“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”
2. Vemos aqui um calculado contraste.
A isso os anjos fizeram referência na manhã da ressurreição,
dizendo às mulheres: “Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos
falou, estando ainda na Galiléia, dizendo: Convém que o Filho do homem seja
entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia
ressuscite” (Lc 24.6,7). Isso recebeu seu cumprimento quando o Senhor Jesus se
entregou àqueles que vieram prendê-lo no Jardim.
Como vimos em um capítulo anterior, Cristo podia facilmente
ter evitado a prisão. Tudo que tinha que fazer era deixar os oficiais dos
sacerdotes prostrados no chão, e ir embora tranquilamente. Mas ele não agiu
assim. A hora marcada havia chegado. O tempo em que ele submeter-se-ia para ser
levado como um cordeiro ao matadouro chegara. E ele entregou-se nas “mãos dos
pecadores”.
Como eles o trataram é bem sabido; eles se aproveitaram
completamente da oportunidade. Eles deram plena vazão ao ódio do coração carnal
por Deus. Com “mãos ímpias” (At 2.23, KJV) o crucificaram. Mas agora tudo está
acabado. O homem fizera o seu pior. A cruz fora suportada; a obra designada é
terminada.
Voluntariamente tinha o Salvador se entregado às mãos dos
pecadores, e agora, voluntariamente, ele entrega seu espírito nas mãos do Pai.
Que bendito contraste! Nunca mais ele estará de novo nas “mãos dos homens”.
Nunca mais estará ele à mercê do ímpio. Nunca mais sofrerá vergonha. Nas mãos
do Pai ele se entrega, e o Pai agora tomará conta de seus interesses.
Não precisamos nos deter em detalhes na bendita consequência.
Três dias depois o Pai o ressuscitava dos mortos. Quarenta dias depois disso, o
Pai o exaltava acima de todo o principado, e poder, e de todo o nome que se
nomeia, e o pôs à sua própria direita nos céus. E lá agora ele se assenta no
trono do Pai (Ap 3.21), esperando até que seus inimigos sejam feitos escabelo
de seus pés.
Por um dia, ainda que demorado, as posições serão invertidas.
O Pai enviará aquele a quem o mundo rejeitou: ele o fará outra vez, mas em
poder e glória: para governar e reinar sobre toda a terra com vara de ferro.
Então a situação será inversa.
Quando aqui esteve anteriormente os homens se atreveram a
acusá-lo publicamente, mas então ele assentar-se-á para julgá-los. Outrora
esteve nas mãos deles, então eles estarão nas suas. Outrora gritaram: “Tira[-o]”,
então ele dirá: “Apartai-vos de mim”. E, no meio tempo, ele está nas mãos do
Pai, sentado em seu trono, esperando seu deleite!
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