“Tenho sede”
3. Aqui vemos a
profunda reverência de nosso Senhor pelas escrituras.
Quão constantemente
a mente do Salvador se voltava aos oráculos sagrados! Ele de fato vivia de toda
a palavra que sai da boca de Deus.
Era o “Bem-aventurado Homem” que meditava na lei de Deus “de dia e de noite”
(Sl 1).
A palavra escrita
era o que formava seus pensamentos, preenchia o seu coração, e regulava os seus
caminhos. As escrituras são a vontade do Pai transcrita, e essa foi sempre o
seu deleite. Na tentação, aqueles escritos foram sua defesa. Em seu ensino os
estatutos do Senhor foram sua autoridade. Em suas controvérsias com os escribas
e fariseus, sempre apelou à lei e ao testemunho.
E agora, na hora da
morte, sua mente permanecia na palavra da verdade. A fim de alcançar a força
principal dessa quinta elocução do Salvador na cruz, devemos reparar em seu
contexto: “Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a
Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede” (Jo 19.28).
A referência é ao
Salmo 69 — mais um dos salmos messiânicos que descrevem tão vividamente sua
paixão. No espírito de profecia, havia declarado: “Deram-me fel por mantimento,
e na minha sede me deram a beber vinagre” (v. 21). Isso ainda estava sem ser
concluído. As predições dos versículos precedentes já tinham recebido seu
cumprimento. Ele já havia atolado no “profundo lamaçal” (v. 2); ele havia sido
aborrecido “sem causa” (v. 4); ele havia “suportado afrontas” e confusão (v.
7); ele havia se “tornado como um estranho” para os seus irmãos (v. 8); ele
havia se tornado “um provérbio” para os seus injuriadores, e “a canção dos
bebedores de bebida forte” (vv. 11,12); ele havia “clamado a Deus” em sua
angústia (vv. 17-20) — e agora nada mais faltava senão oferecer a ele a bebida
de vinagre e fel, e a fim de cumprir isso foi que ele bradou: “Tenho sede”.
“Sabendo Jesus que
já TODAS as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse,
disse: Tenho sede”. Quão completamente calmo estava o Salvador! Ele estava
pendurado naquela cruz por seis horas e havia passado por sofrimento sem
paralelo, e contudo sua mente está clara e sua memória intacta. Tinha diante de
si, com perfeita distinção, toda a palavra divina. Ele revisava o escopo todo
da predição messiânica. Ele lembra-se de que há uma profecia escriturística que
não foi levada a cabo. Ele não passou por cima de nada. Que prova essa de que
ele era divinamente superior a todas as circunstâncias!
Antes de
prosseguirmos devemos brevemente indicar uma aplicação para nós mesmos. Temos
observado como o Salvador se curvou à autoridade da escritura tanto na vida
quanto na morte; leitor cristão, como isso se dá contigo? O livro divino é a
corte final de apelação a você? Você descobre nela uma revelação da mente e da
vontade de Deus concernente a você? Ela é uma lâmpada para os seus pés?
Ou seja, você está andando em sua luz?
Os seus mandamentos são obrigatórios para você?
Você está realmente
obedecendo-a? Você pode dizer com Davi, “Escolhi o caminho da verdade;
propus-me seguir os teus juízos. Apego-me aos teus testemunhos... Considerei os
meus caminhos, e voltei os meus pés para os teus testemunhos. Apressei-me, e
não me detive, a observar os teus mandamentos” (Sl 119.30,31,59,60)? Você, como
o Salvador, está ansioso por cumprir as escrituras?
Ó, possam o
escritor e o leitor buscar graça para orar de coração: “Faze-me andar na vereda
dos teus mandamentos, porque nela tenho prazer. Inclina o meu coração a teus
testemunhos... Ordena os meus passos na tua palavra, e não se apodere de mim
iniquidade alguma” (Sl 119.35,36,133).
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
Nota do tradutor: Salmo 119.105.
Nota do tradutor: 1João 1.7.
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