quarta-feira, 26 de maio de 2010

NÃO FAÇAIS DA CASA DE MEU PAI CASA DE NEGÓCIO

Não é fácil do ponto de vista cristão vir a público contrapor a ética eclesial de alguns grupos, ditos evangélicos, que a pretexto da evangelização e do desenvolvimento de suas denominações, estão a mercantilizar aquilo que temos de mais sagrado, ou seja, o próprio evangelho.

Quando do início de seu ministério, Jesus se dirigiu a Jerusalém, pois estava perto a páscoa dos judeus, e ao adentrar no templo encontrou aqueles que estavam fazendo na e da Casa do Senhor um negócio lucrativo.

A negociata e o lucro com as coisas do sagrado era o grande “filão” do momento, atraindo toda sorte de aventureiros e espertalhões com roupagem de cordeiro.
Como naquela época, hoje, os negociantes das coisas sagradas e deturpadores da fé estão nas igrejas e nos lugares sagrados, acobertados agora pela liberdade de fé e crença.

O negócio lucrativo da fé nestas igrejas está de vento em popa, aja visto as catedrais imensas que ostentam luxo e fascínio, o acúmulo de bens imóveis, à fascinação pelo poder religioso e político, tudo isto contrário ao ensinamento de Jesus Cristo, que não tinha onde reclinar a cabeça.
Esta igreja diz: “estou rica e abastada e não preciso de coisa alguma”, e o anjo responde, “não sabes que é infeliz, miserável, pobre, cego e nu”. (Apoc. 3:17).

A fé, ao invés de ser o meio de se alcançar o perdão dos pecados pela confiança no sacrifício de Cristo, é o motivador para o ganho financeiro e o sucesso pessoal, obtenção de bens materiais e o carro do ano.

Nada aprenderam do encontro de Jesus com o jovem rico descrito em Marcos 10:17-22, que para seguir a Jesus teria de vender todos os seus bens e dar aos pobres.
Hoje, estas igrejas invertem a mensagem, pois dizem: vem à “igreja” e serás abençoado, e terás tudo o que sua fé desejar.

O centro da mensagem mudou de Jesus para a igreja, e a fé de salvadora para a fé conquistadora de bens.

O povo mais simples e aqueles que não examinam as escrituras para checarem se de fato é assim, são os mais enganados.

Anuncia-se um evangelho “fajuto”, pretensamente verdadeiro, capenga e onde se destacam apenas as necessidades de prosperidade e da “bênção”, que só podem ser obtidas na igreja tal, condição para livrar o crente da miséria, do desemprego e da doença.
Não se prega sobre o perdão, o arrependimento, a graça, o amor, a submissão ao Senhor e o dar aos pobres os seus bens para seguir a Jesus.

É só ufanismo, vitória, bem estar e olhar empinado, tendo no exemplo do mundo capitalista e consumista a matriz do exemplo a ser seguido.
E este proceder não é novo.

O diabo já dizia a Jesus na tentação do monte: todos os reinos deste mundo te darei, se prostrado me adorares - mas ele respondeu: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto.
Cultuar os valores deste mundo e procurar como prioridade as riquezas, a prosperidade, às posses e o sucesso é cultuar o diabo, e para este ministério a igreja não foi chamada.

E esta é a grande tentação em que infelizmente muitas igrejas estão sucumbindo.
Centenas de artifícios são produzidos com o intuito de “amarrar” os desencantados com a vida e os que foram por ela ou pela sociedade marginalizados.

Suas mirabolantes idéias de agregar adeptos, tipo correntes, água abençoada, vara de Moisés, óleo santo e tantas invencionices, são pura enganação, charlatanismo, práticas da macumba e candomblé, verdadeiras crias do diabo e dos homens de marketing religioso.

Jamais se fala ou ensina, sobre a necessidade de tomar o fardo e o jugo e seguir a Jesus, conforme nos ensina o livro de Mateus 11:29, onde o descanso para as nossas almas só vem depois da submissão a sua vontade.

Um evangelho da prosperidade e da riqueza é algo totalmente alheio ao evangelho do novo testamento, uma heresia e afronta ao Filho do Homem que não tinha onde reclinar a cabeça, e que jamais prometeu vida boa e sucesso para os seus seguidores.
Merece por isto, a repulsa de todos os cristãos de boa vontade.

Estas igrejas querem de toda maneira fazer da manjedoura um palácio e da igreja um centro de poder, invertendo a mensagem de salvação e, fazendo das necessidades espirituais, sociais e psicológicas das pessoas a matéria prima para alcançar os seus objetivos de crescimento e poder.
Na sua época, Jesus tendo feito um chicote de cordas e cipós (azorrage), expulsou os cambistas do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. (Jo. 2:16).

Apeles Heringer Lisboa

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