A visão foi marcante para todos quantos tiveram o privilégio de  participar.  Os discípulos de Jesus estavam perplexos, atônitos, sem palavras. Imagine  uma grande tela cinematográfica, ou um  grande palco iluminado e ornamentado  como se, de repente,  o céu  se manifestasse ali magnificamente encenado. No palco se apresentavam os astros, Moisés, Elias e Jesus.
Iluminação, figurino, som e imagem, tudo de primeira qualidade; perfeito.  Visibilidade e acústica da mais alta qualidade. Tudo divinamente elaborado. O drama futurista ia sendo encenado, desenvolvido através da fala de seus atores, os quais interpretavam  seus próprios personagens e sua própria  história de vida. A cena se desenvolve com os personagens se identificando pela  forma  em que se apresentam e pelo conteúdo  daquilo que falam.
Os espectadores estão eletrizados, completamente extasiados e maravilhados com o que  presenciam. Havia no coração de cada um, sem dúvida alguma, o desejo  de perpetuar, prolongar ao infinito aquela  fantástica experiência. Eles queriam retratar, reproduzir fielmente cada detalhe, cada palavra e cada emoção ali experimentada. Mas não havia   uma  filmadora, algum meio eficaz e suficiente  para poder reter aquela inesquecível visão, senão a memória  visual e sensitiva de cada um ali presente.     
  
Pedro, o mais afoito, não se conteve e atreveu-se a interagir com o principal personagem  daquela apresentação (epifania) divina, celestial. Ele queria prolongar, e, quem sabe perpetuar aquele momento. Não queria perder tão sublime oportunidade, como não pensava em retornar à rotina de seu exaustivo trabalho ao lado de seu iluminado Mestre.
Naquele momento todos experimentavam o gozo celestial; o ambiente e as condições  com as quais sonhavam participar... Não, eles não poderiam deixar escapar a oportunidade de se deleitar com tal glória. Mas eis que, no auge  do seu excitamento emocional e espiritual, fecham-se as cortinas, as luzes do palco se apagam, a escuridão toma conta do ambiente até então divinamente iluminado, principalmente pelo visual dos personagens  presentes no palco.
 A repentina mudança do cenário causa  uma profunda emoção contrária à que estavam  experimentando. O medo, o pânico, a dúvida, insegurança e confusão  tomam conta dos corações daqueles frágeis espectadores.
Ninguém mais consegue falar, todos se emudecem, até mesmo o grande falante, Pedro. Todos estão atentos ao que há de ser pronunciado em meio às densas trevas provocadas pelas  nuvens espessas. E eis que uma voz estrondosa, poderosa e clara se fez ouvir: "Este é  o meu Filho, o meu eleito, a Ele ouvi"!
Ou seja, diante  de vocês  está  quem é digno de toda honra, toda atenção, toda reverência. Isto significa mais do que simplesmente escutar atenciosamente. É assimilar o que  foi dito, procurar obedecer incondicionalmente. É dar-lhe  todo crédito. É estar com toda a sensibilidade aguçada para captar "todo o conselho de Deus". É estar completamente disposto e submisso a seguir na íntegra todo o ensinamento  proferido  por Ele, sem a presunção e pretensão  de querer acrescentar, alterar ou ajustar  Suas  palavras aos  nossos interesses pessoais, particulares. É aceitar Suas correções, exortações e ensinos, mesmo  que tenhamos  de  pagar um alto preço para suportar e digerir  tais orientações.
“A Ele ouvi”, implica, portanto,  numa entrega absoluta, completa, confiando  na direção que Ele está  propondo. É interagir com o Senhor nos momentos de penumbra, de aflição e de nuvens espessas. É viver sob o controle de Espírito Santo, cheio, ou na plenitude do Espírito. É viver  inteiramente devotado, consagrado à glória de Deus. É não temer  o sofrimento, as críticas, perseguições  ou as sombras da morte, sabendo que “já não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Que o Filho de Deus está tão afinado comigo e eu com Ele, que é Ele quem reage, quem responde por mim.
Não tenho mais  porque me preocupar comigo mesmo, porque Ele cuida de mim. Minha vida  é a vida dEle aqui reproduzida, não sou  mais eu, sou Ele! Não ouso mais me orgulhar dizendo: "Eu sou mais eu!"; porque  agora eu  não sou EU, sou dEle e por Ele. Ele domina  todo o meu ser. Então agora tenho a mente de  Cristo, Ele habita em mim, vive em mim. E se  vive em mim, meu corpo, meu coração e minha mente  pertencem a Ele de fato e de direito. Ele está no controle absoluto de minha vontade, está em mim e eu nEle. Portanto, sou apenas um instrumento para  ser usado livremente por Ele e para Ele, o tempo todo e para sempre. Minha oração é que possamos, a cada dia, reafirmarmos essa declaração de fé. Amém.
Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário