sexta-feira, 29 de março de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (43)


“Tenho sede”

3. Aqui vemos a profunda reverência de nosso Senhor pelas escrituras.

Quão constantemente a mente do Salvador se voltava aos oráculos sagrados! Ele de fato vivia de toda a palavra que sai da boca de Deus.[1] Era o “Bem-aventurado Homem” que meditava na lei de Deus “de dia e de noite” (Sl 1).

 A palavra escrita era o que formava seus pensamentos, preenchia o seu coração, e regulava os seus caminhos. As escrituras são a vontade do Pai transcrita, e essa foi sempre o seu deleite. Na tentação, aqueles escritos foram sua defesa. Em seu ensino os estatutos do Senhor foram sua autoridade. Em suas controvérsias com os escribas e fariseus, sempre apelou à lei e ao testemunho.[2]

 E agora, na hora da morte, sua mente permanecia na palavra da verdade. A fim de alcançar a força principal dessa quinta elocução do Salvador na cruz, devemos reparar em seu contexto: “Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede” (Jo 19.28).

 A referência é ao Salmo 69 — mais um dos salmos messiânicos que descrevem tão vividamente sua paixão. No espírito de profecia, havia declarado: “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre” (v. 21). Isso ainda estava sem ser concluído. As predições dos versículos precedentes já tinham recebido seu cumprimento. Ele já havia atolado no “profundo lamaçal” (v. 2); ele havia sido aborrecido “sem causa” (v. 4); ele havia “suportado afrontas” e confusão (v. 7); ele havia se “tornado como um estranho” para os seus irmãos (v. 8); ele havia se tornado “um provérbio” para os seus injuriadores, e “a canção dos bebedores de bebida forte” (vv. 11,12); ele havia “clamado a Deus” em sua angústia (vv. 17-20) — e agora nada mais faltava senão oferecer a ele a bebida de vinagre e fel, e a fim de cumprir isso foi que ele bradou: “Tenho sede”.

 “Sabendo Jesus que já TODAS as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede”. Quão completamente calmo estava o Salvador! Ele estava pendurado naquela cruz por seis horas e havia passado por sofrimento sem paralelo, e contudo sua mente está clara e sua memória intacta. Tinha diante de si, com perfeita distinção, toda a palavra divina. Ele revisava o escopo todo da predição messiânica. Ele lembra-se de que há uma profecia escriturística que não foi levada a cabo. Ele não passou por cima de nada. Que prova essa de que ele era divinamente superior a todas as circunstâncias! 

 Antes de prosseguirmos devemos brevemente indicar uma aplicação para nós mesmos. Temos observado como o Salvador se curvou à autoridade da escritura tanto na vida quanto na morte; leitor cristão, como isso se dá contigo? O livro divino é a corte final de apelação a você? Você descobre nela uma revelação da mente e da vontade de Deus concernente a você? Ela é uma lâmpada para os seus pés? [3] Ou seja, você está andando em sua luz? [4] Os seus mandamentos são obrigatórios para você? 

Você está realmente obedecendo-a? Você pode dizer com Davi, “Escolhi o caminho da verdade; propus-me seguir os teus juízos. Apego-me aos teus testemunhos... Considerei os meus caminhos, e voltei os meus pés para os teus testemunhos. Apressei-me, e não me detive, a observar os teus mandamentos” (Sl 119.30,31,59,60)? Você, como o Salvador, está ansioso por cumprir as escrituras?

 Ó, possam o escritor e o leitor buscar graça para orar de coração: “Faze-me andar na vereda dos teus mandamentos, porque nela tenho prazer. Inclina o meu coração a teus testemunhos... Ordena os meus passos na tua palavra, e não se apodere de mim iniquidade alguma” (Sl 119.35,36,133).
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br


[1] Nota do tradutor: Mateus 4.4.
[2] Nota do tradutor: Isaías 8.20.
[3] Nota do tradutor: Salmo 119.105.
[4] Nota do tradutor: 1João 1.7.

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