“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe”
(João 19. 25).
“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe” (Jo 19.25). Após os
dias de sua infância e adolescência, e durante todo o ministério público de
Cristo, vemos e ouvimos muito pouco de Maria. Sua vida foi vivida na
obscuridade, entre as sombras. Mas agora, quando a hora suprema lhe golpeava
com a agonia do seu Filho, quando o mundo rejeitava o filho do seu ventre, ela
permaneceu ali, junto à cruz! Quem pode retratar adequadamente tal figura?
Maria estava mais perto do madeiro cruel! Despojada de fé e esperança,
frustrada e paralisada pela estranha cena, todavia, ligada com a corrente
dourada de amor àquele que estava agonizando, ali ela permanece! Experimente e
leia os pensamentos e as emoções do coração daquela mãe.
Ó, que espada foi aquela que perfurou a sua alma então!
Felicidade tal como nunca em um nascimento humano, tristeza tal como nunca em
uma morte desumana. Aqui vemos demonstrado o coração de mãe. Ela é a mãe
daquele homem moribundo. Aquele que
agonizava ali sobre a cruz era o seu filho. Ela foi a primeira a beijar aquela
testa agora coroada de espinhos. Ela foi a primeira a guiar aquelas mãos e pés
nos seus movimentos quando bebê.
Nenhuma mãe jamais sofreu como ela. Seus discípulos podem
desertá-lo, seus amigos podem esquecê-lo, sua nação pode desprezá-lo, mas sua
mãe permanece ali ao pé da sua cruz. Oh, quem pode sondar ou analisar o coração
da Mãe? Quem pode mensurar aquelas horas de tristeza e sofrimento à medida que
a espada atravessava lentamente a alma de Maria? Não houve nenhum pranto
histérico ou efusivo. Não houve nenhuma demonstração de fraqueza feminina;
nenhum clamor violento vindo de uma angústia incontrolável; nenhum desmaio.
Palavra alguma de seus lábios ficou registrada por nenhum dos
quatro evangelistas: ela aparentemente sofreu em vigoroso silêncio. Todavia,
sua tristeza não foi menos real e aguda. Águas silenciosas penetram fundo. Ela
viu aquela testa perfurada com espinhos cruéis, mas não pôde alisá-la com seu
terno toque. Ela viu suas mãos perfuradas e seus pés ficarem dormentes e
pálidos, mas ela não podia esfregá-los. Ela notou sua necessidade de água, mas
não lhe foi permitido saciar sua sede. Ela sofreu em profunda desolação de
espírito.
“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe” (Jo 19.25). A
multidão estava zombando; os ladrões, insultando; os sacerdotes, escarnecendo;
os soldados, endurecidos e indiferentes; o Salvador, sangrando e morrendo
– e ali está sua mãe contemplando a
horrível zombaria. Quem ficaria maravilhado se ela desmaiasse diante de uma tal
visão! Quem ficaria maravilhado se ela se afastasse de um tal espetáculo! Quem
ficaria maravilhado se ela fugisse de uma tal cena! Mas não! Ali estava ela: não se encolhe, não
desmaia, e nem mesmo desaba ao chão em sua dor – ela permaneceu de pé. Sua ação e atitude são
singulares.
Em todos os anais da história da nossa raça não há nenhum paralelo.
Que coragem transcendente! Ela permaneceu junto à cruz de Jesus – que vigor maravilhoso! Ela reprimiu sua dor,
e permaneceu ali quieta. Não foi a reverência pelo Senhor que a guardou de
perturbá-lo em seus últimos momentos?
“Ora, Jesus, vendo ali sua mãe e que o discípulo a quem ele amava estava
presente, disse à sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois, disse ao
discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua
casa” (Jo 19.26, 27).
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