domingo, 3 de março de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (16)


Agora nos voltaremos a um outro lado da verdade, igualmente necessário de nele se insistir, um lado que não é contraditório com o que dissemos anteriormente, mas antes complementar e suplementar.

 A Escritura não ensina que, se Deus elegeu uma certa alma para ser salva, tal pessoa será salva independente dela vir a crer ou não. Essa é uma conclusão falsa tirada por aqueles que rejeitam a verdade. Não, a escritura ensina que o mesmo Deus que predestinou o fim também predestinou os meios. O Deus que decretou a salvação do ladrão agonizante cumpriu seu decreto dando a ele fé com a qual crer.
 
Isso é o claro ensinamento de 2Tessalonicenses 2.13 (e de outras escrituras): “Deus vos escolheu desde o princípio para a santificação do espírito e a fé na verdade”. É justamente isso que vemos aqui em conexão com esse ladrão. Ele teve “fé na verdade”. Sua fé se apossou da palavra de Deus. Sobre a cruz estava a inscrição: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”.[1] 

Pilatos a havia colocado ali por mofa. Porém, ainda assim era a verdade, e após ele tê-la escrito, Deus não permitiria a ele que a alterasse. A tabuleta que portava essa inscrição havia sido carregada na frente de Cristo pelas ruas de Jerusalém e no lugar da crucificação, e o ladrão a lera, e a graça e o poder divinos tinham abertos os olhos de seu entendimento para ver que ela era verdadeira. Sua fé apanhou o sentido do reinado de Cristo, daí mencionar “quando entrares no teu reino”. A fé repousa sempre na palavra escrita de Deus.

 Antes que um homem creia que Jesus é o Cristo, deve ter o testemunho diante dele de que ele é o Cristo. A distinção é frequentemente feita entre a fé da cabeça e a fé do coração, e isso com propriedade, pois a distinção é real, e vital.
 
Algumas vezes a fé da cabeça é desvalorizada, mas isso é tolice. Deve haver essa antes que possa haver aquela. Temos de crer intelectualmente antes que possamos crer salvificamente no Senhor Jesus. Prova disso é vista em conexão com os pagãos: eles não têm fé alguma de cabeça e, por conseguinte, não têm fé nenhuma de coração.
 
Prontamente admitimos que a fé de cabeça não salvará a menos que seja acompanhada pela fé do coração, mas insistimos que não há nada da segunda a menos que antes tenha havido a primeira. Como podem crer naquele a respeito de quem não ouviram? [2] Verdade, pode-se crer acerca dele sem crer nele, mas não se pode crer nele sem primeiro crer acerca dele. Assim o foi com o ladrão agonizante. Com toda probabilidade ele nunca vira Cristo antes do dia da sua morte, mas vira a inscrição testificando o seu reinado e o Espírito Santo usou isso como a base de sua fé.
 
Dizemos então que essa foi uma fé inteligente: primeiro, uma de tipo intelectual, o crer no testemunho escrito apresentado a ele; segundo, uma fé de coração, o descansar confiadamente em Cristo mesmo como o Salvador dos pecadores.

Sim, esse ladrão que agonizava exerceu uma fé de coração que descansou salvificamente em Cristo. Tentaremos ser muito simples aqui. Um homem pode ter fé de cabeça no Senhor Jesus e estar perdido. Um homem pode crer acerca do Cristo histórico e não estar nada melhor por causa disso, tal como não o está por crer acerca do Napoleão histórico.
 
Leitor, você pode crer tudo acerca do Salvador — sua vida perfeita, sua morte sacrifical, sua ressurreição vitoriosa, sua ascensão gloriosa, seu retorno prometido — mas deve fazer mais do que isso.

 
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br



[1] Nota do tradutor: Mateus 27.37.
[2] Nota do tradutor: Romanos 10.14.

Nenhum comentário: