“Tenho sede”
6. Vemos aqui a expressão de uma necessidade universal.
Quer o homem natural, o mundano, articule-o ou não, seu
clamor é, “Tenho sede”. Por que esse desejo consumidor para adquirir bens? Por
que esse desejo ardente pelas honras e aplausos do mundo? Por que essa corrida
louca por prazer, indo de uma forma a outra dele com diligência persistente e
incansável? Por que essa busca ávida por sabedoria — essa investigação
científica, esse empenho da filosofia, esse saque aos manuscritos dos antigos,
e essa experimentação incessante dos homens modernos? Por que essa loucura por
aquilo que é novo? Por quê? Porque há uma voz de dor na alma. Porque há algo
remanescente no homem natural que não está satisfeito.
Isso é verdadeiro tanto
para o milionário quanto para o camponês do interior que nunca esteve fora dos
limites de sua terra: viajando de um extremo a outro da terra e fazendo-o outra
vez, não consegue descobrir o segredo da paz. Sobre tudo o que as cisternas
deste mundo fornecem está escrito nas letras da verdade inefável: “Qualquer que
beber desta água tornará a ter sede” (Jo 4.13). Assim se dá com o homem ou a
mulher religiosos: queremos dizer, os religiosos sem Cristo.
Quantos há que vão
pelo fatigante ciclo das ações religiosas, e nada encontram que satisfaça suas
profundas necessidades! Eles são membros de uma denominação evangélica,
frequentam a igreja com regularidade, contribuem com seus recursos para o sustento
do pastor, leem suas Bíblias ocasionalmente, e algumas vezes oram, ou, se usam
um “livro de orações”, dizem-nas toda noite. E contudo, afinal de contas, se
eles são honestos, seu clamor ainda é, “Tenho sede”.
A sede é uma sede espiritual; eis o porquê das coisas
naturais não poder matá-la. Desconhecido deles mesmos, sua alma “tem sede de
Deus” (Sl 42.2). Deus nos fez, e só ele pode nos satisfazer. Disse o Senhor
Jesus: “Aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede” (Jo 4.14).
Apenas Cristo pode saciar a nossa sede. Apenas ele pode satisfazer a profunda
necessidade dos nossos corações. Apenas ele pode comunicar aquela paz de que o
mundo nada sabe e nem a pode conceder ou tirar.
Ó leitor, uma vez mais eu me dirijo a tua consciência. Como
está ela contigo? Descobriste que tudo debaixo do sol é somente vaidade e
aflição de espírito? Descobriste que as coisas terrenas são incapazes de
satisfazer a seu coração? É o brado de sua alma, “Tenho sede”? Então, não são
boas notícias ouvir que há alguém que pode satisfazer a ti? Dissemos alguém,
não um credo, não uma forma de religião, mas uma pessoa — uma pessoa viva,
divina. Ele é o que diz:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu
vos aliviarei” (Mt 11.28). Atente então a esse doce convite. Venha a ele agora,
assim como estás. Venha em fé, crendo que ele te receberá, e então cantarás:
Vim a Jesus como
estava,
Farto, cansado,
e triste;
Nele encontrei
um lugar de descanso,
E ele me tornou
alegre.
Ó, venha a Cristo. Não se detenha. Você tem “sede”? Então
você é aquele que está buscando: “Bem aventurados os que tem fome e sede de
justiça, porque eles serão fartos” (Mt 5.6).
Leitor não salvo, não rejeite o Salvador, pois se você morrer em seus
pecados seu clamor para todo o sempre será, “Tenho sede”. Esse é o lamento do
condenado eternamente. No lago de fogo o perdido sofrerá entre as chamas da ira
divina por toda a eternidade.
Se Cristo clamou “Tenho sede” quando padecia da
ira de Deus só por três horas, qual o estado daqueles que terão de suportá-la
eternamente! Quando milhões de anos tiverem se passado, mais dez milhões haverá
à frente. Há uma sede perene no inferno, que não admite alívio algum. Lembre-se
das pavorosas palavras do homem rico: “E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia
de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque
a língua, porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16.24).
Ó, meu leitor,
pense. Se a sede física extrema é insuportável mesmo quando suportada por
algumas poucas horas, como será aquela sede que está infinitamente além de
qualquer sede do presente, e que nunca será saciada! Não diga que é cruel da
parte de Deus lidar desse modo com suas criaturas que erram. Lembre ao que ele
expôs seu querido Filho, quando o pecado lhe foi imputado — seguramente, aquele
que despreza a Cristo é merecedor do mais quente lugar no inferno! Dizemo-lo
outra vez, Receba-o agora como seu. Receba-o como seu Salvador, e submeta-se a
ele como seu Senhor.
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