O BOM TEMPO
Em um de seus livros,[1] Carlos Drumond de  Andrade conta uma historiazinha  muito  sugestiva:
_ "Não chovia, meses a fio, ou chovia demais.  As plantas  secavam, os animais morriam, os moradores emigravam. As plantas submergiam, os animais  morriam, as pessoas não  tinham tempo  de emigrar.  Assim era a vida  naquele lugar  privilegiado, onde  medrava tudo para todos, havendo bom  tempo.  Mas não havia bom tempo.  Havia o exagero dos elementos.
O mágico chegou para  reorganizar a  vida, e  mandou que  as chuvas cessassem.  Cessaram. Ordenou que a seca findasse. Findou.  Sobreveio  um tempo  temperado, ameno, bom para tudo, e os moradores estranharam. Assim também  não é possível, diziam. Podemos fazer tantas coisas boas  ao mesmo tempo que não há tempo  para fazê-las.  Antes, quando  estiava ou chovia  um pouco –  isto é, no intervalo das grandes enchentes ou das grandes secas – a gente  aproveitava para fazer  alguma coisa. Se o  Sol abrasava, podíamos fugir.  Se a água vinha  em catadupa, os que escapavam  tinham o que contar. Quem voltasse do êxodo vinha de alma  nova.  Quem sobrevivesse à enchente  era proclamado herói. Mas agora, tudo normal, como aproveitar  tantas  condições  estupendas, se não temos  capacidade para isto? Queriam  linchar o mágico, mas ele fugiu  à toda."
Lucas cita o caso em que alguém procurou a Jesus para tirar-lhes uma importante dúvida: “E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que são salvos?” (Lc 13.23). Ao que Jesus respondeu-lhes (não só para quem perguntou, pás todos que ouviram e para quantos hão de  ouvi-Lo): “Esforçai-vos  por entrar  pela porta estreita, pois eu  vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lc 13.24). Desta forma Jesus mostrou-lhes que este não é  um assunto para uma simples e leviana especulação intelectual. É algo para nos apegarmos com determinação e seriedade, como nos diz o autor de Hebreus (Hb 2.1-3).
Este assunto é algo para o qual precisamos dedicar a nossa mais profunda e sincera atenção e consideração. Não deveríamos dormir sossegados enquanto não nos  apropriássemos  da paz e da segurança da obtenção de nossa salvação em Cristo Jesus. Afinal, esta é uma questão primordial porque diz respeito ao destino eterno de cada um de nós. E não podemos deixar esta  questão para depois da morte, para que outros intercedam por nós. Nosso tempo é hoje.
A Bíblia  apresenta apenas duas classes de pessoas, apenas dois caminhos: salvação ou perdição eterna. Não há meio termo diante de Deus; não há, segundo as Escrituras,  qualquer possibilidade  de alguém  mudar seu destino eterno depois da morte: “E, assim como aos homens está ordenado  morrerem  um só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27).
Portanto, a questão mais crucial para a qual precisamos atentar é esta: Estamos salvos ou perdidos? A conversão a Cristo para a salvação é a grande e mais urgente mudança de que precisamos. Não uma simples mudança de hábitos e costumes. Não uma mera  filiação a uma igreja ou religião. Não significa  ajustar a nossa vida aos  nossos desejos e alvos de retidão e amadurecimento. Mas é preciso ajustar a nossa vida a Deus e aos Seus propósitos a fim de obtermos a segurança da vida eterna, ou a certeza da salvação.
Se você ainda não tem segurança  de sua salvação eterna em Cristo Jesus, não descanse no fato de estar perto do reino; por ser membro de igreja ou de uma família de pessoas que se acham salvas. Corra agora mesmo para os braços de Cristo Jesus. Jesus disse:  “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.37-38).
Todos  que O buscarem de todo o coração com o  propósito de serem salvos, todos serão acolhidos amorosamente por Ele; não importa a sua origem. Se Jesus diz que  recebe a todos quantos  O buscam é porque  Ele assim o faz. Não questione sobre  a eleição da graça enquanto você ainda está sem Cristo e sem salvação. Deixe esta questão com Ele.  Faça apenas  o que Ele  ordena, se achegue  confiantemente  ao Salvador. Clame  a Ele como fez o cego Bartimeu (Mc 10.46.48).  Ele não se intimidou, nem se envergonhou com as críticas da multidão. Ele  clamou ao Senhor, e foi ouvido e curado pelo Senhor.
Você  tem certeza de que vai para o céu quando morrer?  Se  tem, então você é  desafiado a continuar  firme em na fé. Mas, se você ainda está  vivendo fora do reino de Deus, sem  segurança  de sua salvação eterna, então é tempo de  buscar a Deus, através de Jesus Cristo,  com toda intensidade de sua alma.  Agora  mesmo, sem mais  demora.  Porque esse é  o principal problema do ser humano, acertar sua  vida com Deus. Veja que o autor de Hebreus, instruído e inspirado pelo Espírito Santo,  repete várias vezes  a exortação divina a esse respeito: Hb 3.7-8, 13-15; 4.7.
Se alguém lhe sussurra aos ouvidos para protelar essa situação, saiba que não é  o Espírito de Deus, mas sim o espírito do diabo. Porque o Espírito Santo nos exorta a buscarmos a salvação no tempo que se chama hoje, agora, no tempo oportuno.
Quando o Espírito Santo nos manda recorrermos a Deus para sermos salvos? Hoje, agora, urgentemente, sem  qualquer  delonga. Portanto, atente  mais uma vez para  a Palavra de Deus: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados.... Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que  todos, em toda parte, se arrependam” (At 3.19; 17.30). Portanto, “Como escaparemos nós, se  negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que  a ouviram”  (Hb 2.3).
Eis o convite do divino Mestre:  “Vinde a mim, todos  que estais cansados  e oprimidos, e eu vos aliviarei...“ (Mt 11.28).  E para todos quantos o receberem  há uma promessa infalível:  “Então dirá o rei aos que estiverem  à  direita: Vinde, benditos de  meu Pai. Possuí  por herança o reino que vos  está preparado desde a fundação do mundo“ (Mt 25.34). Amém.
Pr. Vanderlei Faria
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[1] Andrade, Carlos  Drumond – CONTOS  PLAUSÍVEIS,  p. 56 Ed. José Olympio, RJ
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