segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A SUFICIENTE GRAÇA DE DEUS

Recentemente assisti a uma entrevista de uma senhora, cujos filhos (dois) assassinaram um casal de classe média em São Paulo. Ela estava perplexa. Não podia entender como aqueles “meninos” de seu coração, criados com tanto amor e carinho, podiam ter cometido um crime tão bárbaro. Disse ela que ao visitá-los, eles sempre dizem que não entendem e não sabem como fizeram algo tão terrível. Dizem que, na verdade, eles não conseguiam deixar de fazê-lo. Uma força maior os impelia àquela ação macabra. Eles também não conseguem entender suas próprias ações. Essa é a real situação do homem. Não há esperança para o homem sem Deus. Seu estado é de completa desolação.

“O pecado arruinou o universo. Ele destruiu a harmonia entre as criaturas e também entre todas elas e seu Deus. No entanto, por meio do sangue da cruz o pecado, em princípio, foi vencido. A demanda da lei foi cumprida, sua maldição destruída (Rm 3.25; Gl 3.13). Assim também a harmonia foi restaurada. A paz foi estabelecida. Por meio de Cristo e sua cruz o universo é reconduzido ou restaurado ao seu correto relacionamento com Deus no sentido de que, como justa recompensa por sua obediência, Cristo foi exaltado à destra do Pai, e, desta posição de autoridade e poder, governa todo o universo para o bem da igreja e para a glória de Deus...

O estabelecimento da paz entre o coração de Deus o Pai e a alma do pecador é para este último uma volta ao estado de retidão segundo o qual Deus criara o homem originalmente. Pela graça soberana de Deus o pródigo retorna ao lar, em relação ao qual se tornara um estranho. Este é o significado de reconciliação. Pela morte expiatória de Cristo, Deus é reconciliado com o pecador e o pecador com Deus”.[1]

Há pouco tempo conheci um jovem em Camaquã – RS, recém convertido, irmão Valcionir, que muito me impressionou por sua vibração e constante admiração pelo que Deus está fazendo em sua vida. Antes, era uma pessoa rancorosa, depressiva, com cara de poucos amigos. Muitas vezes tentou o suicídio, vivia se arrastando pela vida, de forma confusa, complicada; até que foi alcançado pelo poder de Deus. Então sua vida se transformou de forma extraordinária, a ponto das pessoas se admirarem da transformação de seu semblante e comportamento. Mas, o que mais me chamou a atenção foi o fato de que ele constantemente está se perguntando “como pode ser que eu esteja agindo dessa forma? Eu que era agressivo com as pessoas, agora estou conseguindo ouvi-las. Eu que não gostava de ouvir a Palavra de Deus, agora me encanto e me delicio em ouvir as mensagens bíblicas. Enfim, eu que era tão antipático e ranzinza, agora consigo fazer amizades e ser amado pelas pessoas!”

“De fato,” diz ele, “só pode ser coisa de Deus, cara!” Essa deveria ser uma atitude comum entre os salvos. Ou seja, um constante sentimento de um tipo de espanto e admiração pelo que Deus está fazendo em nós e através de nós. Se não tivermos a devida compreensão de que a graça de Deus está agindo em nós, estaremos tristes, amuados, deprimidos e infelizes; até mesmo duvidando de nossa salvação eterna. E como podemos nos fortalecer? Exercitando-nos. Basta observarmos como trabalham duro todos os grandes atletas para superarem seus próprios índices, ou mesmo para se manterem em forma...

Precisamos nos exercitar na piedade, ou seja, na prática da oração e do estudo bíblico. Em outras palavras, nossa maior ambição não deve ser o desejo de sermos felizes, mas sim o de sermos santos. E é através da oração e da reflexão bíblica que recebemos o sustento, força, vigor e poder do Espírito Santo para vencermos as tentações e os males que nos atingem, a fim de nos santificarmos em Cristo.

Ao destacarmos muitos aspectos visíveis da atuação do poder de Deus em fatos excepcionais, ainda não falamos do mais excepcional, que é a conversão a Cristo; obra efetuada essencialmente pela manifestação do poder de Deus revelado em Cristo Jesus. Aliás, o crer em Cristo é a maior manifestação do poder de Deus na vida de cada um de nós. Como disse M. Lloyd-Jones, comentando Ef 1.19-20:

“O ensino do apóstolo é que o fato de alguém crer no evangelho é um grande milagre que só pode ser explicado adequadamente em termos da transcendente grandeza do poder de Deus; requer a energia da força do poder de Deus levar alguém a crer no evangelho cristão e a aceitar a fé cristã. Cremos em virtude deste tremendo poder” ([2]).

A graça de Deus é suficientemente capaz de nos confortar e nos dar suprimento. Não nos debandemos, desesperados, em busca do socorro espiritual dos pregoeiros de facilidades humanas. Ainda que eles sejam bem intencionados, ainda assim, são desobedientes à orientação da Palavra de Deus. Ouça novamente a voz de Deus: A minha graça te basta! Ele nos basta, ainda que chorando e gemendo. Ele é fiel, a Sua graça nos basta. Aleluia! É claro que isto não nos impede de fazer uso dos recursos médicos e de orarmos: Livra-nos do mal, porque a Tua graça nos basta!


Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.mananciaisdevida.blogspot.com

[1] Hendriksen, William – Comentário do Novo Testamento – Colossenses, P. 106-108 – Casa Editora Presbiteriana, SP
[2] D. M. Llyd-Jones – O Supremo Propósito de Deus, p.389 – PES

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