_ “Ao entrar Jesus no barco, suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele.  Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.  Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam” (Mc 5:18-20).
No texto em apreço podemos verificar como a paz que Deus conferiu àquele homem, após ser restabelecida a paz COM Deus, incomodou, surpreendeu, e até mesmo provocou  revolta e confusão. Isto porque a graça de Cristo é surpreendente. O conflito consigo mesmo se evidencia pela sua loucura, o que revela uma personalidade desestruturada, em conflito íntimo. Embora o homem natural se julgue livre e senhor de suas ações, ele é escravo do pecado e de Satanás:  “Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8:34).
_ “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;  por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm 5:1-2).
Comentando este texto o Dr. Martyn Lloyd Jones diz que: A “Paz com Deus”, resulta da justificação pela fé, nos dois aspectos – para com Deus e para com o homem. A paz envolve, necessariamente, duas pessoas, é uma relação entre duas pessoas; no presente caso é paz entre o homem e Deus. Paulo havia mostrado que da parte de Deus a situação era que a ira de Deus estava sobre nós. Sem a justificação, sem  o que  foi feito por nós no Senhor Jesus Cristo e por meio dEle, não há paz entre Deus e o homem. Deus em paz conosco, nós em paz com Deus. A comunhão entre Deus e o homem, rompida pelo pecado e pela Queda, foi restabelecida.  Você nunca terá paz verdadeira, enquanto sua mente não for  satisfeita. Se você  tem apenas alguma experiência  emocional ou psicológica, isso poderá mantê-lo tranquilo e dar-lhe repouso por algum tempo, porém, mais cedo ou mais tarde perderá a paz. Não haverá paz verdadeira com Deus enquanto a mente não tiver  assimilado esta doutrina bendita e dela tiver tomado posse, tranquilizando-se então”.[1]
Paulo não diz que temos adquirido boas maneiras através da educação,  boa vontade, boa formação familiar, bons princípios, ou pela religiosidade humana. Mas, “Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. Ele é quem nos proporciona acesso ao trono da graça (Rm 5.2). Foi Jesus quem  conduziu o gadareno à paz com Deus. Ele, e somente Ele é quem pode  nos reconciliar com Deus. Todos nós andávamos desgarrados  (Rm 3:10-18).
Diz-nos o texto que o homem que se dirigiu a Jesus era possesso de demônios, logo, sua vida estava em conflito com Deus. Ele não tinha comunhão com Deus, era dominado inteiramente pelos demônios... Não havia nele qualquer senso de vontade pessoal... Portanto, não lhe restava esperança alguma para achegar-se a Deus. Como, também, não há qualquer esperança humana para aquele que vive separado de Deus, sob a influência das forças do mal, dos encostos (como se diz hoje), para aqueles que estão sofrendo por estarem servindo às forças do mal. Jesus Cristo é o único meio pelo qual podemos nos achegar a Deus. O único que  pode libertar e tirar das garras do diabo  o pecador desamparado.
Esse homem era um escravo do diabo, como todo aquele que vive sem Deus no  mundo. A Bíblia diz que ele era controlado inteiramente pelos demônios: sua mente, vontade, conversação e seu comportamento. Não havia  nele qualquer  possibilidade de “aceitar”, “buscar” a Jesus. Ele não podia exercer sua própria vontade para procurar a Jesus, não podia exercer o chamado “livre-arbítrio” para receber a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor. Na verdade, ninguém pode. Não há paz em seu coração.
A Bíblia diz que éramos fracos, pecadores e inimigos de Deus (Rm 5:6-11). O homem por si mesmo  não consegue deter seus maus pensamentos, sua inclinação para o mal, sua atitudes hostis contra o próximo, contra si mesmo e contra Deus na pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É por isso que a Bíblia diz que éramos fracos (v.6), éramos pecadores (v.8), e estávamos em inimizade contra Deus. É Deus quem nos reconcilia com Ele mesmo, por meio  de Jesus Cristo. É Deus quem opera em nós tanto o querer  como o realizar (Fl 2:12-13).
Ninguém pode ser salvo, senão pela graça de Cristo Jesus. Você não pode, enquanto o Salvador não o alcançar. Mas, se Ele já o alcançou com Sua infinita graça, não perca  tempo ouvindo as sugestões demoníacas.
Não fique solitário no deserto da vida! Faça como esse homem que estivera endemoninhado, firme-se cada vez mais com o Senhor Jesus! Podemos verificar sua reconciliação com Deus através de sua atitude desejosa de estar com Jesus e obedecer-Lle em tudo. Depois de seu encontro com Jesus, nós o vemos reconciliado com Deus, pois fora afastada a evidência  de seu relacionamento anterior com as forças satânicas, o que causava seu conflito com Deus. Agora ele mesmo clamava a Jesus que o deixasse estar com Ele. Aquele que foi liberto por Cristo sente-se desejoso por estar aos Seus pés, vivendo e aprendendo com o Mestre divino. Aquele que reconhece a importância e a bênção de sua libertação das forças do mal não pode se sentir feliz longe de Jesus.
Não podemos ter dúvida quanto ao fato de que é  Deus quem  nos procura, antes que nós o procuremos. Quantas pessoas estão vivendo como escravas do diabo, abatidas e revoltadas em meio ao deserto da vida! Deus tem as respostas que precisamos e  no Seu próprio tempo Ele nos fará saber o que está  fazendo  para nós e em nós... Quando, então, resolvemos  obedecê-Lo, a recompensa não tarda: a eliminação dos males da alma e a paz se fazem sentir. Um dia, então,  experimentaremos  o prazer de saber que  as barreiras foram superadas, atingimos  os limites celestiais. Haveremos de contemplar o sobrenatural, fora dos limites humanos. Então, nunca mais haverá  barreiras sociais, isolamento, solidão e tristeza. Nunca mais despedida: "Jamais se diz adeus ali".
Nunca mais fome, lágrimas e morte. Lembremo-nos, ainda, que fomos chamados por Deus para  enfrentarmos desafios, vencer, superarmo-nos  em nossas próprias limitações. Não podemos  nos deixar abater, parar, entregar os pontos nos voltando para trás: "...Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus".[2] Avante, pois, olhando para frente e para o alto, na certeza de que a vitória já nos foi assegurada por Cristo Jesus! 
Prezado leitor, Deus pode falar ao seu coração também, caso você esteja vivendo  algum conflito semelhante, em seu trabalho, com sua família, ou em qualquer setor de sua vida. Portanto, deixe Deus falar ao seu coração também, enquanto você lê este texto. Ninguém está isento de passar tribulações, decepções e angústia. Não nos afastamos do mundo. Temos um turbilhão de problemas que exercem pressão sobre nós. Entretanto, temos sempre o conforto da Palavra de Deus: "Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou" (Rm 8.37).
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.mananciaisdevida.blogspot.com
[1] Jones, D. M. Lloyd – Romanos – Exposição sobre Capítulo 5 – A certeza da Fé, P.27-44 – Ed. PES
[2] Lc 9.62
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