sábado, 22 de maio de 2010

DEPENDÊNCIA, CONVIVÊNCIA E EFICIÊNCIA

Estas são três palavras muito consistentes na vida cristã. Precisamos trabalhá-las bem conceituando-as com excelência. Quantas vezes as usamos fora de contexto. Atropelamos as palavras. Muitas vezes as empobrecemos dentro de uma visão equivocada e apequenada. Como necessitamos aprender com o Senhor Jesus a usá-las com densidade!

Gostaria de considerar com você o que chamamos de palavras da vida cristã autêntica – dependência, convivência e eficiência. Elas denotam uma relação de profundidade com o Senhor e com os nossos irmãos. Como crentes, somos chamados à excelência de uma vida centrada em Cristo Jesus, o Senhor. Uma vida cheia da Sua graça. Plena de atividades consistentes a partir da nossa relação de intimidade com Ele. Então, é relevante que definamos estas três preciosas palavras.

Dependência vem do latim dependentia, estado ou caráter de dependente; sujeição; subordinação. Jesus é o nosso exemplo porque Ele, na Sua humanidade, sempre dependeu do Pai. A vontade do Pai era a Sua comida (João 4.34). Depender de Deus é uma experiência magnífica, pois ressalta a nossa fragilidade, as nossas profundas limitações e, ao mesmo tempo, evidencia a nossa fé e a plena capacidade do Senhor em nos sustentar com Sua maravilhosa graça. Salomão testemunhou esta verdade quando disse: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127.1).

Dependemos do Senhor em casa e na cidade. A caminhada do povo de Israel pelo deserto em direção à terra prometida foi caracterizada pela provisão de Deus por meio do maná e da nuvem. Os que criam tinham prazer na dependência do Pai. Como é precioso esperarmos em Deus quando oramos e trabalhamos com dignidade! Ele é o Jeová-Jiré – o Senhor proverá – não só na experiência de Abraão com o seu filho Isaque, mas em nosso dia a dia na peregrinação da fé. Depender de Abba é uma experiência de fé que nos leva a confiar. Esta relação é de maturidade cristã. Davi, ao lutar com Golias, fê-lo na dependência de Deus. Venceu o gigante porque confiou no Gigante infinitamente maior.

Vale a pena estarmos debaixo da autoridade do Senhor! Josafá, na sua luta contra Amom e Moabe, dependeu inteiramente do Senhor quando disse: “Ah! Nosso Deus, acaso, não executarás tu o teu julgamento contra eles? Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti” (2 Crônicas 20.12).

O resultado foi a vitória do povo de Deus. Confiar na suficiência do Pai é o segredo de uma vida cristã bem-sucedida. Era assim com Paulo: “não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrario, a nossa suficiência vem de Deus” (2 Co 3.5). Esta dependência produz convivência com o próximo.

Convivência. Do latim conviventia, ato ou efeito de conviver; relações íntimas, familiaridade, convívio; trato diário. Como precisamos conviver em amor! Conviver é viver com alguém ou com alguma coisa. Esta palavra fala de relacionamento num tempo tão conturbado, frio e superficial. As pessoas têm se tornado ilhas. Na convivência forma-se o continente de relacionamentos saudáveis. Há cumplicidade. As relações são caracterizadas pelo amor fraterno. A igreja é formada de pessoas que convivem em amor. Que partem o pão da graça. Que levam as cargas uns dos outros. A convivência cristã significa ter o mesmo pensamento, mesmo ânimo, mesmo amor; união de alma, tendo o mesmo sentimento (Fil 2.2).

Há uma interdependência nos relacionamentos. Sabemos que toda a convivência tem suas dificuldades, mas elas são vencidas à medida que confiamos no Senhor, perdoamos e dialogamos em amor. A igreja primitiva era caracterizada pelo amor fraterno. O texto de Atos fala que os irmãos perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão e no partir do pão e nas orações...Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Repartiam o dinheiro da venda de suas propriedades com os que tinham necessidade. Tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração e tinham a simpatia do povo (2.42-47). Era uma sociedade organizada, ajustada, solidária e generosa. A convivência amorosa era a sua marca distintiva. Havia alegria em estar juntos. Prazer nos relacionamentos. Os problemas eram resolvidos à luz da vontade do Senhor. Então, dependência somada à convivência gera eficiência no cumprimento da missão.

A terceira palavra é eficiência. Do latim efficientia, ação, força; virtude de produzir um efeito; eficácia, rendimento. Somos eficientes na missão que o Senhor nos deixou à medida que dependemos dEle e convivemos em amor. Essas palavras estão inter-relacionadas. No Reino de Deus não existe eficiência se não for precedida da dependência do Pai e da convivência com os irmãos. A relação de intimidade com Deus e com os irmãos produzem um lindo testemunho que chamamos eficiência.

Os homens e mulheres de Deus foram eficientes porque dependeram de Deus e, vivendo a sintonia fina do Espírito, se relacionaram na base do amor não fingido. Pedro e João disseram: “não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20). O povo de Deus ia por toda a parte anunciando a Palavra de Deus (At 8.4).

O evangelho saiu de Jerusalém a Roma sem impedimento algum pela eficiência do Espírito no testemunho dos salvos (At 28.31). Jesus é o maior exemplo de eficiência em cumprir a missão recebida do Deus Pai. A Sua comida era fazer a vontade do Pai (João 4.34). A Sua eficiência era ligada a obediência. A eficiência está em caminhar com determinação e direção. Ela está no planejamento e na execução feitos com paixão. A igreja primitiva foi eficiente porque agiu em conformidade com as orientações do Espírito Santo.

No espectro da obra de Deus, a deficiência está em fazer a minha vontade em detrimento da vontade de Deus. Então, a eficiência do homem sem a suficiência de Deus é mera deficiência. Não nos esqueçamos: dependência somada à convivência produz eficiência. Na verdade, dependência, convivência e eficiência são substantivos de Deus. Eles estão em Jesus Cristo. Em Jesus há dependência do Pai; convivência com os que Ele comprou com o Seu próprio sangue e eficiência no projeto do Senhor em salvar o homem perdido (Lc 19.10).

A Sua eficiência está na obra da cruz e no sepulcro vazio, ou seja, na ressurreição. Sejamos, à semelhança de Jesus, dependentes, agentes de convivência amorosa e eficientes no cumprimento da Grande Comissão ordenada por Jesus até que Ele volte para a glória de Deus Pai.

Oswaldo Luiz Gomes Jacob – pastor
Segunda Igreja Batista em Barra Mansa, RJ.

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