Agora nos voltaremos a um outro lado da verdade, igualmente necessário de
nele se insistir, um lado que não é contraditório com o que dissemos
anteriormente, mas antes complementar e suplementar.
Isso é o claro ensinamento de 2Tessalonicenses 2.13 (e de outras
escrituras): “Deus vos escolheu desde o princípio para a santificação do
espírito e a fé na verdade”. É justamente isso que vemos aqui em conexão com
esse ladrão. Ele teve “fé na verdade”. Sua fé se apossou da palavra de Deus.
Sobre a cruz estava a inscrição: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”.[1]
Pilatos a havia colocado ali por mofa. Porém, ainda assim era a verdade, e
após ele tê-la escrito, Deus não permitiria a ele que a alterasse. A tabuleta
que portava essa inscrição havia sido carregada na frente de Cristo pelas ruas
de Jerusalém e no lugar da crucificação, e o ladrão a lera, e a graça e o poder
divinos tinham abertos os olhos de seu entendimento para ver que ela era
verdadeira. Sua fé apanhou o sentido do reinado de Cristo, daí mencionar
“quando entrares no teu reino”. A fé repousa sempre na palavra escrita de Deus.
Algumas vezes a fé da cabeça é desvalorizada, mas isso é tolice.
Deve haver essa antes que possa haver aquela. Temos de crer intelectualmente
antes que possamos crer salvificamente no Senhor Jesus. Prova disso é vista em
conexão com os pagãos: eles não têm fé alguma de cabeça e, por conseguinte, não
têm fé nenhuma de coração.
Prontamente admitimos que a fé de cabeça não salvará
a menos que seja acompanhada pela fé do coração, mas insistimos que não há nada
da segunda a menos que antes tenha havido a primeira. Como podem crer naquele a
respeito de quem não ouviram? [2] Verdade,
pode-se crer acerca dele sem crer nele, mas não se pode crer nele sem primeiro
crer acerca dele. Assim o foi com o ladrão agonizante. Com toda probabilidade
ele nunca vira Cristo antes do dia da sua morte, mas vira a inscrição
testificando o seu reinado e o Espírito Santo usou isso como a base de sua fé.
Dizemos então que essa foi uma fé inteligente: primeiro, uma de tipo
intelectual, o crer no testemunho escrito apresentado a ele; segundo, uma fé de
coração, o descansar confiadamente em Cristo mesmo como o Salvador dos
pecadores.
Sim, esse ladrão que agonizava exerceu uma fé de coração que descansou
salvificamente em Cristo. Tentaremos ser muito simples aqui. Um homem pode ter
fé de cabeça no Senhor Jesus e estar perdido. Um homem pode crer acerca do
Cristo histórico e não estar nada melhor por causa disso, tal como não o está
por crer acerca do Napoleão histórico.
Leitor, você pode crer tudo acerca do
Salvador — sua vida perfeita, sua morte sacrifical, sua ressurreição vitoriosa,
sua ascensão gloriosa, seu retorno prometido — mas deve fazer mais do que isso.
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