“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”
1. Vemos aqui o Salvador outra vez de volta à comunhão com o
Pai.
Isso é sobremaneira precioso. Por um instante aquela comunhão
foi quebrada — quebrada exteriormente — quando a luz da santa face de Deus foi
ocultada dAquele que levava nossos pecados, mas agora as trevas haviam passado
e eram findas para sempre. Até à cruz tinha havido comunhão perfeita e
ininterrupta entre o Pai e o Filho. É extraordinariamente belo observar como o
terrível “Cálice” mesmo fora aceito das mãos do Pai: “Não beberei eu o cálice que o Pai me deu?”
(Jo 18.11).
Na cruz, no início, o Senhor Jesus ainda é encontrado em
comunhão com o Pai, pois senão não teria clamado, “Pai, perdoa-lhes”! A sua
primeira declaração na cruz, então, foi “Pai, perdoa-lhes”, e agora sua última
palavra é: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Porém, entre aquelas
elocuções ele tinha ficado ali pendurado por seis horas: três delas passadas em
sofrimento nas mãos do homem e de Satanás; as três outras, na mão de Deus,
quando a espada da justiça divina foi “despertada” para ferir o Companheiro de
Jeová. Durante
aquelas três últimas horas, Deus se tinha retirado do Salvador, o que evoca
aquele terrível clamor: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mas
agora está tudo feito. O cálice é bebido até à última gota: a tempestade da ira
se tinha passado: as trevas são idas, e o Salvador é visto mais uma vez em
comunhão com o Pai — comunhão nunca mais quebrada.
“Pai”. Quão amiúde essa palavra estava nos lábios do
Salvador! A primeira vez em que foi registrada: “Não sabeis que me convém
tratar dos negócios de meu Pai?” No que foi provavelmente seu primeiro discurso
formal — o “sermão da montanha” — ele fala do “Pai” dezessete vezes. Quando em
seu discurso final aos discípulos, o “discurso pascal” encontrado em João
14-16, a palavra “Pai” é achada não menos do que quarenta e cinco vezes! No
capítulo seguinte, João 17, que contém o que é conhecido como a grande oração
sacerdotal de Cristo, ele fala ao e do Pai por mais seis vezes. E agora, pela
última vez antes de renunciar à própria vida, diz novamente: “Pai, nas tuas
mãos entrego o meu espírito”. E quão abençoado é que seu Pai seja nosso Pai!
Nosso porque seu.
Quão maravilhoso isso é! Quão inefavelmente precioso que eu
possa erguer meus olhos ao grande Deus vivente e falar, “Pai”, meu Pai! Que
conforto está contido nesse título! Que segurança é comunicada! Deus é meu Pai,
então ele me ama, ama-me como ao próprio Cristo (Jo 17.23)! Deus é meu Pai e me
ama, então ele se importa comigo. Deus é meu Pai e cuida de mim, então suprirá
todas as minhas necessidades (Fp 4.19). Deus é meu Pai, então ele fará com que
nenhum mal aconteça a mim, sim, que todas as coisas serão feitas para
trabalharem juntos para o meu bem. Ó, que
seus filhos adentrem mais profunda e praticamente na bênção de tal relacionamento,
e então, alegremente exclamem com o apóstolo: “Vede quão grande caridade nos
tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus” (1Jo 3.1)!
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