“E disse a Jesus: Senhor,
lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso” (Lucas 23. 42,43). Temos aqui um
maravilhoso caso de iluminação espiritual.
Segundo, como tenho
visto, ele viu sua própria pecaminosidade — “Tu... [não estás] na mesma
condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos
feitos mereciam” (Lc 23.40,41). Ele reconheceu que era um transgressor. Ele viu
que o pecado merecia punição, que a “condenação” era justa. Ele admitiu que a
morte era o que ele merecia. Isso foi algo que seu companheiro não confessou
nem reconheceu.
Terceiro, ele
testemunhou da impecabilidade de Cristo — “este nenhum mal fez” (Lc 23.41). E
aqui podemos observar que Deus se deu ao trabalho de preservar o caráter
imaculado de seu Filho. Isso é especialmente visto perto do fim. Judas foi
levado a dizer, “[Traí] o sangue inocente”. Pilatos testificou, “nenhum crime
acho nele”.[1]
A esposa desse disse: “Não entres na questão desse justo”.[2]
E agora que ele pendia na cruz, Deus abre os olhos desse assaltante para ver a
perfeição de seu Filho amado, e abre seus lábios para que ele testemunhe de sua
excelência.
Quarto, ele não
apenas testemunhou da humanidade impecável de Cristo, mas também confessou sua
Divindade — “Senhor, lembra-te de mim”, disse. Maravilhosa palavra, essa. O
Salvador pregado ao madeiro, o objeto da aversão dos judeus e alvo de zombaria
do populacho ordinário. Esse ladrão ouvira o insolente desafio dos sacerdotes:
“Se és Filho de Deus, desce da cruz”, e resposta alguma fora dada. Mas, movido
por fé e não por vista,[3]
reconhece e confessa a deidade do sofredor que estava ao centro.
Quinto, ele creu na
condição de salvador do Senhor Jesus. Tinha ouvido a oração de Cristo por seus
inimigos, “Pai, perdoa-lhes...” e àquele cujo coração o Senhor tinha aberto,
essa curta frase tornou-se um sermão de salvação. Seu próprio clamor, “Senhor,
lembra-te de mim”, trazia dentro de si seu escopo, “Senhor, salva-me”, o que,
por conseguinte, faz supor sua fé no Senhor Jesus como Salvador. Na verdade,
ele deve ter crido que Jesus era um Salvador para o principal dos pecadores [4]
ou então, como poderia ter crido que Cristo lembrar-se-ia de alguém tal como
ele!
Sexto, ele
demonstrou sua fé no reinado de Cristo — “quando entrares no teu reino”. Isso
também foi uma palavra maravilhosa. As circunstâncias externas todas pareciam
desmentir seu reinado. Em vez de estar sentado num trono, ele estava pendurado
numa cruz. Em vez de estar usando um diadema real, sua fronte estava rodeada de
espinhos. Em vez de estar acompanhado por um séquito de servos, ele estava
contado com os transgressores. Entretanto, ele era rei — Rei dos Judeus (Mt
2.2).
Finalmente, ele
ansiou pela segunda vinda de Cristo — “quando entrares”. Ele olhou para longe
do presente e para o futuro. Ele viu além dos “sofrimentos”, a “glória” [5].
Sobre a cruz o olho da fé detectou a coroa. E nisso ele se antecipou aos
apóstolos, pois a incredulidade fechara os olhos deles.
Sim, ele olhou para
além do primeiro advento em vergonha para o segundo, em poder e majestade. E
como podemos explicar a inteligência espiritual desse ladrão agonizante? Onde
ele recebeu tal insight das coisas de Cristo? Como foi que esse bebê em Cristo
fez tão estupendo progresso na escola de Deus? Somente pode ser explicado pela
influência divina. O Espírito Santo foi seu professor! A carne e o sangue não
lhe haviam revelado tais coisas mas o Pai no céu.[6]
Que ilustração de que as coisas divinas estão escondidas “dos sábios e entendidos”
e reveladas aos “pequeninos”![7]
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