente  aos castigos aplicados. Depois de ilustrar Sua palavra com uma parábola, Jesus concluiu Seu ensino fazendo a devida aplicação espiritual com estas palavras: “Mas àquele a quem muito  foi dado,  muito lhe será  exigido; e àquele a quem muito  se confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12.48b).
Mateus[2] registra uma palavra dura do Senhor Jesus às cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum, dizendo que, se  em Tiro e Sidon fossem realizados  milagres semelhantes aos que  foram operados  em Corazim e Betsaida “há muito que elas (as pessoas daquelas  cidades) se teriam arrependido...” (Mt 11.22).
Depois Jesus se referiu à cidade de Cafarnaum, dizendo: “Se em  Sodoma se realizassem os milagres que em ti  se realizaram, ela teria permanecido até hoje. Contudo, eu te digo que, no dia do juízo,  haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti” (Mt 11.23-24).
Ou seja, as pessoas dessas cidades haviam presenciado o poder e majestade divina de uma forma exuberante e bem mais intensa do que as demais cidades mencionadas, onde houve a aplicação do castigo divino, apesar das poucas oportunidades que tiveram para  arrependimento. Daí porque as pessoas das cidades agraciadas com muitas oportunidades, as que mais receberam, mais  seriam cobradas. Haverá maior  rigor para os  que mais receberam.  Lucas menciona as palavras de Jesus dessa forma:  Àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12.48).
Portanto, quanto mais conhecemos a Palavra de Deus, Seus ensinos e vontade... Quanto mais  experimentamos as bênçãos celestiais e a manifestação de Seu poder e graça, mais responsabilidade temos para  com  Ele. Por isto, a Bíblia enfatiza: “Se continuarmos  intencionalmente no pecado, depois de receber o pleno conhecimento da verdade, já não resta  mais sacrifício pelos pecados, mas uma  terrível  expectativa de juízo  e um fogo ardente que destruirá os adversários.
Quando alguém rejeita a lei de Moisés, morre sem misericórdia pela palavra de duas  ou três testemunhas. Imaginai quanto maior castigo merecerá quem insultou o Filho de Deus e tratou como profano o sangue da aliança pelo qual foi santificado e afrontou o Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu retribuirei. E outra  vez: O Senhor julgará o seu povo.  Coisa terrível é cair nas mãos do Deus vivo!” ([3]). E ainda:  “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tg 4.17).
Esses textos já dizem tudo. Porém, talvez alguém pense que, sendo assim, não quer  conhecer mais nada para não se comprometer ainda mais. Para esse tipo de pessoa, Deus diz: “Tais homens são  indesculpáveis”, porque “o que  de Deus se pode conhecer é manifesto  entre eles, porque Deus lhes manifestou... Sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Rm 1.18-21).
Portanto, não  há desculpa  para o pecador rejeitar a Deus; e um dia todos  haveremos de comparecer diante dEle para prestarmos contas do que fizemos das  oportunidades que Ele nos concedeu para servi-Lo, adorá-Lo e bendizê-Lo. Pense nisto enquanto é tempo!
  
Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Rm 14.10; 2Co 5.10
[2] Mt 11.20-24
[3] Hb 10.26-31 (Almeida Século 21)
Nenhum comentário:
Postar um comentário