“Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito”.
É digno de nota que esse brado final do Salvador tenha sido
pronunciado pelo espírito de profecia muitos séculos antes da Encarnação. No
salmo de número trinta e um ouvimos o Filho de Davi e o Senhor dizendo,
antecipadamente: “Em ti, Senhor, confio; nunca me deixes confundido; livra-me
pela tua justiça. Inclina para mim os teus ouvidos, livra-me depressa; sê a
minha firme rocha, uma casa fortíssima que me salve. Porque tu és a minha rocha
e a minha fortaleza; pelo que, por amor do teu nome, guia-me e encaminha-me.
Tira-me da rede que para mim esconderam, pois tu és a minha força. Nas tuas
mãos encomendo o meu espírito; tu me remiste, Senhor Deus da verdade” (vv.
1-5)!
Em conexão com cada uma das elocuções de nosso Salvador na cruz
uma profecia foi cumprida. Na primeira vez, ele clamou, “Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem”, e isso cumpriu Isaías 53.12 — “pelos
transgressores intercedeu” [ARA]. Na segunda, ele prometeu ao ladrão: “Hoje
estarás comigo no Paraíso”, e isso foi um cumprimento da profecia do anjo a
José — “chamarás o seu nome Jesus; porque ele salvará o seu povo dos seus
pecados” (Mt 1.21). Na terceira, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”,
e isso cumpriu a profecia de Simeão — “uma espada traspassará também a tua
própria alma” (Lc 2.35).
Na quarta, ele havia perguntado: “Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste?” e tais palavras foram idênticas àquelas do Salmo
22.1. Na quinta, ele exclamou: “Tenho sede”, e isso foi um cumprimento do Salmo
69.21 — “na minha sede me deram a
beber vinagre”. Na sexta, ele bradou triunfantemente: “Está consumado”, e essas
são quase as mesmas palavras que servem de conclusão àquele maravilhoso salmo
vinte e dois: “ele o fez”, ou, como se poderia muito bem verter do hebraico:
“ele consumou”, com o contexto mostrando que ele tinha feito, a saber, a obra de expiação. Por fim,
ele orou: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”, e, como mostramos de
antemão, ele tão somente estava citando o que dele fora escrito de antemão no
Salmo 31. Ó, as maravilhas da cruz! Nunca chegaremos ao fim delas.
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