sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O QUE FARIA JESUS DIANTE DO EVANGELICALISMO BRASILEIRO?

Uma das maiores tragédias do evangelicalismo moderno é que milhares de pessoas acreditam ser salvas quando não o são. No afã de ver resultados numéricos no seio da igreja, tem-se pregado que para receber o perdão de Deus basta fazer uma oraçãozinha e aceitá-Lo em seu coração. Desta forma, incontáveis pessoas "aceitam" o Senhor Jesus em seus corações e continuam a viver como o diabo, sem evidência nenhuma de que a redenção realmente ocorreu – e, de fato, realmente não ocorreu.

A primeira razão é muito simples: este ensinamento não pode ser encontrado em lugar nenhum das Escrituras, ou seja, não é algo bíblico. A salvação é fruto da vontade soberana de Deus de redimir o indivíduo, gerando nele o arrependimento e a fé necessários para que Ele mesmo despeje sobre o pecador a Sua graça.

Em segundo lugar, a salvação é necessariamente seguida de uma mudança nas inclinações do coração: se quando perdido a sua tendência natural era buscar a satisfação de sua carne através de toda sorte de prática pecaminosa, agora o seu coração é inclinado à bondade e a fazer a vontade de Deus. O redimido passa a amar o que Deus ama e detestar aquilo que o Senhor detesta. A questão não é ter que deixar de fazer algo por ter se tornado cristão, mas, tendo sido convertido por Deus, não ter mais prazer nenhum nas práticas que outrora lhe atraíam tanto. Esta é uma das razões para desconfiarmos de certos artistas famosos que professam o Senhor Jesus, mas continuam a desempenhar as mesmas atividades ("profissionais" e pessoais) imundas que anteriormente.
Vale ressaltar que, após ser salvo o indivíduo não se torna perfeito e fica invulnerável ao pecado. Um cristão autêntico peca sim. Seja de maneira patente e identificável a olho nu, seja sutilmente em seus pensamentos e motivações. Contudo, o pecado não se dá da mesma maneira: o perdido se atira no lamaçal do pecado e nele se deleita; o salvo cai em pecado, sofre por ter ofendido a Deus e luta contra sua pecaminosidade.

Na prática do evangelismo é muito comum encontrarmos pessoas que se declaram cristãs, mas levam uma vida totalmente destituída de Deus. Nesses casos, não podemos cair na besteira de dizer que está tudo bem e que “Deus ama a todos e tem um plano maravilhoso para sua vida.” Esse não é o momento para paz e graça, mas para confronto e lei. É o momento de glorificar a Deus confrontando o indivíduo com a verdade:

Infelizmente temos visto igrejas e lideres preocupados na superlotação na quantidade fazendo projetos e mas projetos, campanhas e mas campanhas cujo no meu ponto de vista o resultado é mas um erro para igreja, não que eu seja contra aos projetos ou campanhas, mas tudo tem que ter a bíblia como centro de tudo, pregam a palavra de Deus como algo robótico, quando realmente a pregação é expositiva ( 50 minutos de pregação ou mas) quando o louvor é de apenas 10 ou 15 minutos, notamos que as igrejas ficam vazias, triste ver jovens indo para as igrejas somente se tiver musicas agitadas, danças, e muitas palmas, triste ver lideres de louvor achando-se como o centro de tudo quando vai a frente com sua “equipe de louvor” mostrando somente que ele é o centro – você já parou para analisar como lideres tem fechado os olhos e o púlpito das igrejas tem ficado de lado? Lideres colocando os instrumentos musicais no centro do templo? Dando o entendimento de que a musica é o primeiro lugar .

A religião tem experimentado grandes mudanças pelo menos nos últimos cem anos. E esse cenário religioso nos faz repensar o que faria Jesus em resposta ao retrato evangélico contemporâneo. Como Ele reagiria ao “mundo” gospel de opiniões representadas em revistas cristãs e em eventos de “avivamento espiritual”? E quanto à mega moda do evangelicalismo brasileiro com um cristianismo alternativo e adaptável? O que faria Jesus diante dos movimentos emergentes nas últimas décadas? Ele teria de aprovar aqueles que, confrontados com uma multiplicidade de contradições e novidades doutrinárias, insistem em dizer o que vale é a aceitação e o crescimento de adeptos ao cristianismo popular? Jesus era conveniente e brando com esse tipo de pensamento? O que Jesus fez? Como Ele lidava com os falsos mestres, hipócritas religiosos e questionáveis teólogos de seu tempo? Ele favoreceu a aproximação de um diálogo amigável ou Cristo de fato adotou uma postura militante contra qualquer forma de religião falsa?

Estou convencido de que qualquer pessoa, mesmo que superficialmente familiarizada com os relatos evangélicos, deveria saber a resposta a essa pergunta, porque não há falta de dados sobre o assunto. A interação de Jesus com os escribas, fariseus e hipócritas de sua cultura estava cheia de conflitos desde o início do Seu ministério terrestre até o fim. Às vezes, os fariseus provocavam o conflito, mas freqüentemente do que não, Jesus o fez. Hostil não é uma palavra muito forte para descrever a sua atitude para com o sistema religioso que representavam e que ficou evidente em todas as suas relações com eles.

Jesus nunca olhou os hipócritas profissionais ou falsos mestres de bom grado. Ele nunca se esquivou de conflito. Ele nunca suavizou sua mensagem para agradar aos seus ouvintes de plantão. Ele nunca diluiu a verdade a fim de acomodar de modo artificial às pessoas de sua época. Ele nunca se curvou diante dos estudiosos errantes ou fez homenagens às suas instituições. E ele nunca, absolutamente, tratou a distinção fundamental entre a verdade e o erro como uma questão meramente acadêmica. Creio que essa foi a postura de Cristo.

Portanto, creio que não podemos nos conformar com a religião de nosso tempo. Uma cristandade com homens falsos, trapaceiros e astutos enganando a muitos com suas simulações e desonestidades, ensinando uma doutrina doente e que na verdade não passam de pessoas que deliberadamente atendem aos seus próprios interesses; noutro lado, crentes instáveis, enredados por qualquer novidade, em busca de coisas prontas, promessas antibíblicas e evasivas, agitação, homens e mulheres que não pensam e que não examinam as Escrituras, como os bereanos em Atos 17:11 que liam a Palavra para conferir se o que ouviam eram de fato os ensinos das Sagradas Escrituras. O cristão puritano Richard Baxter considerava essa postura bereana de vital importância na vida das pessoas:

“Se você não quer que a obra da sua conversão venha a ser abortada, uma vez entendido o que lhe é oferecido, 'examine as Escrituras todos os dias para ver se as coisas são de fato assim ou não' (At 17:11)
Assim fizeram os Bereanos, e o texto 'diz que por causa disso creram' (At 17:12). Nós não queremos enganá-lo, por isso não queremos que você aceite qualquer coisa que dissermos, mas aquilo que pudermos provar pela palavra de Deus ser realmente verdade. Não desejamos guiá-lo nas trevas, mas, pela luz do evangelho, queremos retirá-lo das trevas. Assim sendo, não recusamos submeter toda a nossa doutrina a um teste justo. Embora não desejemos que você se torne culpado por desconfiar de nós injustamente, ainda assim, não desejamos que aceite este ensinos importantes e preciosos, confiado meramente nas nossas palavras; porque neste caso, a sua fé seria colocada no homem; e, então seria de admirar que viesse a ser fraca, ineficaz, e facilmente abalada.

Você pode confiar em um homem hoje e não mais confiar amanhã; um homem pode merecer o maior crédito de você este ano, mas no ano seguinte pode ser que outro homem, com pensamentos contrários, venha a merecer mais crédito aos seus olhos. Assim, não queremos que acredite em nós mais do que o suficiente para conduzi-lo a Deus, e para que o ajudemos a entender aquelas palavras nas quais você precisa crer.

O nosso desejo, portanto, consiste em que você examine as Escrituras, e teste se as coisas que lhe dizemos são verdadeiras. A nossa palavra nunca alcançará o seu propósito em você, até que veja e ouça a Deus nelas, e compreenda que é Ele, e não apenas homens, quem está lhe falando”
Caro leitor, não podemos negociar a verdade e nos comprometer com esses traiçoeiros e atraentes pregadores que dizem que estão falando da parte de Deus e na verdade estão dizendo mentiras e um evangelho distorcido e adaptado aos interesses das pessoas; e devemos lutar contra essa vergonha toda como se fosse lutar contra a própria peste na terra. Portanto, não se desvie por algum ensino pérfido que se mascara com o nome de cristianismo, no entanto, não passa de fraude e estratagema do próprio satanás.

Fuja dessas perigosas e falsas doutrinas e seja um cristão bereano, maduro, com discernimento espiritual para combater essas idéias filosóficas existencialistas e humanistas que ferem diretamente aos princípios fundamentais da nossa fé.
Deus tenha Misericórdia deste povo.

Alexandre Valle

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