quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O BOM TEMPO

O BOM TEMPO

Em um de seus livros,[1] Carlos Drumond de Andrade conta uma historiazinha muito sugestiva:

_ "Não chovia, meses a fio, ou chovia demais. As plantas secavam, os animais morriam, os moradores emigravam. As plantas submergiam, os animais morriam, as pessoas não tinham tempo de emigrar. Assim era a vida naquele lugar privilegiado, onde medrava tudo para todos, havendo bom tempo. Mas não havia bom tempo. Havia o exagero dos elementos.
O mágico chegou para reorganizar a vida, e mandou que as chuvas cessassem. Cessaram. Ordenou que a seca findasse. Findou. Sobreveio um tempo temperado, ameno, bom para tudo, e os moradores estranharam. Assim também não é possível, diziam. Podemos fazer tantas coisas boas ao mesmo tempo que não há tempo para fazê-las. Antes, quando estiava ou chovia um pouco – isto é, no intervalo das grandes enchentes ou das grandes secas – a gente aproveitava para fazer alguma coisa. Se o Sol abrasava, podíamos fugir. Se a água vinha em catadupa, os que escapavam tinham o que contar. Quem voltasse do êxodo vinha de alma nova. Quem sobrevivesse à enchente era proclamado herói. Mas agora, tudo normal, como aproveitar tantas condições estupendas, se não temos capacidade para isto? Queriam linchar o mágico, mas ele fugiu à toda."

Lucas cita o caso em que alguém procurou a Jesus para tirar-lhes uma importante dúvida: “E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos?” (Lc 13.23). Ao que Jesus respondeu-lhes (não só para quem perguntou, pás todos que ouviram e para quantos hão de ouvi-Lo): “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lc 13.24). Desta forma Jesus mostrou-lhes que este não é um assunto para uma simples e leviana especulação intelectual. É algo para nos apegarmos com determinação e seriedade, como nos diz o autor de Hebreus (Hb 2.1-3).

Este assunto é algo para o qual precisamos dedicar a nossa mais profunda e sincera atenção e consideração. Não deveríamos dormir sossegados enquanto não nos apropriássemos da paz e da segurança da obtenção de nossa salvação em Cristo Jesus. Afinal, esta é uma questão primordial porque diz respeito ao destino eterno de cada um de nós. E não podemos deixar esta questão para depois da morte, para que outros intercedam por nós. Nosso tempo é hoje.

A Bíblia apresenta apenas duas classes de pessoas, apenas dois caminhos: salvação ou perdição eterna. Não há meio termo diante de Deus; não há, segundo as Escrituras, qualquer possibilidade de alguém mudar seu destino eterno depois da morte: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem um só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27).

Portanto, a questão mais crucial para a qual precisamos atentar é esta: Estamos salvos ou perdidos? A conversão a Cristo para a salvação é a grande e mais urgente mudança de que precisamos. Não uma simples mudança de hábitos e costumes. Não uma mera filiação a uma igreja ou religião. Não significa ajustar a nossa vida aos nossos desejos e alvos de retidão e amadurecimento. Mas é preciso ajustar a nossa vida a Deus e aos Seus propósitos a fim de obtermos a segurança da vida eterna, ou a certeza da salvação.

Se você ainda não tem segurança de sua salvação eterna em Cristo Jesus, não descanse no fato de estar perto do reino; por ser membro de igreja ou de uma família de pessoas que se acham salvas. Corra agora mesmo para os braços de Cristo Jesus. Jesus disse: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.37-38).

Todos que O buscarem de todo o coração com o propósito de serem salvos, todos serão acolhidos amorosamente por Ele; não importa a sua origem. Se Jesus diz que recebe a todos quantos O buscam é porque Ele assim o faz. Não questione sobre a eleição da graça enquanto você ainda está sem Cristo e sem salvação. Deixe esta questão com Ele. Faça apenas o que Ele ordena, se achegue confiantemente ao Salvador. Clame a Ele como fez o cego Bartimeu (Mc 10.46.48). Ele não se intimidou, nem se envergonhou com as críticas da multidão. Ele clamou ao Senhor, e foi ouvido e curado pelo Senhor.

Você tem certeza de que vai para o céu quando morrer? Se tem, então você é desafiado a continuar firme em na fé. Mas, se você ainda está vivendo fora do reino de Deus, sem segurança de sua salvação eterna, então é tempo de buscar a Deus, através de Jesus Cristo, com toda intensidade de sua alma. Agora mesmo, sem mais demora. Porque esse é o principal problema do ser humano, acertar sua vida com Deus. Veja que o autor de Hebreus, instruído e inspirado pelo Espírito Santo, repete várias vezes a exortação divina a esse respeito: Hb 3.7-8, 13-15; 4.7.

Se alguém lhe sussurra aos ouvidos para protelar essa situação, saiba que não é o Espírito de Deus, mas sim o espírito do diabo. Porque o Espírito Santo nos exorta a buscarmos a salvação no tempo que se chama hoje, agora, no tempo oportuno.

Quando o Espírito Santo nos manda recorrermos a Deus para sermos salvos? Hoje, agora, urgentemente, sem qualquer delonga. Portanto, atente mais uma vez para a Palavra de Deus: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados.... Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam” (At 3.19; 17.30). Portanto, “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” (Hb 2.3).

Eis o convite do divino Mestre: “Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei...“ (Mt 11.28). E para todos quantos o receberem há uma promessa infalível: “Então dirá o rei aos que estiverem à direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo“ (Mt 25.34). Amém.

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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[1] Andrade, Carlos Drumond – CONTOS PLAUSÍVEIS, p. 56 Ed. José Olympio, RJ

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