segunda-feira, 8 de novembro de 2010

POR QUE PRECISAMOS PEDIR PERDÃO?

Precisamos agir como o Filho Pródigo. Ele não tentou camuflar ou justificar seus desatinos. Não procurou explicar a seu pai as razões que o levaram a agir da forma que agira. Simplesmente disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho!” Essa é a atitude correta que precisa prevalecer no coração do crente: “pequei, errei, já não sou mais digno para receber qualquer coisa, nem mesmo para ser considerado como tal. Sou culpado, estou em dívida, não tenho qualquer direito a reivindicar. Sou indigno”. Também nós, não merecemos e nem temos qualquer mérito diante dEle. Não há em nós alguma coisa que possamos oferecer a Ele para cobrir e apagar as nossas culpas e pecados.

Somos indignos e desprezíveis pecadores. Não fora a graça de Cristo já estaríamos definitivamente condenados ao fogo do inferno, por causa dos nossos pecados. Tão somente podemos dizer como o apóstolo Paulo disse a respeito de si mesmo em Rm 7.15-25. Não há outra explicação para os nossos atos pecaminosos, senão esta. Não há justificativa plausível, nem desculpa suficientemente capaz para apagar o nosso pecado. Não há como explicar, por mais que desejássemos, senão simplesmente reconhecer e confessar que falhamos, erramos, pecamos vergonhosamente contra Deus e contra o nosso próximo. E pecado é pecado, não há justificativa, algo que possa amenizar ou apagar os seus estragos, senão o sangue de Cristo, o qual foi profanado e vilipendiado por nós.

Portanto, não podemos pedir perdão de forma leviana, mas com o coração quebrantado de tristeza e vergonha diante do Senhor da glória. Não se trata apenas de uma mera desculpa para continuarmos no pecado, agindo da mesma forma contra ou com as outras pessoas. Isto seria mais uma atitude leviana e perversa de nossa parte. Quando nos dirigimos a outra pessoa pedindo-lhe perdão pelo que fizemos, é porque não temos outra alternativa para nos acertar com Deus sem que também nos acertemos com a pessoa a quem temos ofendido. Se confessamos nossos pecados a Deus, então, precisamos confessar também a quem ofendemos com atos ou palavras (Tg 5.16). Da mesma forma, devemos nos prostrar, arrependidos e contritos, diante do Senhor, a fim de suplicar-Lhe a graça do perdão para todas os nossos atos e palavras indignas a um servo do Deus santo e puro, como é o nosso Deus. Perdão não é algo simples, fácil e barato; porque custou o alto preço da morte de nosso Salvador na cruz. Perdão é raro, é difícil, custa caro, dói na alma, é sacrificial.

Em Mt 6.12 Jesus ensina que só serei verdadeiramente perdoado, quando eu estiver verdadeiramente arrependido: “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. Se analisarmos o texto apenas no sentido literal, o perdão seria impossível. Jesus, na cruz, demonstrou como devemos agir: “Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...”.[1] Perdoa-lhes, por quê? Esta é a atitude de misericórdia, quando não ficamos a imaginar e racionalizar o que as pessoas merecem pelo que praticaram. Mas vemo-las como escravas do inferno e do diabo. Então, toda a nossa atitude para com os que nos agridem e nos ofendem se modifica. Pela maneira como perdoamos ou não proclamamos se já recebemos perdão do alto. O perdão (salvação) é um imerecido dom de Deus, e é oferecido gratuitamente. A salvação é pela fé. Quando aceita, esta salvação pela fé imediatamente desencadeia atos dispendiosos de amor. Estes atos de amor são expressões de agradecimento pela graça recebida, e não tentativas de ganhar outras bênçãos. Jesus é o único agente de Deus a Quem é anunciado o perdão, e a quem se expressa apropriadamente uma agradecida reação de amor, devido a uma consciência de que através dEle o crente foi muito perdoado”.[2] O perdão implica em amor.

Que Deus, o nosso Pai, nos conceda graça para vivermos de maneira digna do nome de Cristo, o nosso amado Senhor e Mestre, como profetas dos dias atuais: “Pelo que também nos esforçamos para ser-Lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes. Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal de Cristo; para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal” (2 Co 5.9-10). Quem não honra a si mesmo, nem Àquele que nele habita, não recebe a honra que lhe seria devida. A Bíblia assim nos diz: “Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si...” (Rm 1.24).

Nossa vida é uma constante semeadura, um dia haveremos de colher, o bem ou o mau, conforme o nosso investimento aqui nesta vida: “Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal” (2 Co 5.10). Porém, deixe-me apresentar-lhe o apelo da Palavra de Deus neste sentido: “Porque este mandamento, que eu hoje te ordeno, não te é difícil demais, nem tampouco está longe de ti. Não está no céu para dizeres: Quem subirá por nós ao céu, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir, para que o cumpramos? Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, e no-la trará, e no-la fará ouvir, para que o cumpramos? Mas a palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprir. Vê que hoje te pus diante de ti a vida e o bem, a morte o mal... O céu e a terra, tomo hoje como testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz, e te apegando a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias...” (Dt 30.11-15; 19-20a). “converte-te a teu Deus, guarda o amor e o juízo e no teu Deus espera sempre” (Os 12:6).





Acompanhe comigo esta oração, feita por um servo de Deus do passado:[3]

Breve Oração para a Manhã

Ó misericordioso Pai, rogo-Te, pelo amor de Jesus Cristo, que me perdoes todos os meus pecados conhecidos e secretos que tenho cometido em pensamento, palavra ou ato contra a Tua majestade. Livra-me de todos os juízos que me são devidos por causa desses mesmos pecados. Santifica o meu coração com o Teu Espírito Santo, para que doravante eu leve uma vida mais religiosa e mais piedosa! E aqui, ó Senhor, eu louvo o Teu santo nome por me haveres restaurado esta noite com moderado sono e repouso. Também Te suplico que me defendas no dia de hoje dos riscos e perigos que meu corpo e minha alma correm. Para isso eu encomendo o meu ser e minhas ações à Tua bendita proteção e direção, rogando-Te que, quer viva quer morra, eu possa viver e morrer para a Tua glória e para a salvação da minha pobre alma, que adquiriste com o Teu preciosos sangue. Abençoe-me, pois, ó Senhor, em minha saída e em minha entrada, e concede que, seja o que for que eu pense, diga ou faça neste dia, tudo tenda a glorificar o Teu nome, a beneficiar outros e a confortar minha consciência, quando eu comparecer diante de Ti para minha derradeira prestação de contas. Concede-me isso, ó Pai celeste, por amor de Jesus Cristo, Teu Filho, em nome de quem proclamo a Tua glória, e de Tuas mãos peço todas as demais graças que vês que me são necessárias hoej e sempre. Faço este ato de louvor e esta súplica com a oração que Cristo me ensinou:
“Pai nosso, que estás nos céus...”



Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Lc 23.34a
[2] Bailey, Kenneth – As Parábolas de Lucas – Edições Vida Nova, p. 55-60
[3] Lewis Bayly – A PRÁTICA DA PIEDADE, Pg. 179 – PES (Um excelente livro que recomendo para todos que desejam crescer na graça e no conhecimento de Deus).

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