terça-feira, 8 de setembro de 2009

LEMBRANÇAS DE UMA PINTURA

Até que era uma bela noite de domingo, mas simplesmente parecia igual a qualquer outro dos meus tediosos fins de semana. O primeiro dia em que eu colocaria os meus pés numa Igreja Evangélica não tinha nada de especial.

Ao adentrar timidamente no local (depois de ficar um mês relutando aos convites), fiquei observando o ambiente, meio sem clima. O primeiro detalhe que definitivamente prendeu minha atenção foi a figura do jovem pastor sentado em sua cadeira no altar, conversando alegremente com uma pessoa, diferente totalmente da noção que eu tinha de alguém religioso (Anos depois, quando escrevo este livro, olho para trás e percebo que me deparei com muita gente de semblante sombrio e de mau humor no meio da Igreja, mas agradeço a Deus por ter sido cercado de gente simples e de uma espiritualidade sem hipocrisia).

Também aconteceu um profundo choque, ao me deparar com a pintura de um grande painel na parede, ao fundo do templo. Fui literalmente assombrado e confuso tentei compreender o que poderia significar aquela imagem.Em primeiro plano se observava naquela pintura uma grande “fogueira” (mas tarde entendi que era a representação artística de um altar de holocausto).Na paisagem ao redor daquela “chama ardente” podia se ver uma campina de um intenso verde, um céu ardorosamente azulado e bem atrás se notava uma construção, no molde das cidades bíblicas antigas.

Do lado esquerdo se notava um desenho de rio com águas tranqüilas. Acima da pintura da “fogueira” estava escrita com letras de um tom “amarronzado” a seguinte frase: “O fogo arderá continuamente sobre o altar e não se apagará”. LV 6:13Repito sem medo que meu sentimento inicial em relação àquela pintura era de certa estranheza e até um pouco de medo. Ao meu gosto, o efeito geral que o desenho causava era extremamente desnecessário ao ambiente. Sabia que aquele painel era parecido com alguma coisa que tinha visto e, mais tarde lembrei-me daqueles desenhos das literaturas das Testemunhas de Jeová.

Aquele painel me deixou intrigado. Achava um exagero aquela imagem assustadora do fogo crepitando no altar meio desajeitado expressado pelo artista. Era uma loucura ingênua e ao mesmo tempo extravagante (e de gosto bem duvidoso). Com o tempo fui me acostumando com o desenho. Suas formas e cores foram se misturando as belas lembranças do lugar e do primeiro amor de meus primeiros anos de vida cristã. Aquela paisagem “exótica”, sem pedir licença, passaria fazer parte de uma pequena história de minha vida.

Cheguei a quase lamentar quando o pastor me disse anos mais tarde que finalmente tinha conseguido se desfazer daquele quadro. Um amigo muito tempo depois me disse que quando não conseguia se concentrar nas mensagens do pregador, olhava para aquela pintura e “entrava” em seu pensamento nas campinas, passeava mentalmente naquela construção ao fundo do Painel, aproveitava a “sombra da árvore”, “nadava naquele rio” e “sentia o calor das chamas”.

Pr. Carlos Coutinho

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