sexta-feira, 29 de março de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (42)


“Tenho sede”

 
“Tenho sede”. Isso era mais do que a sede comum. Era algo mais profundo do que os sofrimentos físicos por detrás dela. Uma comparação cuidadosa de nosso texto com o de Mateus 27.48 mostra tais palavras “Tenho sede” seguidas imediatamente após a quarta elocução de nosso Salvador na cruz — “Eli, Eli, lama sabactâni” — pois enquanto o soldado estava pressionando a esponja embebida em vinagre nos lábios do padecente, alguns dos espectadores gritaram: “Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo”.
 
Todos sabemos que as provações internas da alma reagem no corpo, destruindo os nervos e afetando o vigor — “O espírito abatido virá a secar os ossos” (Pv 17.22); “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio” (Sl 32.3,4).

O corpo e a alma são solidários um com o outro. Lembremo-nos de que o Salvador havia acabado de emergir das três horas de trevas, durante as quais a face de Deus havia se retirado dele enquanto sofria a fúria de sua ira derramada. Esse grito de sofrimento do corpo diz-nos, então, da severidade do conflito espiritual que ele tinha acabado de passar! Falando com antecedência pela boca de Jeremias dessa hora mesma, ele disse:
 
“Não vos comove isto a todos vós que passais pelo caminho? atendei, e vede, se há dor como a minha dor, que veio sobre mim, com que me entristeceu o Senhor, no dia do furor da sua ira. Desde o alto enviou fogo a meus ossos, o qual se assenhoreou deles; estendeu uma rede aos meus pés, fez-me voltar para trás, fez-me assolada e enferma todo o dia” (Lm 1.12,13). Sua “sede” foi o efeito da agonia de sua alma no feroz calor da ira divina. Falava da seca da terra onde o Deus vivo não está.



Mais ainda: claramente expressava seu anelo por comunhão novamente com ele, de quem ficara separado por três horas. Não foi o próprio Cristo quem disse, pelo espírito de profecia, e o faz agora, assim que emergiu das trevas: “Como o cervo brama pelas correntes de águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” Não identificam as palavras seguintes quem fala e não revelam elas o tempo em que aquele anelo e “suspiro” foram expressos? “As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?” (Sl 42.1-3).
 
 

pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

 

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