segunda-feira, 4 de março de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (17)


A FÉ SALVÍFICA

 A fé evangélica é uma fé confiante. A fé salvífica é mais que uma opinião correta ou uma linha de raciocínio. A fé salvífica transcende a toda razão. Veja o ladrão agonizante! Era razoável que Cristo o notasse? Um assaltante crucificado, um criminoso confesso, alguém que há poucos minutos atrás o estivera insultando! Era razoável que o Salvador devesse reparar de qualquer forma nele? Era razoável esperar que ele fosse ser transportado da beira do inferno mesmo para o Paraíso?

 Ah, meu leitor, a cabeça raciocina, mas o coração não. E a petição desse homem veio do coração. Ele não tinha como usar suas mãos e pés (e não eram eles necessários à salvação: antes, a impediam), mas tinha o uso de seu coração e língua. Esses estavam livres para crer e confessar: “Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10.10).  Podemos reparar também que a sua fé era uma fé humilde. Ele orou com conveniente modéstia. Não foi “Senhor, honra-me”, nem “Senhor, exalta-me”, mas Senhor, se tu quiseres, pense em mim! Se tu somente contemplasses a mim — “Senhor, lembra-te de mim”.

 E, todavia, aquela palavra “lembra-te” era maravilhosamente perfeita e apropriada. Ele poderia ter dito: Perdoa-me, Salva-me, Abençoa-me; mas “lembra-te” incluía todas essas. Um interesse no coração de Cristo incluirá um interesse em todos os seus benefícios! Além disso, tal palavra era bem adequada à condição de quem a expressou. Ele foi um proscrito da sociedade — quem se lembraria dele! O público não pensaria mais nada a respeito dele. Seus amigos ficariam contentes por esquecer dele por haver desgraçado sua família. Mas há um a quem ele ousa confiar essa petição — “Senhor, lembra-te de mim”.

 Finalmente, podemos notar que a sua fé era uma fé corajosa. Talvez não pareça à primeira vista, mas uma pequena consideração tornará isso claro. Aquele que estava pendurado na cruz do centro era um de quem todos viravam a cara para não olhar e para quem toda a vil zombaria de uma turba vulgar era direcionada. Toda facção daquele povo se juntou para escarnecer do Salvador. Mateus nos diz que “os que passavam blasfemavam dele” e que “da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos”. Enquanto Lucas nos informa que “também os soldados o escarneciam” (23.36). Portanto, é fácil entender por que os ladrões também se juntaram ao alarido de sarcasmos. Não há dúvidas de que os sacerdotes e escribas sorrissem benignamente sobre eles enquanto assim agiam.

Mas, subitamente, houve uma mudança. O ladrão penitente, em vez de continuar a troçar e ridicularizar Cristo, volta-se para o seu companheiro e abertamente o censura, nos ouvidos dos espectadores ajuntados em redor das cruzes, clamando: “este nenhum mal fez”. Desse modo, ele condenou toda a nação judaica! Mais ainda; não somente testemunhou da inocência de Cristo, mas também confessou o reinado dele. E assim, de um só golpe, ele se retira do favor de seu companheiro e da multidão também!
 
Falamos hoje da coragem necessária para abertamente testemunhar de Cristo, mas tal coragem nesses dias se desbota em expressa insignificância perante àquela mostrada naquele dia pelo ladrão agonizante.

 

pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

 

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