sábado, 19 de setembro de 2009

O POVO ESCOLHIDO DE DEUS

_ “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”.[1]

_ “Uma das coisas belíssimas nos acontecem por pertencer à igreja, é o reconhecimento de que somos escolhidos. Você não é deixado de fora, está dentro...

_ “Sois povo de Deus.” O que Pedro queria dizer com isso? Com base no próprio versículo, ele queria indicar que todos os que receberam a misericórdia de Deus na salvação, todos os que renunciaram às suas realizações morais e oraram, como o publicano: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador” ([2]) – são “o povo de Deus”. Este é o conceito pessoal da salvação...

_ “Um povo chamado. Aprendemos, em primeiro lugar, que a igreja é uma comunidade de pessoas – o povo de Deus – que deve sua existência e peculiaridade a um fato fundamental – o chamado de Deus... Este chamado é o núcleo do conceito do Novo Testamento sobre a igreja. A ideia acha-se impregnada no termo usado com maior frequência para designar a igreja. O termo ekklesia é construído da raiz do verbo kaleõ que significa chamar. A ekklesia, então, é a assembleia, ou congregação, chamada para reunir-se. A igreja, portanto, é mais do que uma congregação – pessoas que decidem reunir-se pela Palavra de Deus. Nesse sentido, Deus vem primeiro. O seu chamado precede a assembleia. O corpo reúne-se para ouvir a voz de Deus e não para partilhar seus pensamentos e opiniões. O Novo Testamento insiste enfaticamente neste ponto. Deus nos chamou “à comunhão de seu Filho” ([3]).

Este chamado divino é uma “santa vocação” ([4]); ou um chamado “em santificação” ([5]), em caráter e conduta... Os santos jamais chegam ao término, eles nunca chegam. A igreja está sempre a caminho...

_ “Um povo escolhido. Aprendemos que a igreja é uma comunidade de pessoas – o povo de Deus – escolhidos por Deus para refletir a sua glória e espalhar o evangelho a todos os povos. Considero ser este ponto central da doutrina bíblica da eleição. A palavra eleição deixa muitas pessoas inquietas. Ela conjura imagens de calvinistas sombrios e puritanos com negros capuzes. Jonathan Edwards, que pregou o sermão “Pecadores na Mãos de um Deus Irado”, não acreditava na eleição? Quem quer retroceder a este ponto?

_ “A eleição no Novo Testamento acha-se enraizada em fatos históricos, especialmente em Jesus Cristo, que foi crucificado sob Pôncio Pilatos. Ele é o Eleito de Deus, o Filho amado do Pai ([6]). Nossa eleição se faz apenas por causa de nossa união com Ele. Não somos escolhidos, como indivíduos, mas como membros do Seu corpo, a igreja. O instrumento da escolha de Deus na Bíblia é a pregação do evangelho da morte e ressurreição de Jesus. Foi assim que Paulo entendeu. Ele recapitulou seu ministério para os Tessalonicenses e fez com que se lembrassem dos resultados do mesmo: “reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós” ([7]).

_ “Os teólogos cristãos têm-se interessado geralmente pelas razões ou falta de razões na eleição. A Bíblia, porém, não nos oferece razões. Ela enfatiza o propósito da eleição, permitindo que o mistério da escolha de Deus continue inexplicável, e se concentra em vez disso na qualidade de vida que a igreja deve manifestar. Deus disse a Israel no Sinai: “Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa” ([8]).

E Paulo escreveu aos Efésios que Deus nos escolheu em Cristo “antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele” ([9]).

_ “A Escritura não sugere em ponto algum que eleito signifique “favorito”. Se for o caso, eleito representa “instrumento”, isto é, um povo que serviria de mediador das misericórdias divinas àqueles que não têm esperança de misericórdia...

A doutrina da eleição longe de ser antiquada e irrelevante, é uma explicação fundamental da razão da existência da igreja. Se a igreja é a companhia dos eleitos – e ela é realmente – não tem motivo para vangloriar-se, pois a verdade e a graça de Deus são nossas para passar adiante e não para guardar.

O convite para receber o evangelho é também uma ordem para repassá-lo adiante. Esse é o motivo pelo qual a única igreja de que a Bíblia fala é uma igreja missionária. Isso nos leva de volta ao ponto inicial, porque na passagem que inaugurou este estudo[10] o apóstolo tocou nesta nota missionária. Ele lembrou os leitores de que eram “povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Essa é uma nota digna de ser soada repetidas vezes...[11]

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.midiasound.com
wwww.oswaldojacob.blogspot.com

[1] 1 Pe 2:9-10
[2] Lc 18.13
[3] 1 Co 1.9
[4] 2 Tm 1.9
[5] 1 Co 1.2
[6] Mt 3.17
[7] 1 Ts 1:4-5
[8] Êx 19.6
[9] Ef 1.4
[10] 1 Pe 2.9-10
[11] Shelley, Bruce L. – A Igreja: O Povo de Deus – p.s 19-29 – Ed. Vida Nova – SP

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