quinta-feira, 14 de março de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (27)


“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe” (João 19. 25).

 

5. Aqui vemos que as relações espirituais não devem ignorar as responsabilidades naturais.

 O Senhor Jesus estava morrendo como o Salvador para os pecadores. Ele estava comprometido com a mais importante e estupenda incumbência que esta terra jamais testemunhou ou testemunhará. Ele estava a ponto de oferecer satisfação à justiça divina ultrajada. Ele estava para fazer aquela obra pela qual o mundo fora feito, pela qual a raça humana fora criada, pela qual todas as eras aguardaram, e pela qual ele, o Verbo eterno, se encarnara. Entretanto, ele não passou por cima das responsabilidades dos laços naturais; ele não deixou de fazer provisão àquela que, de acordo com a carne, era sua mãe.

Há aqui uma lição a qual muitos precisam levar a sério nos dias correntes. Nenhuma obrigação, nenhuma obra, por importante que seja, pode nos servir de escusa para deixarmos as obrigações de natureza, de cuidar daqueles por quem temos deveres de sangue. Aqueles que partem como missionários para labutar em terras pagãs, e que deixam para trás seus filhos, ou que os enviam de volta à terra natal para serem cuidados por estranhos, não estão seguindo os passos do Salvador.

Aquelas mulheres que passam a maior parte de seu tempo em reuniões públicas, ainda que sejam de cunho religioso, ou que descem às favelas para ministrar aos pobres e necessitados, negligenciando sua própria família em casa, só estão trazendo vitupério ao nome e à causa de Cristo. Tais homens, mesmo que estejam à frente da obra de Cristo, que estão tão ocupados pregando e ensinando que não têm tempo algum para cumprir as obrigações por ele devidas às suas próprias esposas e filhos, precisam estudar e praticar o princípio exemplificado aqui por Cristo na cruz.  Aqui vemos uma necessidade universal exemplificada. 

Quão diferente é a Maria da escritura da Maria da superstição! Ela não era nenhuma Madona altiva, mas um membro da raça caída como cada um de nós, uma pecadora tanto por natureza quanto por prática. Antes do nascimento de Cristo ela declarou: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1.46,47).

E agora, na morte do Senhor Jesus ela é encontrada perante a cruz. A palavra de Deus não apresenta a mãe de Jesus como a rainha dos anjos adornada com diadema, mas como alguém que se deleitava em um Salvador. É verdade que ela é “bendita entre (não ‘acima de’) as mulheres”, e isso em virtude da elevada honra de ser a mãe do Redentor; todavia, ela era humana, um membro real de nossa raça caída, uma pecadora que precisava de um Salvador.

Ela permaneceu junto à cruz. E quando ali estava, o Salvador exclamou, “Mulher, eis aí o teu filho!”[1] (Jo 19.26). Ali, resumida numa simples palavra, é expressa a necessidade de todo descendente de Adão — voltar os olhos do mundo, para fora do eu, e olhar por fé para o Salvador que morreu pelos pecadores. Ali está o divino epítome do Caminho da Salvação. Libertação da ira vindoura, perdão dos pecados, aceitação por parte de Deus, tudo isso é obtido, não por feito meritório, não por boas obras, não por ordenanças religiosas; não, a salvação vem por contemplar — “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”[2].

Assim como os israelitas mordidos pelas serpentes no deserto foram curados por um olhar, por um olhar para o que Jeová designou que fosse o objeto da fé deles, também hoje a redenção da culpa e do poder do pecado, a libertação da maldição da lei quebrada e do cativeiro de Satanás, deve ser encontrada somente pela fé em Cristo. “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.14,15).
 
Há vida em um olhar. Leitor, você já contemplou desse modo aquele divino Sofredor? Você o viu morrendo na cruz, o justo pelo injusto, para que pudesse nos trazer para Deus? Maria, mãe de Cristo, precisava “contemplá-lo”, e assim é com você. Olhe então, olhe para Cristo e serás salvo.

 
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

 



[1] Nota do tradutor: o autor inicia “filho” com maiúscula, no original, e o faz com certa liberdade, já que essa palavra não é encontrada assim nem versão inglesa por ele empregada. Preferimos nos ater ao original, porém.
[2] Nota do tradutor: João 1.29.

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