quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A VOZ DA INTEGRIDADE

“Quer ouçam, quer deixem de ouvir, hão de saber que esteve no meio deles um profeta!”

Ezequiel teria diante de si um tremendo desafio: transmitir a mensagem a um povo duro de coração. Assim, pois, a Palavra seria dirigida a um povo de DURO SEMBLANTE – atitude de deboche, descarada, atrevida, de quem não respeita as coisas sagradas. Foi a atitude do povo no tempo de Noé, criticando, zombando das palavras proféticas da graça de Deus em conceder-lhes a salvação, através do arrependimento e aceitação de Sua oferta de amor.

Ezequiel dirigiu sua mensagem a um povo de obstinado coração – é aquela teimosa vontade que não cede, que se recusa deliberadamente a arrepender-se, voltar atrás em suas atitudes, mesmo quando reconhece sua culpa e pecados. Tanto o profeta, como o sacerdote, precisavam ter certeza, confiança, de que a Palavra de Deus, além de autêntica, era completa, íntegra: “Mas tu, ó filho do homem, ouve o que te digo; não sejas rebelde como a casa rebelde; abre a tua boca, e come o que eu te dou. E quando olhei, eis que u’a mão se estendia para mim, e eis que nela estava um rolo de livro. E abriu-o diante de mim; e o rolo estava escrito por dentro e por fora; e nele se achavam escritas lamentações, e suspiros e ais”.[1]

Por dentro e por fora... Não havia nada a ser acrescentado, nada faltava para completá-la. Não havia possibilidade de se omitir alguma coisa que ali estava escrito. Nem havia a possibilidade de se acrescentar opiniões pessoais. Era apenas e tão somente a Palavra do Senhor (Suficiência da Palavra) que deveria ser transmitida na sua integridade.

“Quer ouçam, quer deixem de ouvir, hão de saber que esteve no meio deles um profeta!” Sobre esta questão eles não poderiam ter dúvidas. A integridade da mensagem precisava ser correspondida com a integridade do profeta que haveria de proferi-la. Assim, Ezequiel tanto era um representante do Deus vivo, com sua mensagem profética, como, também, exercia, de certa forma, a função sacerdotal, procurando conduzir o povo ao conhecimento do Senhor. Quanta diferença do que se ouve de alguns profetas nos dias atuais!

Recentemente ouvi alguém se referir ao seu pastor de uma forma que chamou minha atenção: PP (profissional do púlpito). Segundo aquele irmão, o referido pastor é apenas um profissional que sabe articular bem as palavras e manipular com os textos sagrados. Não se importando com nada mais do que cumprir suas obrigações “pastorais” dentro do organograma oficial... Mas o povo, segundo ele, não está recebendo a Palavra de Deus na integridade e fidelidade que lhe é devida. Falta-lhe o temor e reverência para com o sagrado.

Está faltando integridade de caráter ao profeta que Deus permitiu exercer determinado ministério, por algum tempo. Integridade que nos será cobrada no devido tempo de Deus. Falta-nos o reconhecimento da doutrina da graça, e o reconhecimento de nossa real condição de servos, humanos, frágeis. E, se servos, escravos, limitados, falhos, sem quaisquer direitos e capacitações pessoais, próprias; tudo o que temos e somos vem do Senhor. Ezequiel precisava saber que a sua palavra não seria bem recebida.

Portanto, não precisava alimentar o sonho de ser um profeta popular, de atrair multidões... Sua mensagem provocaria revolta, descaso e fuga. Ainda assim, não poderia deixar de entregar os oráculos divinos, com precisão, com integridade absoluta. Como o Senhor Jesus quando proferia Sua mensagem explicando Sua missão e obra aos Seus discípulos. Apesar do amor e boa vontade do Senhor em transmitir-lhes a palavra de salvação, eles não deram crédito. Porém, ainda que eles não quisessem ouvir, pela dureza de seus corações obstinados, de uma coisa eles não poderiam ter dúvida: “E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde), hão de saber que esteve no meio deles um profeta” (Ez 2.5).

Precisamos ser fiéis na exposição da Palavra. Mesmo que as pessoas não queiram nos ouvir; mesmo que aparentemente não haja consideração e resposta positiva ao apelo lançado, algumas coisas precisam ficar bem evidentes: A mensagem é divina, autêntica e digna de toda consideração, porque é a revelação plena da Palavra de Deus. Mas os ouvintes também precisam ter convicção de que os mensageiros são fiéis na interpretação e exposição da mensagem sagrada.

Isto é integridade da mensagem e do mensageiro; por ser autêntica a mensagem e por ser autêntico, confiável, o pregador. Então haverá credibilidade da parte dos ouvintes para com o conteúdo anunciado: “E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir... hão de saber que esteve no meio deles um profeta... Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes”.[2] Ele é fiel, e a nossa responsabilidade é manter a Sua fidelidade através da mensagem que transmitimos. O pregador do evangelho de Cristo Jesus precisa ser tanto um verdadeiro profeta, levando o recado de Deus ao povo; como, também, precisa exercer, com fidelidade, o sacerdócio cristão, conduzindo o povo à presença do Senhor.

Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Ez 2.8-10
[2] Ez 2.5,7

Nenhum comentário: