quinta-feira, 7 de março de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (20)


“E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe       Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23. 42,43).

 


Aqui vemos o destino dos salvos na morte.

 Em seu esplêndido livro, The Seven Sayings of Christ on the Cross, Dr. Anderson-Berry assinala que a palavra “Hoje” não está corretamente colocada na tradução de nossas versões tradicionais, e que a designada correspondência entre o pedido do ladrão e a resposta de Cristo requer uma construção diferente no último. A forma da réplica de Cristo tem o evidente desígnio de fazer a correspondência em sua ordem de pensamento à petição do assaltante. Tal será visto se dispormos as duas em quadros paralelos, como segue:
 
E disse a Jesus
E disse-lhe Jesus
Senhor
Em verdade te digo
Lembra-te de mim
Estarás comigo
Quando entrares
Hoje
No teu reino
No Paraíso

 Ao ordenarmos assim as palavras, descobrimos a ênfase correta. “Hoje” é a palavra enfática. Na graciosa resposta de nosso Senhor ao pedido do ladrão temos uma ilustração contundente de como a graça divina excede as expectativas humanas.

 O ladrão rogou para que o Senhor se lembrasse dele em seu reino vindouro, mas Cristo lhe assegura que antes que aquele dia mesmo tivesse passado ele estaria com o Salvador.

 O ladrão pede para ser lembrado em um reino terreno, mas Cristo assegura a ele um lugar no Paraíso.

 O ladrão simplesmente pede para ser lembrado, mas o Salvador declarou que deveria estar com ele. Assim Deus faz abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos.[1]

 
Não somente a resposta de Cristo significa a sobrevivência da alma após a morte do corpo, mas nos diz que o crente está com ele durante o intervalo que faz a divisão entre a morte e a ressurreição. Para tornar isso mais enfático, Cristo precedeu sua promessa com as solenes mas seguras palavras “Em verdade te digo”.

 Foi essa perspectiva de ir para Cristo depois da morte que animou o mártir Estevão em sua última hora e, em consequência, ele de fato bradou, “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.59).

 Foi essa bendita expectativa que levou o apóstolo Paulo a dizer, tenho o “desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1.23). Não em um estado de ausência de consciência no túmulo, mas com Cristo no Paraíso é o que aguarda todo crente após a morte.

 Digo, todo “crente”, pois as almas dos incrédulos, ao invés de irem para lá, vão para o lugar de tormentos, como está claro no ensino de nosso Senhor em Lucas 16. Leitor, para onde irá a sua alma, se estiver morrendo nesse momento?

 Quão arduamente Satanás luta para ocultar essa abençoada esperança dos santos de Deus! Por um lado ele propaga o infeliz dogma do sono da alma, o ensino de que os crentes ficam em um estado de inconsciência entre a morte e a ressurreição; e, por outro, ele inventa um horrível purgatório, para aterrorizá-los com o pensamento de que, ao morrerem, passam pelo fogo, necessário para purificá-los e adequá-los para o céu. Quão inteiramente a palavra de Cristo ao ladrão liquida essas ilusões que desonram a Deus! O ladrão foi da cruz direto para o Paraíso!

 O momento em que um pecador crê, é o momento em que ele é tornado idôneo “para participar da herança dos santos na luz” (Cl 1.12). “Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (Hb 10.14). Nossa aptidão para a presença de Cristo, tanto quanto nosso título, repousa unicamente em seu sangue derramado.

 

pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

 



[1] Nota do tradutor: Efésios 3.20.


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