sábado, 25 de outubro de 2008

As Crises Da Juventude

A crise é uma situação conflitiva, real e inevitável, na experiência humana. Desde o nascimento até à morte enfrentamos conflitos internos e externos à nossa pessoa. A vida em si mesma já se constitui numa verdadeira e prolongada crise para quase todos nós. Ao nascer nos deparamos com a primeira grande crise: a saída do aconchego do útero materno, a brusca mudança de ambiente; o desligamento do cordão umbilical. Enfim, o trauma da mudança de comportamento que o meio extra uterino exige. Daí pra frente as crises vão se sucedendo, numa constante até à morte. São fases comuns a todos os seres humanos. Diferenciando apenas as reações e atitudes de quem as enfrenta.

É bom lembrar que as crises são normais e comuns na vida humana. Principalmente na juventude. Na verdade, quase sempre elas são até mesmo necessárias ao nosso desenvolvimento psicológico, mental e espiritual. Crise não significa o fim da picada. Pode ser, e quase sempre o é, prenúncio de um recomeçar. É o limiar entre uma fase e outra de nossas vidas. Assim, pois, procuremos pensar em algumas crises mais comuns à junventude.

1 – Crise de identidade
Os jovens, de um modo geral, vivem numa intensa insatisfação, numa intensa busca de algo que os permitam se destacar entre a multidão. Algo de que se possam orgulhar entre seus pares. Luta-se desesperadamente para, de alguma forma, se utilizar o máximo das energias físicas e mentais, e para se aproveitar todas as oportunidades que se apresentam, como se fossem sempre únicas.

Na juventude tem-se a impressão de que a vida está a escorrer-se de nossas mãos. Assim, conscientemente ou não, luta-se para que a mocidade não passe desapercebida. Luta-se para fazer alguma coisa marcante em sua fase áurea da vida. Então, nessa busca desesperada pela identidade pessoal, corre-se o risco de cometer desatinos, ou cair-se em depressão pelo fato de não se atingir os objetivos imediatos almejados. Por outro lado, muitas vezes ocorre o fato que nem sempre as oportunidades de criação, de realização e de auto-afirmação, lhes são dadas nessa sociedade materialista e perversa. Assim, vendo passar seus dias sem serem úteis para alguém, muitos chegam ao desespero e até mesmo ao suicídio.

2 – Crise financeira
É na juventude quando nos deparamos, mais freqüentemente, com a crise financeira. Isto porque, temos alvos de conquistas, realizações, conforto, etc. Mas o tempo vai passando, e vamos percebendo que os sonhos vão como que escorrendo entre os nossos dedos. Nem sempre conseguimos atingir todos os nossos objetivos. Principalmente em nossos dias, quando os jovens vão se deparando com a forte concorrência do mercado de trabalho; com as opções sendo cada vez menores. Precisamos, cada vez mais, nos firmar em Cristo Jesus, não só para continuarmos crendo na possibilidade da vitória, como, também, suportando a pressão do meio ambiente.

3 – Crise emocional, ou, crise afetiva
Podemos dizer que, praticamente, todos nós passamos por essa crise. São momentos de incerteza quanto à recíproca do amor que devotamos a alguém. A insegurança quanto à permanência da afetividade conquistada, a dúvida quanto à sinceridade da pessoa a quem confiamos o nosso coração... A tristeza de um amor não correspondido. Enfim, são as dores do amor; as marcas da paixão! Via de regra, todos nós carregamos conosco a dor de um amor não correspondido ou não concretizado, porque proibido, já tendo sido comprometido com outros. Trazemos n’alma essas marcas doloridas. Elas doem mesmo! Só o tempo possibilita a cicatrização. Porém, mesmo assim, quando nos deparamos com a pessoa amada, quase sempre temos uma “recaída”; parece que voltamos no tempo, as lembranças se nos afloram. O desejo de posse faz ferver nossas emoções... Então, precisamos recorrer à graça de Cristo para não perdermos o auto-controle.

4 – Crise de maturidade
A maturidade só é conseguida quando se consegue aceitar a vida sem precipitações e sem atitudes impensadas. Quando se consegue pisar firme, adaptando-se às novas situações que vão surgindo, sem excessos, porém com ousadia e firmeza. Sentindo-nos, assim, úteis ao próximo e a nós mesmos. A falta de entendimento e aceitação de sua própria história pessoal, a ignorância quanto à sua formação, e do quanto seus pais tiveram de “ralar” para mantê-lo na escola, ou para sustentá-lo adequadamente, podem ser atitudes reveladoras da maior e mais prejudicial forma de imaturidade da juventude. Isto porque muitos jovens não sabem, ou não querem reconhecer, o quanto custaram.

Jovem, lembre-se de que por trás dessas mãos marcadas e feias de seus pais, há toda uma história de lutas e vitórias para sustentá-lo e protegê-lo! Essas mãos marcadas e feias podem representar muitos dias de amor e dedicação em seu favor. Mas, sobretudo, jovem, lembre-se das mãos marcadas do Senhor Jesus Cristo. Suas mãos feridas representam o quanto Ele nos ama, chegando à Cruz em nosso lugar.

5 – Crise social
É comum o jovem procurar se afirmar, se valorizar perante o grupo, contando vantagens pessoais. Daí o perigo das más companhias, porque a tendência é cada um querer fazer mais, ir além dos outros. E nesse processo, muitos perdem o rumo de suas vidas, embrenhando-se nos vícios e crimes, algumas vezes sem retorno. Ninguém precisa viver perigosa e irresponsavelmente para provar que é homem, macho. Isso não passa de insegurança, imaturidade e ignorância quanto aos verdadeiros valores da vida. Somos o que somos pela misericórdia divina, e não temos que provar nada aos outros para sermos “aceitos” no meio. Precisamos aprender a nos “impor” pelo que somos e temos, e não por sermos marionetes nas mãos dos outros.

6 – Crise espiritual
_ “Nascer dói” – dizia meu professor de psicologia, Prof. Lipman. Assim como o nascimento físico, a conversão a Cristo, a transformação de nossas vidas por meio da fé, não se dá sem traumas. É quando a alma humana se dá conta de que não pode continuar caminhando sem Deus no mundo, sem esperança da vida eterna, sem a plena comunhão com a glória de Deus. É quando o Espírito Santo promove em nós uma profunda crise de conscientização de nossa mais urgente necessidade de tomar posse da vida plena com Deus. Portanto, a maior de todas as nossas crises, a mais necessária e indispensável, é a crise da conversão. Então acontece uma verdadeira crise emocional e espiritual, que nos leva a sentir tristeza e vergonha pelos nossos pecados. Em conseqüência dessa tristeza, somos levados ao arrependimento sincero e a uma intensa busca de Deus, pela fé, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Se você está se preocupando com as outras crises existenciais e ainda não passou pela crise da conversão espiritual, então busque a Deus com fé, para que Ele o sensibilize para a salvação. Lembre-se, este é o nosso bom tempo, o melhor tempo para se buscar a Deus, em tempos de crises.

“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos, porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (I Jo 5.3-5). Assim, pois, levante a cabeça e vamos à luta! E, que para tanto, o Senhor o abençoe abundantemente. Amém.

Um comentário:

Anônimo disse...

Maravilhosa mensagem.