quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O PERDÃO DO CRISTÃO

Uma das grandes bênçãos do evangelho de Cristo é o perdão dos pecados. É a possibilidade de nos sentir aliviados da culpa, do remorso, da tristeza e do desespero. Essa culpa é retirada mediante o arrependimento e fé. Entretanto, não existe perdão de pecados sem o verdadeiro arrependimento. Isto implica no propósito de abandonar, renunciar o pecado. Vem através da fé. A bênção do perdão é concedida a todos os que se arrependem de seus pecados. Arrependimento e fé são graças gêmeas, procedentes do mesmo Espírito Santo, operadas num mesmo coração. Para mostrar que o perdão de Deus é completo, a Bíblia diz: “Tu lançarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar”.[1] Não em lugar raso, mas nas profundezas, onde jamais seriam encontrados, se fossem procurados.

Quando não perdoamos, vamos morrendo aos poucos. Observe o que disse o apóstolo Paulo sobre a necessidade do perdão: “A quem perdoais alguma coisa, também eu perdôo; porque, de fato, o que tenho perdoado (se alguma coisa tenho perdoado), por causa de vós o fiz na presença de Cristo; para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios” (2 Co 2:10-11).

Paulo deixa claro que, quando não perdoamos, abrimos uma porta para que Satanás leve vantagem sobre nós. Ou seja, ficamos reféns do nosso inimigo maior. Portanto, precisamos agir como o Filho Pródigo. Ele não tentou camuflar ou justificar seus desatinos. Não procurou explicar a seu pai as razões que o levaram a agir da forma que agira. Simplesmente disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho!” Essa é a atitude correta que precisa prevalecer no coração do cristão: “pequei, errei, já não sou mais digno para receber qualquer coisa, nem mesmo para ser considerado como tal. Sou culpado, estou em dívida, não tenho qualquer direito a reivindicar. Sou indigno”.

Essa deve ser a nossa atitude, tanto quando pedimos o perdão das pessoas como quando nos dirigimos a Deus em oração. Precisamos pedir a Deus que primeiramente nos conceda a graça de abominarmos o pecado que há em nós, e não apenas o pecado que cometemos. Que não tentemos desculpá-lo, ou acariciá-lo. Perdão não admitido, e não concedido, seca o coração. O que faz o crente tornar-se uma pessoa especial? O que é um crente? É aquele que já se viu como inimigo de Deus. Mas, também, é alguém que já sentiu a manifestação da graça de Deus, através de Cristo Jesus. É aquele que foi perdoado, quando não merecia nada senão a condenação. É aquele que reconhece que não é digno do perdão e da misericórdia divina. É alguém que se tornou filho de Deus, e que está num relacionamento pessoal e íntimo com Ele. É isso que faz do crente uma pessoa especial. Mas, o que é, então, o perdão?
Perdão não é tolerância, não é “fazer de conta”. Não é passar por cima das coisas que nos magoam... Perdão não é mera polidez, tato, ou diplomacia... Não é esquecer. Esquecer é o resultado do perdão completo, o último degrau.

O perdão é raro, não é comum ao mundo, às pessoas sem o conhecimento de Cristo. O perdão é difícil, não é fácil descer de nossa condição de ofendido. Não é fácil abrir mão de nossos “direitos”, de reivindicar o preço de nossas perdas. Não é fácil romper com a inimizade, cancelando a culpa alheia. E mais difícil ainda é pedir perdão, reconhecer que, mesmo que tenhamos razão para punir o outro, precisamos reconhecer que há falhas em nós também. O perdão é caro.

Como nos é custoso perdoar ou pedir perdão! Sim, o perdão é raro, difícil, caro e substitutivo, porquanto é divino. Só podemos fazê-lo, com toda a sinceridade de nosso coração, quando o Senhor nos concede graça suficiente para tal. Por isso o Senhor disse: “Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás” (Lc 17.3-4). O que proporcionou a reação dos apóstolos: “Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé” (Lc 17.5). Perdoe, viva em paz com Deus, com os seus semelhantes, e você sentirá os reflexos do perdão divino em sua vida também! E por tudo isso, oremos: “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mt 6.12). Amém.

Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Mq 7.19

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