“Quer ouçam, quer deixem de ouvir, hão de saber que  esteve no meio deles um profeta!” 
Ezequiel teria diante de si um tremendo desafio: transmitir a mensagem  a um povo duro de coração. Assim, pois, a Palavra seria dirigida a um povo de DURO SEMBLANTE – atitude de deboche, descarada, atrevida, de quem não respeita as coisas sagradas. Foi a atitude do povo no tempo de Noé, criticando, zombando das palavras  proféticas da graça de Deus em conceder-lhes a salvação, através do arrependimento e aceitação  de Sua oferta de amor.
Ezequiel dirigiu sua mensagem a um povo de obstinado coração –  é aquela teimosa vontade que não cede, que se recusa deliberadamente a arrepender-se, voltar atrás em suas atitudes, mesmo quando reconhece  sua culpa e pecados. Tanto o profeta, como o sacerdote, precisavam ter  certeza, confiança, de que a Palavra de Deus, além de autêntica, era completa, íntegra:    “Mas tu, ó filho do homem, ouve o que te digo; não sejas rebelde como a casa rebelde; abre a tua boca, e come o que eu te dou. E quando olhei, eis  que u’a mão se estendia  para mim, e eis que nela estava um rolo de livro. E abriu-o diante de mim; e o rolo estava escrito por dentro e por fora; e nele se achavam escritas lamentações, e suspiros e ais”.[1]
 Por dentro e por fora...  Não havia nada a ser  acrescentado, nada faltava para completá-la. Não havia  possibilidade de se omitir alguma coisa que ali estava escrito. Nem havia a possibilidade de se  acrescentar  opiniões pessoais. Era apenas e   tão somente a Palavra do Senhor (Suficiência da Palavra) que deveria ser transmitida na sua integridade.
“Quer ouçam, quer deixem de ouvir, hão de saber que  esteve no meio deles um profeta!”  Sobre  esta questão eles não poderiam ter dúvidas. A integridade da mensagem  precisava ser correspondida com a   integridade  do profeta que haveria de  proferi-la.  Assim, Ezequiel tanto era um representante do Deus vivo, com sua mensagem profética, como, também, exercia, de certa forma,  a função sacerdotal, procurando conduzir o povo  ao conhecimento do Senhor. Quanta diferença do que se ouve de alguns profetas nos dias atuais! 
Recentemente ouvi alguém se referir ao seu pastor  de uma forma  que  chamou  minha atenção:  PP (profissional do púlpito). Segundo aquele irmão, o referido pastor é apenas um profissional que sabe articular bem as palavras e manipular com os textos sagrados. Não se importando com nada mais do que cumprir suas obrigações  “pastorais” dentro do organograma oficial...   Mas o povo, segundo ele, não está recebendo a Palavra de Deus na  integridade e fidelidade  que lhe é devida. Falta-lhe o temor e reverência para com o sagrado. 
Está faltando  integridade de caráter  ao profeta que Deus  permitiu exercer determinado ministério,  por algum tempo. Integridade  que nos será cobrada no devido tempo de Deus. Falta-nos o reconhecimento da  doutrina da graça, e o reconhecimento de nossa  real condição de servos, humanos, frágeis. E, se servos, escravos, limitados, falhos, sem quaisquer direitos e capacitações pessoais, próprias; tudo o que temos e somos vem   do Senhor.  Ezequiel precisava saber que a sua palavra não seria bem recebida.
Portanto,  não precisava alimentar o sonho de ser um profeta popular, de atrair multidões... Sua mensagem provocaria revolta, descaso e fuga. Ainda assim, não  poderia deixar de entregar os oráculos divinos, com precisão, com integridade absoluta. Como  o Senhor Jesus quando proferia Sua mensagem   explicando  Sua missão e obra aos Seus discípulos.  Apesar do amor e boa vontade do Senhor em transmitir-lhes a palavra de salvação, eles não deram crédito. Porém, ainda que eles não quisessem ouvir, pela dureza de seus corações obstinados,  de uma coisa eles não poderiam ter dúvida: “E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são  casa rebelde), hão de saber que  esteve no meio deles um profeta” (Ez 2.5). 
Precisamos ser  fiéis na exposição da Palavra.  Mesmo que as pessoas não queiram nos ouvir; mesmo que aparentemente não haja consideração e resposta positiva ao apelo lançado, algumas  coisas precisam ficar bem evidentes:  A mensagem é divina, autêntica e digna de toda consideração, porque é a revelação  plena da Palavra de Deus. Mas os ouvintes também precisam ter convicção de que  os mensageiros são fiéis na interpretação e exposição da mensagem sagrada. 
Isto é integridade da mensagem e do mensageiro; por ser autêntica a mensagem e por ser autêntico, confiável,  o pregador. Então haverá credibilidade da parte  dos ouvintes para com o conteúdo anunciado: “E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir... hão de saber que esteve no meio deles um profeta... Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são  rebeldes”.[2]  Ele é fiel, e a nossa responsabilidade é  manter a Sua fidelidade através da mensagem que transmitimos. O pregador do evangelho de Cristo Jesus precisa  ser tanto um verdadeiro profeta,  levando o recado de Deus ao povo; como, também, precisa exercer, com fidelidade, o sacerdócio cristão, conduzindo o povo à presença do Senhor. 
Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Ez 2.8-10
[2] Ez 2.5,7
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