“Está consumado”
Tal
distinção entre pecado EM e pecado SOBRE é uma distinção vital, e deve haver
pouca dificuldade em sua apreensão. Se eu dissesse que o juiz deu a sentença
sobre um criminoso, e que esse está agora sob sentença de morte, todos
entenderiam o que eu quis dizer. Da mesma forma, todos fora de Cristo tem a
sentença da condenação divina que repousa sobre si. Porém, quando um pecador
crê no Senhor, recebe-o como seu Senhor e Mestre, ele não mais está “sob
condenação” — o pecado não mais está sobre si, ou seja, a culpa, a condenação,
a pena do pecado, não mais está sobre ele. E por quê? Porque Cristo levou
nossos pecados em seu próprio corpo sobre o madeiro (1Pd 2.24).
A culpa,
a condenação e a pena de nossos pecados foram transferidas ao nosso substituto.
Em consequência, porque meus pecados foram transferidos a Cristo, eles não mais
estão sobre mim. Essa preciosa verdade
foi contundentemente ilustrada nos tempos do Antigo Testamento em conexão com o
Dia Anual da Expiação em Israel. Naquele dia, Arão, o sumo sacerdote (um tipo
de Cristo), dava satisfação a Deus pelos pecados que Israel cometera durante o
ano anterior. A maneira como isso era feito está descrita em Levítico 16. Dois
bodes eram tomados e apresentados diante de Deus à porta do tabernáculo: isso
era antes que qualquer coisa fosse feita com eles: isso representava Cristo
apresentando-se a Deus, oferecendo para entrar neste mundo, e ser o Salvador
dos pecadores. Um dos bodes era então escolhido e morto, e seu sangue era
levado para dentro do tabernáculo, no interior do véu, no Santo dos Santos e,
ali, era espargido perante e sobre o propiciatório — prefigurando a Cristo oferecendo-se
como um sacrifício a Deus, para satisfazer às exigências de sua justiça e aos
requerimentos de sua santidade.
Lemos
então que Arão saía do tabernáculo e punha ambas as mãos sobre a cabeça do
segundo bode (vivo) — significando um ato de identificação pelo qual ele, o
representante de toda a nação, identificava o povo com o animal, reconhecendo
que seu destino era o que seus pecados mereciam, e que, hoje, corresponde às
mãos da fé, segurando Cristo e identificando a nós mesmos consigo em sua morte.
Tendo posto suas mãos na cabeça do bode vivo, Arão agora confessava sobre ele
“todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões,
segundo todos os seus pecados, e os porá sobre a cabeça do bode” (Lv 16.21).
Desse modo, os pecados de Israel eram transferidos ao seu substituto.
Finalmente se nos diz: “Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades
deles à terra solitária; e enviará o bode ao deserto” (Lv 16.22). O bode que
carregava os pecados de Israel era introduzido num ermo inabitado, e o povo de
Deus não mais via, nem ele nem seus pecados! Tipificando, isso era Cristo
introduzindo nossos pecados em uma terra desolada onde Deus não estava, e ali
dando um fim a eles. A cruz de Cristo, pois, é o túmulo de nossos pecados!
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