sábado, 28 de maio de 2011

PRIMEIRO, DEUS

Os Evangelhos registram a história da mulher que ungiu o Senhor Jesus com um “precioso bálsamo”, demonstrando as marcas da verdadeira e melhor adoração ao Senhor Jesus: Portanto, pensemos em algumas preciosas lições que os texto nos sugerem.

Em primeiro lugar, ela demonstrou que amava a Deus sobre todas as coisas, procurando agradá-Lo em primeiro lugar; buscou primeiro o reino de Deus e Sua justiça, como o próprio Senhor havia ensinado (Mt 6.33).

No Antigo Testamento temos um excelente exemplo de como Deus requer de cada um de nós o primeiro lugar, através da vida de Abraão: “Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei” (Gn 22.1-19).

Primeiramente Deus mostrou-lhe o lugar em que Isaque ocupava no coração de Abraão: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque a quem amas...” É o que precisamos fazer, antes de qualquer coisa. Ou seja, precisamos, primeiramente, localizar devidamente, entender com clareza quem ou o que está ocupando o centro de nossa vida, o centro de nossa atenção e afeto. Precisamos, ainda, atentar para a grande importância que estamos atribuindo, conscientes ou não, a essa pessoa ou coisa. Veja, “teu filho, teu único filho, Isaque a quem amas...”. Ou seja, Isaque era o único filho a quem Abraão de fato amava, embora ele possuísse outro filho, Ismael, de Agar;[1] e haveria de gerar mais seis filhos de Quetura (Gn 25.1-2). Porém, o filho do seu coração a quem ele amava realmente era Isaque, a quem deu tudo o que possuía por herança (Gn 25.5).
Primeiramente Deus fez com que Abraão se conscientizasse da real situação de seu coração; que ele pensasse na centralidade de suas emoções, no fato de que havia alguém (Isaque) ocupando o centro de sua vida, o qual pertencia a Ele, o Senhor. E isso é idolatria. Qualquer coisa ou pessoa que ocupe o centro de nossa atenção, a prioridade de nossa vida que não seja o Senhor, constitui-se em idolatria. Por isto, Paulo fala da avareza como idolatria (Cl 3.5).

Quando Abraão obedeceu ao Senhor, o sacrifício foi aceito, e Deus devolveu-lhe Isaque, são e salvo. Agora, porém, em seu devido lugar no coração de Abraão, o segundo; porque Deus havia assumido o trono no coração de Abraão; assim também ocorre conosco. Precisamos atentar para esse fato, não podemos exigir de nós mesmos, e muito menos dos outros, que abandonemos algum sentimento, alguma coisa preciosa, sem apresentarmos algo a ser feito para suprir a ausência de quem se foi. Deus mostra isso em Sua Palavra de forma muito clara, e o faz da mesma forma em nossa vida diária. Ele sabe que não temos condições de mudar o nosso coração por nós mesmos, por isso Ele nos ensina como proceder para que a mudança seja efetivada. E isto implica em obediência e atenção para com as Suas determinações.
Mas a questão continua, ainda que tenhamos localizado, constatado que algo, ou alguém, está centralizado no trono de nosso coração, a dificuldade é como retirá-lo de lá, como destroná-lo?!

Na verdade, ninguém consegue tirar um sentimento do coração, seja de amor ou de ódio, simplesmente exercendo a sua vontade, seu livre arbítrio. Não temos o controle de nosso coração dessa forma, como se fora algo perceptível, algo que pudéssemos mudar com um simples toque ou ação. É Deus quem nos dá o arrependimento, a fé, o entendimento, a conversão a Ele – tudo vem do Senhor. Então vejamos como Deus nos ensina a fazer essa mudança de prioridades. Depois de destacar para Abraão a posição de centralidade ocupada por Isaque em seu coração, Deus lhe disse como proceder para mudar essa condição: "Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar " (Gn 22.2).

Ou seja, olhe para mim e vai! Comesse a agir em obediência à minha palavra, segundo a minha vontade. Deixe de olhar para as circunstâncias ou para Isaque e olhe para mim. Obedeça-me em tudo e em todo o tempo! Paulo, de igual forma, escreveu assim para os colossenses: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena...” (Cl 3.5). Mas ele não pára no aspecto negativo, ele nos mostra como fazê-lo.[2]

Paulo vai intercalando aquilo que é abominável ao cristão, e que precisa ser eliminado de seu comportamento, de seu modo de viver; mas vai mostrando e destacando o que deve ser feito no lugar daquilo que deve ser deixado de lado. Jamais ele fala para se eliminar um comportamento ou sentimento sem apresentar o lado positivo e como fazê-lo. Ou seja, ele não diz só o “não faça isso ou aquilo” sem acrescentar o “faça, antes, assim e assim”.

Quando escrevi estas linhas, meu primeiro neto estava para nascer. Não preciso, e nem conseguiria descrever a emoção de nosso coração. Entretanto, orei frequentemente para que o Senhor não permita que Samuel ocupe o primeiro lugar no meu coração e nos corações dos demais familiares, principalmente dos pais, Rubens e Vanice.
Não precisamos amar menos nem fingir que não amamos aquela criança, ou a qualquer outra pessoa; mas, que o nosso amor pelo Senhor precisa ir além do amor de uns para com os outros familiares ou amigos preciosos. Não sei como distinguir esses sentimentos, mas ainda assim oro para que Deus aumente cada vez mais meu amor por Ele, a fim de que meu amor pelas pessoas seja um reflexo autêntico de meu amor por Ele, e não o contrário. Mas, confesso que isso não é muito fácil para a minha compreensão, embora expresse esse desejo ao Senhor em oração.
Qualquer coisa ou pessoa que ocupe o primeiro lugar em nova vida constitui-se em idolatria, porquanto ocupa o lugar de Deus em nosso coração, e a glória pertence ao Senhor somente. Ele não divide a Sua glória com ninguém.


Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Gn 16.15, 16
[2] Cl 3.12-17; Ef 4.17-32; 5.1-21

Nenhum comentário: