Vez por outra, ao sentir-me abatido, entristecido ou angustiado diante das adversidades do dia a dia, sou confortado e  encorajado à perseverança na fé através  da meditação no texto de 2 Co 12.1-10.
Penso na sublime consolação do Espírito Santo em tempos de crises, decepções  e dissabores; quando não recebemos de Deus a resposta  que almejamos para a solução de um problema que nos aflige física e emocionalmente. Contudo, acima do que  pensamos que seria o melhor para nós nesses momentos conturbados, o Senhor nos concede a superabundante  graça. E isto quando aparentemente experimentamos um grande fracasso de nossa oração.
Antes, o apostolo havia experimentado uma fantástica visão do céu na qual Deus lhe  permitiu “ouvir palavras inefáveis”. Ou seja, algo tão sublime e majestoso que não podia  ser “decodificado”, explicado de forma inteligível  ao ser humano. Ele estava  “pronto” para  proclamar o evangelho vitorioso...
Eu o imagino vibrando, ansioso com a possibilidade de  pregar seu próximo sermão compartilhando sua fantástica experiência  sobre a visão do céu. Talvez já  tivesse em mente um título retumbante e sugestivo para atrair uma grande multidão para ouvi-lo e declará-lo vitorioso, um poderoso homem de Deus! E para surpresa  dele mesmo e de quem acompanha o relato bíblico,  algo devastador aconteceu para esfriar e esvaziar  todo o rompante humano, toda  ostentação de superioridade espiritual e toda pompa de  uma publicidade sem precedente, um verdadeiro show da fé.
Parece incrível, mas Deus não o deixou fazer aquele marketing evangelístico! Antes de pensar e cogitar sobre a glória e o  poder de Deus no céu, Paulo, e todos nós somos  desafiados a  confiar  e experimentar a graça de Deus aqui na terra, em meio às dores e lágrimas, doenças e perseguições, perdas e luto. Tudo por amor  a Cristo: “Pelo que sinto  prazer nas  fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, na perseguições, nas angústias, por amor a Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Co 12.10).
Essa é a fé dos   bastidores quando homens e mulheres de Deus  saem  por esse mundo a fora “andando e chorando”, enquanto semeiam a semente  santa do genuíno evangelho de Cristo e o poder que “se aperfeiçoa na fraqueza”.
Esse é o tipo de fé  que persevera, a despeito do sofrimento, e não pelo fato de apresentar muitas bênçãos e curas físicas. Sim, esse é o tipo de fé que mantém firme os cristãos pertencentes à igreja perseguida, a qual subsiste, literalmente, no submundo social em muitos países  do mundo. Cristãos anônimos e, muitas vezes, agonizantes devido às afrontas, escárnios,  zombaria e todo tipo de “espinhos na carne”, por amor a Cristo.
Positivamente, essa fé incomoda a religião de shows, não faz o gosto da maioria, não produz adeptos interesseiros, não agrada aos admiradores dos shows da fé. Essa é a fé autêntica  dos bastidores do cristianismo popular. É a fé  daqueles que, a despeito da humilhação que o próprio Deus lhes permite suportar, são fortalecidos sobremaneira, a ponto de até mesmo sentirem alegria e contentamento nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias. Esta é a fé no Autor da fé, o qual nasceu numa estrebaria, completamente distante e alheio aos holofotes e badalações  da mídia religiosa; o qual  viveu a maior parte  de Sua vida em completo anonimato e morreu longe  dos aplausos e honrarias populares.
A única vez que foi aclamado pela multidão (Lc 19.28-40), foi motivo de censura  e perseguição da parte dos religiosos de Seu tempo. Mas o Senhor não Se  intimidou por suas críticas e ameaças, como também não Se deixou envolver com os aplausos populares. Ao contrário, diz a Bíblia que Jesus chorou ao chegar á cidade de Jerusalém e proferiu  uma pungente  profecia sobre  ela (v.41-44).
No deserto, uma das tentações do diabo ao Senhor Jesus foi exatamente sobre a possibilidade de produzir um show especial a fim de  divulgar a  Sua  pessoa e obra: “Se és Filho  de Deus, atira-te abaixo” (Mt 4.6). Sem dúvida essa seria uma excelente jogada de marketing, elaborada pelo maior estrategista de shows da fé. Porém, Jesus  mostrou que Sua  obra e missão era e é de outra categoria: a excelência da glória de Deus. O Seu reino não é deste mundo, a Sua glória é celestial, e não humana. Ele não precisa  dar show  para atrair pecadores a Si, tampouco deseja o nosso elogio. Ele exige a nossa adoração e o nosso louvor. Para isto foi  à cruz, verteu Seu sangue precioso, “o qual foi entregue por causa  das nossas  transgressões e ressuscitou  por causa da nossa  justificação” (Rm 4.25).
Gosto de pensar sobre isto, principalmente quando oro por aqueles que, a despeito de sua  fé e santidade ao  Senhor, estão sofrendo algum desses  tipos de  sofrimentos mencionados pelo apóstolo  por esse mundo a fora. Oro  por aqueles cristãos sinceros  que estão  enfermos nos hospitais;  por aqueles que estão  chorando a perda de seus queridos que se foram. Oro  por  aquela viúva pobre que, apesar de sua fé em Cristo Jesus, passa  privações e humilhações; principalmente quando ouve alguém dizer que basta ter fé e “repreender” o mal para obter  fartura e prosperidade, como se ela fosse uma cristã de segunda classe. Oro para que  Deus a fortaleça com a força do Seu poder, dando-lhe a convicção de que vale a pena ser fiel ao Senhor na certeza de que a Sua graça é o que lhe  basta.
Neste momento, curvo-me em oração de gratidão a Deus pelos exemplos de fé  e amor a Jesus deixados ao longo da  história cristã  por esses homens e mulheres espalhados por toda a  parte do Brasil e do mundo, vivendo nos bastidores, anônimos, sem os  aplausos e holofotes da mídia popular, porém  honrando e glorificando o nome do Senhor, apesar das lagrimas copiosas. “Esta é a vitória que vence  o mundo: a vossa fé” (1Jo 5.4). Oro para que  a graça de Cristo os  alcance de forma abundante a fim de serem consolados. Oro para que o “poder de Deus, que se aperfeiçoa na fraqueza” os alcance, suprindo-lhes cada uma de suas  necessidades, em Cristo Jesus, conforme Fl 4.19.
Acima de tudo, esse texto me conforta e me anima a continuar crendo nesse Deus grandioso e poderoso, o Senhor do universo; o qual controla não só os grandes astros e estrelas, mas também as  coisas  pequenas e insignificantes, as que “não são”, como eu, e tantos outros filhos de Deus por esse mundo a fora. Este Deus que governa e controla todas as coisas, e tudo quanto nos acontece, por isso Ele tem o direito sobre as nossas  vidas em todos os sentidos; mesmo que algumas vezes nos decepcione e nos  humilhe em nossas pretensões   de grandeza e popularidade  a fim de  nos fazer experimentar algo mais excelente, a Sua maravilhosa graça. Paulo não  era um masoquista;  quando disse que se alegrava com aquele espinho na carne ele estava refletindo a atitude  e visão do próprio Senhor, o qual suportou a cruz tendo em vista a glória que lhe estava proposta (Hb 12.1-3).
Portanto, minha firme esperança é  que o Senhor conforte e fortaleça a fé de todos os meus queridos leitores com essas simples palavras. E que todos nós possamos nos manter seguros e firmes na fé em Cristo Jesus, em todas as circunstâncias, até chegarmos junto ao Pai. Então, essa será, sem dúvida alguma, A MAIOR VITÓRIA DO MUNDO, a vitória da fé perseverante.
“Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, nosso Pai, que  nos amou e nos deu eterna  consolação e boa esperança, pela graça, consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra” (2Ts 2.17). “Ora, o  nosso Deus e Pai seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (Fl 4.20).
Pr. Vanderlei Faria
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