segunda-feira, 1 de abril de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (44)


“Tenho sede”

 

4. Vemos aqui a submissão do Salvador à vontade do Pai.

O Salvador estava com sede, e aquele que tinha tal sede, lembremos, possuía todo o poder no céu e na terra. Houvesse ele escolhido exercitar sua onipotência, poderia prontamente ter satisfeita a sua necessidade. Aquele que outrora fizera a água fluir da rocha ferida para saciar Israel no deserto, tinha os mesmos recursos infinitos à sua disposição agora.

 

Aquele que tornara a água em vinho com uma palavra, poderia ter dito a palavra de poder aqui, e satisfazer a sua necessidade. Mas ele, em nenhuma vez, operou um milagre para seu próprio benefício ou conforto. Quando tentado por Satanás para assim agir, recusou. Por que agora ele declina de atender a sua premente necessidade? Por que pendia na cruz com os lábios ressecados? Porque no princípio do livro que expressava a vontade divina, estava escrito que ele devia ter sede, e que, sedento, devia lhe ser “dado” vinagre para beber. E ele aqui veio para fazer aquela vontade e, por isso, se submete.

 

Na morte, como na vida, a escritura foi para o Senhor Jesus a palavra autorizada do Deus vivo. Na tentação, recusara-se a ministrar à sua necessidade à parte daquela palavra pela qual ele vivia e assim, agora, ele faz conhecida sua necessidade, não para que se pudesse ministrar a ela, mas para que a escritura pudesse ser cumprida.

 

Note que ele mesmo não a cumpriu, a Deus pode ser confiado que cuide disso; mas ele dá expressão à sua angústia de modo a fornecer ocasião para o seu cumprimento. Como alguém disse: “A terrível sede da crucificação está sobre ele, mas que não é suficiente para forçar seus lábios ressecados para falar; mas está escrito: Na minha sede me deram a beber vinagre — isso abre os seus lábios” (F. W. Grant).

 

Aqui, então, como sempre, ele mostra a si mesmo em ativa obediência à vontade de Deus, a qual ele veio para executar. Ele simplesmente diz, “Tenho sede”; o vinagre é oferecido, e a profecia é cumprida. Que perfeita absorção na vontade do Pai!  Novamente damos uma pausa para a aplicação a nós mesmos — uma aplicação dupla. Primeiro, o Senhor Jesus se deleitava na vontade do Pai mesmo quando envolvia o sofrimento da sede.

 

Nós fazemos esse tipo de renúncia para ele? Temos nós buscado graça para dizer: “Não se faça a minha vontade, mas a tua”?  Podemos nós exclamar, “Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”? Temos nós aprendido em qualquer estado o que seja  “viver contente” (Fp 4.11)?

 

Mas agora, observe um contraste. Ao Filho de Deus foi negado um copo de água fria para aliviar seu sofrimento — quão diferente conosco! Deus nos tem dado uma variedade de alívios para nós, todavia, quão frequentemente somos mal agradecidos! Temos coisas melhores para nos deliciar do que um copo d’água quando estamos sedentos, entretanto, amiúde não somos gratos.

 

Ó, se esse brado de Cristo fosse mais credulamente considerado, levar-nos-ia a bendizer a Deus pelo que nós agora quase desprezamos, e geraria contentamento em nós pela mais comum das misericórdias.

 

O Senhor da glória clamou, “Tenho sede” e nada teve à sua volta para confortá-lo, e tu, que tens mil vezes perdido todo direito às misericórdias tanto temporais quanto espirituais, menosprezas as bondades comuns da providência! Quê! murmuras de um copo de água, tu que mereces senão um copo de ira.

 

Ó, ponha isso no coração e aprenda a se contentar com o que tens, ainda que seja mesmo as necessidades mais simples da vida. Não se queixe se você mora apenas em uma humilde cabana, pois seu Salvador não tinha onde reclinar a cabeça! Não se queixe se você não tem nada senão pão para comer, pois a seu Salvador faltou isso por quarenta dias! Não se queixe se você tem apenas água para beber, pois a seu Salvador ela foi negada até na hora da morte!

“Tenho sede”

pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

 

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