sexta-feira, 25 de junho de 2010

A ELE OUVI

A visão foi marcante para todos quantos tiveram o privilégio de participar. Os discípulos de Jesus estavam perplexos, atônitos, sem palavras. Imagine uma grande tela cinematográfica, ou um grande palco iluminado e ornamentado como se, de repente, o céu se manifestasse ali magnificamente encenado. No palco se apresentavam os astros, Moisés, Elias e Jesus.

Iluminação, figurino, som e imagem, tudo de primeira qualidade; perfeito. Visibilidade e acústica da mais alta qualidade. Tudo divinamente elaborado. O drama futurista ia sendo encenado, desenvolvido através da fala de seus atores, os quais interpretavam seus próprios personagens e sua própria história de vida. A cena se desenvolve com os personagens se identificando pela forma em que se apresentam e pelo conteúdo daquilo que falam.

Os espectadores estão eletrizados, completamente extasiados e maravilhados com o que presenciam. Havia no coração de cada um, sem dúvida alguma, o desejo de perpetuar, prolongar ao infinito aquela fantástica experiência. Eles queriam retratar, reproduzir fielmente cada detalhe, cada palavra e cada emoção ali experimentada. Mas não havia uma filmadora, algum meio eficaz e suficiente para poder reter aquela inesquecível visão, senão a memória visual e sensitiva de cada um ali presente.

Pedro, o mais afoito, não se conteve e atreveu-se a interagir com o principal personagem daquela apresentação (epifania) divina, celestial. Ele queria prolongar, e, quem sabe perpetuar aquele momento. Não queria perder tão sublime oportunidade, como não pensava em retornar à rotina de seu exaustivo trabalho ao lado de seu iluminado Mestre.

Naquele momento todos experimentavam o gozo celestial; o ambiente e as condições com as quais sonhavam participar... Não, eles não poderiam deixar escapar a oportunidade de se deleitar com tal glória. Mas eis que, no auge do seu excitamento emocional e espiritual, fecham-se as cortinas, as luzes do palco se apagam, a escuridão toma conta do ambiente até então divinamente iluminado, principalmente pelo visual dos personagens presentes no palco.

A repentina mudança do cenário causa uma profunda emoção contrária à que estavam experimentando. O medo, o pânico, a dúvida, insegurança e confusão tomam conta dos corações daqueles frágeis espectadores.

Ninguém mais consegue falar, todos se emudecem, até mesmo o grande falante, Pedro. Todos estão atentos ao que há de ser pronunciado em meio às densas trevas provocadas pelas nuvens espessas. E eis que uma voz estrondosa, poderosa e clara se fez ouvir: "Este é o meu Filho, o meu eleito, a Ele ouvi"!

Ou seja, diante de vocês está quem é digno de toda honra, toda atenção, toda reverência. Isto significa mais do que simplesmente escutar atenciosamente. É assimilar o que foi dito, procurar obedecer incondicionalmente. É dar-lhe todo crédito. É estar com toda a sensibilidade aguçada para captar "todo o conselho de Deus". É estar completamente disposto e submisso a seguir na íntegra todo o ensinamento proferido por Ele, sem a presunção e pretensão de querer acrescentar, alterar ou ajustar Suas palavras aos nossos interesses pessoais, particulares. É aceitar Suas correções, exortações e ensinos, mesmo que tenhamos de pagar um alto preço para suportar e digerir tais orientações.

“A Ele ouvi”, implica, portanto, numa entrega absoluta, completa, confiando na direção que Ele está propondo. É interagir com o Senhor nos momentos de penumbra, de aflição e de nuvens espessas. É viver sob o controle de Espírito Santo, cheio, ou na plenitude do Espírito. É viver inteiramente devotado, consagrado à glória de Deus. É não temer o sofrimento, as críticas, perseguições ou as sombras da morte, sabendo que “já não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Que o Filho de Deus está tão afinado comigo e eu com Ele, que é Ele quem reage, quem responde por mim.

Não tenho mais porque me preocupar comigo mesmo, porque Ele cuida de mim. Minha vida é a vida dEle aqui reproduzida, não sou mais eu, sou Ele! Não ouso mais me orgulhar dizendo: "Eu sou mais eu!"; porque agora eu não sou EU, sou dEle e por Ele. Ele domina todo o meu ser. Então agora tenho a mente de Cristo, Ele habita em mim, vive em mim. E se vive em mim, meu corpo, meu coração e minha mente pertencem a Ele de fato e de direito. Ele está no controle absoluto de minha vontade, está em mim e eu nEle. Portanto, sou apenas um instrumento para ser usado livremente por Ele e para Ele, o tempo todo e para sempre. Minha oração é que possamos, a cada dia, reafirmarmos essa declaração de fé. Amém.


Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

Nenhum comentário: