“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe”
(João 19. 25).
5. Aqui vemos que
as relações espirituais não devem ignorar as responsabilidades naturais.
Há aqui uma lição a
qual muitos precisam levar a sério nos dias correntes. Nenhuma obrigação,
nenhuma obra, por importante que seja, pode nos servir de escusa para deixarmos
as obrigações de natureza, de cuidar daqueles por quem temos deveres de sangue.
Aqueles que partem como missionários para labutar em terras pagãs, e que deixam
para trás seus filhos, ou que os enviam de volta à terra natal para serem
cuidados por estranhos, não estão seguindo os passos do Salvador.
Aquelas mulheres
que passam a maior parte de seu tempo em reuniões públicas, ainda que sejam de
cunho religioso, ou que descem às favelas para ministrar aos pobres e
necessitados, negligenciando sua própria família em casa, só estão trazendo
vitupério ao nome e à causa de Cristo. Tais homens, mesmo que estejam à frente
da obra de Cristo, que estão tão ocupados pregando e ensinando que não têm
tempo algum para cumprir as obrigações por ele devidas às suas próprias esposas
e filhos, precisam estudar e praticar o princípio exemplificado aqui por Cristo
na cruz. Aqui vemos uma necessidade
universal exemplificada.
Quão diferente é a
Maria da escritura da Maria da superstição! Ela não era nenhuma Madona altiva,
mas um membro da raça caída como cada um de nós, uma pecadora tanto por
natureza quanto por prática. Antes do nascimento de Cristo ela declarou: “A
minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu
Salvador” (Lc 1.46,47).
E agora, na morte
do Senhor Jesus ela é encontrada perante a cruz. A palavra de Deus não
apresenta a mãe de Jesus como a rainha dos anjos adornada com diadema, mas como
alguém que se deleitava em um Salvador. É verdade que ela é “bendita entre (não
‘acima de’) as mulheres”, e isso em virtude da elevada honra de ser a mãe do
Redentor; todavia, ela era humana, um membro real de nossa raça caída, uma
pecadora que precisava de um Salvador.
Ela permaneceu
junto à cruz. E quando ali estava, o Salvador exclamou, “Mulher, eis aí o teu filho!”[1]
(Jo 19.26). Ali, resumida numa simples
palavra, é expressa a necessidade de todo descendente de Adão — voltar os olhos
do mundo, para fora do eu, e olhar por fé para o Salvador que morreu pelos
pecadores. Ali está o divino epítome do Caminho da Salvação. Libertação da ira
vindoura, perdão dos pecados, aceitação por parte de Deus, tudo isso é obtido,
não por feito meritório, não por boas obras, não por ordenanças religiosas;
não, a salvação vem por contemplar — “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo”[2].
Assim como os
israelitas mordidos pelas serpentes no deserto foram curados por um olhar, por
um olhar para o que Jeová designou que fosse o objeto da fé deles, também hoje
a redenção da culpa e do poder do pecado, a libertação da maldição da lei
quebrada e do cativeiro de Satanás, deve ser encontrada somente pela fé em
Cristo. “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o
Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna” (João 3.14,15).
Há vida em um olhar. Leitor, você já
contemplou desse modo aquele divino Sofredor? Você o viu morrendo na cruz, o
justo pelo injusto, para que pudesse nos trazer para Deus? Maria, mãe de
Cristo, precisava “contemplá-lo”, e assim é com você. Olhe então, olhe para
Cristo e serás salvo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário