terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (11)


“E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe       Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23. 42,43).
 
Uma outra importante lição que podemos aprender da crucificação de Cristo entre os dois ladrões, e o fato de que um o recebeu e o outro o rejeitou, é a da soberania divina.

 Os dois malfeitores foram crucificados juntos. Estavam à mesma proximidade de Cristo. Ambos viram e ouviram tudo o que se tornou conhecido durante aquelas seis fatídicas horas. Ambos eram notoriamente perversos; ambos estavam sofrendo agudamente; ambos estavam morrendo, e ambos necessitavam urgentemente de perdão. Todavia, um morreu em seus pecados, morreu como tinha vivido — endurecido e impenitente; ao passo que o outro se arrependeu de sua maldade, creu em Cristo, recorreu a ele para obter misericórdia e entrou no Paraíso. Como explicar isso, senão pela soberania de Deus!

 Vemos precisamente que a mesma coisa continua hoje. Sob exatamente as mesmas circunstâncias e condições, um é enternecido e outro permanece inalterado. Sob o mesmo sermão, um homem ouvirá com indiferença, enquanto outro terá seus olhos abertos para ver sua necessidade e sua vontade movida para perto da oferta da misericórdia divina. Para um, o evangelho é revelado, para outro, “oculto”. Por quê?

 Tudo o que podemos dizer é: “Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”. E, contudo, a soberania divina nunca quer dizer destruir a responsabilidade humana. Ambas são claramente ensinadas na Bíblia, e é nosso dever crer e pregar as duas, quer possamos harmonizá-las ou compreendê-las quer não. Ao pregarmos ambas pode parecer a nossos ouvintes que nos contradizemos, mas que importa?

 Disse o falecido C. H. Spurgeon, quando pregava em 1Timóteo 2.3,4: “Ali no texto se acha, e creio que é do desejo de meu Pai, que ‘todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade’. Mas eu sei, também, que ele não o quer, de modo que salvará a qualquer um daqueles, apenas se crerem em seu Filho; pois ele no-lo disse repetidas vezes. Ele não salvará homem algum, a menos que esse abandone seus pecados, e se volte para ele com pleno propósito de coração: isso eu também sei. E sei, ainda, que ele tem um povo a quem salvará, a quem, por seu eterno amor, elegeu e a quem, por seu eterno poder, ele libertará. Eu não sei como aquilo se ajusta com isso, que é mais uma das coisas que não sei.”

E disse esse príncipe dos pregadores: “Eu permanecerei exatamente no que sempre hei de pregar e sempre tenho pregado, e tomo a palavra de Deus como está, possa eu reconciliá-la com uma outra parte da palavra divina ou não.”

 Dizemos novamente, a soberania de Deus nunca significa destruir a responsabilidade do homem.  Devemos fazer uso diligente de todos os meios que ele designou para a salvação das almas. Somos ordenados a pregar o evangelho a “toda criatura” [1]. A graça é livre: o convite é amplo o bastante para “quem crer” o aceitar. Cristo não despede ninguém que venha a ele.[2] Todavia, após havermos feito tudo, após havermos plantado e aguado, é Deus quem dá o crescimento,[3] e o faz de modo a melhor satisfazer sua soberana vontade.

 Na salvação do ladrão agonizante temos uma visão clara da graça vitoriosa, como não encontrada em nenhum outro lugar na Bíblia. Deus é o Deus de toda graça, e a salvação é inteiramente por meio dessa. “Pela graça sois salvos” (Ef 2.8), e é “pela graça” do começo ao fim. A graça planejou a salvação, a graça proveu a salvação, e a graça assim opera sobre e em seus eleitos para sobrepujar a dureza de seus corações, a obstinação de suas vontades, e a inimizade de suas mentes, e assim os torna propensos a receber a salvação. A graça inicia, a graça continua, e a graça consuma a nossa salvação.

 
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

 



[1] Nota do tradutor: Marcos 16.15.
[2] Nota do tradutor: João 6.37.
[3] Nota do tradutor: 1Coríntios 3.6.

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