sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O PASTOR E A POLÍTICA

Amado irmão,

Muitos nos perguntam e querem ouvir a nossa opinião a respeito da participação ativa do pastor e de sua igreja na política partidária. Por outro lado, sentimos mesmo a necessidade de estarmos expressando a nossa posição a respeito do assunto. Estamos em um ano político, portanto a ocasião é oportuna.
Abaixo colocamos algumas ideias para sua consideração e avaliação.


1. Visão da MCM
A MCM não é e não age no relacionamento com as igrejas como uma denominação. Respeitamos a posição de cada pastor e de cada ministério e de forma nenhuma pretendemos interferir seja no governo e na administração da igreja. Portanto, se o pastor deseja ou entende que deve participar ativamente da vida político-partidária, tem o direito de fazer isso, não vamos interferir, nem temos poder pra isso. Essa é a posição oficial da MCM: não interferência e respeito pela posição de cada um. Que isso fique absolutamente claro.


2. Gostaríamos, todos nós gostaríamos, que aqueles que ocupam cargos públicos, seja no governo municipal, estadual ou federal, seja no judiciário, que todos ou que pelo menos a maioria fossem cristãos sinceros e de caráter inatacável. Isso mudaria radicalmente a história da nossa nação em poucos anos.
Sei que muitos pastores participam da política com um coração sincero e desejando que a nossa nação seja transformada sob o governo de homens íntegros. Sei que líderes evangélicos importantes no Brasil pregam a participação ativa da igreja na política partidária na esperança de que através de homens cristãos íntegros nossa nação possa ser transformada.
É um sonho.
É bom sonhar e é preciso sonhar.


3. Tenho convicção de que Deus tem levantado no Brasil cristãos íntegros que têm se envolvido com a vida político-partidária, e que tem sido sal e luz nas câmaras municipais, nas prefeituras, nas assembleias legislativas e até no Congresso Nacional. Josés e danieis têm sido levantados pelo Senhor através da história.


4. Ultimamente, tenho estudado bastante sobre a Igreja Primitiva, especialmente aquela descrita no livro de Atos e a igreja existente nos primeiros séculos do cristianismo. Essa igreja nunca se preocupou com o governo político da cidade ou da nação. Certa vez, queriam fazer de Jesus um libertador político, Ele não aceitou.
Irmão, penso que há um padrão de igreja, que é a igreja neotestamentária ao qual devemos nos ater. É maravilhoso sonhar com uma nação sem corrupção, governada por homens justos e retos, todavia, isso não é tão simples como poderia parecer.


5. Para que um pastor seja eleito, é necessário que ele pertença a algum partido, ao qual ele deve aderir seguindo a programação desse partido. Amanhã, alianças partidárias serão feitas, projetos serão propostos. Tudo isso é muito complexo, e a experiência nos mostra que é muito difícil, em todo esse processo, nunca mentir e nunca se corromper. Um deputado estadual ou federal, por exemplo, dentro do sistema partidário de hoje, não é independente.


6. A história nos mostra que toda vez que a igreja, como entidade espiritual, como Corpo de Cristo, se envolveu com o governo temporal, ela se corrompeu e se esqueceu do propósito mais importante para o qual Deus a constituiu. Até o final do século III, a igreja do Senhor na terra caminhou sem se corromper, embora com muitas lutas e até alguns desvios. Entretanto, no início do século IV, a igreja começou a se envolver com o Estado e daí em diante foi paulatinamente, se desviando de seus propósitos originais, o pecado começou a entrar fortemente e a igreja deixou de exercer principal que é o de levar o Nome de nosso Senhor Jesus até os povos não alcançados.
Nos três primeiros séculos, a Igreja do Senhor era muito simples, se reunindo especialmente nos lares, vivendo com muita simplicidade; a igreja era dirigida por anciãos, que nem sempre eram propriamente pastores conforme entendemos hoje, e assim ela crescia num processo de multiplicação. No final do terceiro século, 50% da população do império romano havia se tornado cristã; hoje, a população cristã da terra não passa de 7%.


7. Creio que Deus chama alguns pastores para participarem da política partidária. Pode ser o seu caso. No entanto, se você se candidatou ou se você participa ativamente desse sistema de política, eu peço que pense muito bem e busque, no seu coração e através de muitos conselheiros, a certeza de que Deus realmente falou com você. Respeitamos sua posição caso você entenda que deve participar da política partidária, no entanto aqui ficam essas considerações para sua avaliação diante de Deus. Não somos juízes de ninguém, mas por outro lado não é de nossa natureza esconder o que pensamos.


8. Um dia, compareceremos perante o Tribunal de Cristo onde prestaremos contas ao Senhor não pelo que nós decidimos fazer, mas pelo que Ele nos mandou fazer em sua Palavra. Eu não consigo encontrar nem na igreja de Atos, nem na igreja Primitiva pastores se envolvendo com a política partidária.
Pense nisso.
José nunca se candidatou ao governo do Egito, Mardoqueu nunca se candidatou para se tornar primeiro-ministro da Pérsia. Daniel nunca se candidatou a se tornar o primeiro-ministro da Babilônia. Deus, na sua soberania, os escolheu. E assim tem sido até hoje. Há homens e mulheres de Deus que Ele escolhe nos dias atuais para o governo.
A decisão é sua.

A minha decisão, eu já tomei.
Lutarei até o último momento, até que eu não tenha nenhuma força mais, gastarei todas as minhas emoções e energias, falarei disso em todo o tempo e em todo lugar para dizer à igreja brasileira que juntos precisamos levar o Nome Precioso do Senhor Jesus a ser conhecido e temido até os confins da terra. E vou gritar a plenos pulmões sempre que perceber ou mesmo desconfiar que alguma ação ou atitude da igreja não esteja sendo dirigida nessa direção.
Por favor, tenham paciência comigo.

José Rodrigues

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