terça-feira, 3 de novembro de 2009

ABA-PAI

_ “Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus...”[1]

Pai, quanto emoção sentimos quando nos damos conta de que fomos agraciados com o dom da paternidade, e, naturalmente, também da maternidade!

O nome Pai, em referência a Deus, é muito caro a nós. É um nome extremamente carinhoso que nos traz muito conforto. Jesus nos ensinou a chamar Deus de “nosso Pai”. Todavia, o uso que fazemos desse nome não tem a mesma conotação que tem para Jesus. Para Ele é uma questão de essência, pois o Filho é da mesma natureza do Pai. É ímpar o uso que Jesus faz desse nome, pois Deus é nosso Pai numa conotação bem diferente. Por causa da nossa salvação é que podemos chamar Deus de Pai. Em amor, Deus nos adotou como Seus filhos. Todavia, Jesus fez questão de dizer que Deus era “meu Pai e vosso Pai”...

_ “Aba-Pai” – “Ao fazer uso desta palavra que expressa uma íntima comunhão e confiança filial, os crentes fazem eco das palavras que seu Senhor pronunciara quando Ele mesmo, com o fim de obter esta íntima comunhão para nós, estava sendo forçado ao isolamento, a ponto de estar perdendo exatamente esse senso de proximidade ao Pai. Foi no Getsêmani que Jesus, profundamente angustiado, disse: “Aba”, que Marcos traduz para o equivalente grego “Pai”...[2] Uma vez que um homem tenha aceito o sacrifício de Cristo como a única base de sua salvação, e tenha chegado com confiança ao trono da graça, clamando a Deus: “Aba! Pai!”, as correntes de sua escravidão à lei são quebradas”.[3]

Precisamos destacar três coisas importantes na palavra Pai, no texto que estamos examinando. Primeiramente, é necessário orar na certeza de que Deus é de fato o nosso Pai amado, que cuida de nós com terno e profundo amor. E para tanto, precisamos nos certificar de que já nos tornamos filhos de Deus através da fé em Cristo Jesus.[4] Este é o amor do Pai, que nos permite ter acesso ao Seu trono de graça, dizendo: “Pai nosso que estás nos céus”. E a certeza de nossa filiação nos proporciona maior alegria do que o da paternidade humana.

Em segundo lugar, precisamos saber que somos filhos de Deus por adoção. E a Bíblia diz que é o Espírito Santo que nos dá esta certeza, quando cremos em Deus através de Cristo Jesus. Somos avisados, informados, sobre o tesouro da salvação garantido na cruz do Calvário. Através da fé tomamos posse da riqueza celestial em Cristo Jesus. Deus, pela Sua graça, vem ao nosso encontro para fazer-nos herdeiros Seus. Pela adoção em Cristo Jesus nos tornamos participantes da família de Deus. Fomos criados para sermos "parentes", amigos de Deus.

Em terceiro lugar, quando oramos o Pai Nosso, precisamos entender que, através de Cristo Jesus, somos herdeiros do reino celestial.
_ “a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho”.[5]

Ainda que o céu desabe sobre nós, podemos nos achegar confiantemente aos braços ternos e meigos de nosso amado Pai. Em Seus braços estamos seguros em meio às intempéries deste mundo. Podemos descansar, na certeza absoluta de que temos um Papai amigo a nos proteger e guardar, todos os dias, em todo o tempo. Ou seja, devemos manter afinidade com o nosso Pai celeste através das nossas orações, em todas as circunstâncias. E este é o nosso grande desafio: Orar sem cessar! Temos um Pai no céu, Ele é digno de nossa inteira confiança! Deus, na pessoa de Jesus Cristo, cuida de nós como amigo: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando”.[6] Por isso o nosso relacionamento com Ele se torna familiar, íntimo, como um pai amigo. Deus é nosso Pai, o nosso “papai amigo”.


PAI NOSSO

O saudoso colega de ministério, Pr. Mauro Israel Moreira, disse em um de seus sermões, refletindo sobre a doença que o levaria à morte:
_ “Descobri que Deus não tem filhos preferidos”.

Com isso, creio que ele estava querendo dizer duas coisas: Primeira, se tenho esta certeza, então não posso viver a lamentar-me por achar que não mereço sofrer, já que outros cristãos no mundo também estão sofrendo. Eu não sou melhor que eles, não tenho nenhum motivo para reivindicar qualquer privilégio especial, somos irmãos em Cristo. Segunda, se tenho esta certeza de que Deus não tem filhos preferidos, não posso orgulhar-me por estar vivendo algum momento especial, por achar-me digno e merecedor de tal privilégio. Se alguma bênção material ou espiritual é concedida a mim, é pela graça de Cristo Jesus. Eu não mereço absolutamente nada mais que os meus irmãos. Somos todos membros da família de Deus, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, pela misericordiosa graça do Senhor Jesus.

Quão preciosa e sublime é a graça do Senhor Jesus! Eu não mereço, você não merece, ninguém merece, porque ninguém é salvo por merecer a salvação. Apenas e tão somente o mérito de Cristo Jesus nos possibilita tomar posse da salvação eterna. Ele pagou o preço com Seu próprio sangue:
_ “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim. Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida”.[7]
_ "Pois o Senhor não rejeitará o seu povo, nem desamparará a sua herança".[8]

PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS

Embora saibamos que Deus é o Senhor do universo, o Dono do mundo, soberano sobre tudo e sobre todos, precisamos nos certificar de que não estamos diante de um ser distante, transcendente apenas; precisamos ter a certeza de que nosso Pai amigo está sempre perto de nós: “Dir-se-á: Aterrai, aterrai, preparai o caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo. Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos”.[9]

Deus quer que confiemos nEle como nosso Pai; quer nos aconchegar, nos abrigar, e nos consolar. Como Soberano, Ele move o nosso coração e inclina nossa alma e nosso entendimento para que tenhamos disposição de buscá-Lo, sem que Ele venha a nós de forma autoritária e independente da nossa própria vontade.

Por isso, a Bíblia nos ensina e nos encoraja a buscá-Lo em sincera oração nos momentos de necessidade. Alguns psicólogos e psicanalistas procuram tratar dessa questão emocional com medicamentos antidepressivos, soníferos e conselhos para se fugir dos problemas, ou de nós mesmos. O refúgio para Deus através da oração, ao contrário, nos faz mergulhar com toda a nossa angústia para Deus. É algo que a ciência não pode explicar. Não pode resolver. Só Ele pode de fato responder as nossas orações, enxugar as nossas lágrimas e trazer conforto e paz ao coração humano.

Ainda quando as sombras da morte nos atingem, Deus continua sendo o nosso Pai amado! Amém.


Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.midiasound.com
wwww.oswaldojacob.blogspot.com

[1] Mt 6.9a
[2] Mc 14.36
[3] Hendriksen, William – Comentário do Novo Testamento – Gálatas – p.235, 237
[4] Jo 1.12-13; 1Jo 3.1-3
[5] Efésios 3:6 RA
[6] Jo 15.13-14
[7] Jo 6.45-48
[8] Sl 94.14
[9] Is 57:14-15

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