terça-feira, 5 de março de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (18)


“E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe       Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23. 42,43).    Temos aqui um maravilhoso caso de iluminação espiritual.

 É perfeitamente maravilhoso o progresso feito por esse homem naquelas poucas horas  de agonia. Seu crescimento na graça e no conhecimento de seu Senhor        foi espetacular. Do breve registro das palavras que saíram de seus lábios podemos descobrir sete coisas as quais ele havia aprendido sob a instrução do Espírito Santo. Primeiro, ele expressa sua crença em uma vida futura onde a retribuição seria dada por um Deus justo e que vinga o pecado. Prova-o a frase “Tu nem ainda temes a Deus”. Ele passa uma severa reprimenda em seu companheiro, como quem diz, Como ousa você ter a temeridade de insultar a esse homem inocente? Lembre-se de que brevemente você terá de aparecer diante de Deus e encarar um tribunal infinitamente mais solene do que aquele que o sentenciou para ser crucificado. Deus é para ser temido, portanto, fique quieto.

Segundo, como tenho visto, ele viu sua própria pecaminosidade — “Tu... [não estás] na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam” (Lc 23.40,41). Ele reconheceu que era um transgressor. Ele viu que o pecado merecia punição, que a “condenação” era justa. Ele admitiu que a morte era o que ele merecia. Isso foi algo que seu companheiro não confessou nem reconheceu.

Terceiro, ele testemunhou da impecabilidade de Cristo — “este nenhum mal fez” (Lc 23.41). E aqui podemos observar que Deus se deu ao trabalho de preservar o caráter imaculado de seu Filho. Isso é especialmente visto perto do fim. Judas foi levado a dizer, “[Traí] o sangue inocente”. Pilatos testificou, “nenhum crime acho nele”.[1] A esposa desse disse: “Não entres na questão desse justo”.[2] E agora que ele pendia na cruz, Deus abre os olhos desse assaltante para ver a perfeição de seu Filho amado, e abre seus lábios para que ele testemunhe de sua excelência.

Quarto, ele não apenas testemunhou da humanidade impecável de Cristo, mas também confessou sua Divindade — “Senhor, lembra-te de mim”, disse. Maravilhosa palavra, essa. O Salvador pregado ao madeiro, o objeto da aversão dos judeus e alvo de zombaria do populacho ordinário. Esse ladrão ouvira o insolente desafio dos sacerdotes: “Se és Filho de Deus, desce da cruz”, e resposta alguma fora dada. Mas, movido por fé e não por vista,[3] reconhece e confessa a deidade do sofredor que estava ao centro.

Quinto, ele creu na condição de salvador do Senhor Jesus. Tinha ouvido a oração de Cristo por seus inimigos, “Pai, perdoa-lhes...” e àquele cujo coração o Senhor tinha aberto, essa curta frase tornou-se um sermão de salvação. Seu próprio clamor, “Senhor, lembra-te de mim”, trazia dentro de si seu escopo, “Senhor, salva-me”, o que, por conseguinte, faz supor sua fé no Senhor Jesus como Salvador. Na verdade, ele deve ter crido que Jesus era um Salvador para o principal dos pecadores [4] ou então, como poderia ter crido que Cristo lembrar-se-ia de alguém tal como ele!

Sexto, ele demonstrou sua fé no reinado de Cristo — “quando entrares no teu reino”. Isso também foi uma palavra maravilhosa. As circunstâncias externas todas pareciam desmentir seu reinado. Em vez de estar sentado num trono, ele estava pendurado numa cruz. Em vez de estar usando um diadema real, sua fronte estava rodeada de espinhos. Em vez de estar acompanhado por um séquito de servos, ele estava contado com os transgressores. Entretanto, ele era rei — Rei dos Judeus (Mt 2.2).

Finalmente, ele ansiou pela segunda vinda de Cristo — “quando entrares”. Ele olhou para longe do presente e para o futuro. Ele viu além dos “sofrimentos”, a “glória” [5]. Sobre a cruz o olho da fé detectou a coroa. E nisso ele se antecipou aos apóstolos, pois a incredulidade fechara os olhos deles.

Sim, ele olhou para além do primeiro advento em vergonha para o segundo, em poder e majestade. E como podemos explicar a inteligência espiritual desse ladrão agonizante? Onde ele recebeu tal insight das coisas de Cristo? Como foi que esse bebê em Cristo fez tão estupendo progresso na escola de Deus? Somente pode ser explicado pela influência divina. O Espírito Santo foi seu professor! A carne e o sangue não lhe haviam revelado tais coisas mas o Pai no céu.[6] Que ilustração de que as coisas divinas estão escondidas “dos sábios e entendidos” e reveladas aos “pequeninos”![7]

 
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br



[1] Nota do tradutor: João 19.6.
[2] Nota do tradutor: Mateus 27.19.
[3] Nota do tradutor: 2Coríntios 5.7.
[4] Nota do tradutor: 1Timóteo 1.15.
[5] Nota do tradutor: 1Pedro 1.11
[6] Nota do tradutor: Mateus 16.17.
[7] Nota do tradutor: Mateus 11.25.

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