quarta-feira, 13 de março de 2013

OS SETE BRADOS DO SALVADOR SOBRE A CRUZ – ARTHUR W PINK (26)


“E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe” (João 19. 25).

 

4. Aqui descobrimos uma ilustração da prudência de Cristo.

Já vimos como o ato de Cristo em encomendar Maria às mãos de seu discípulo foi uma expressão de seu terno amor e de sua presciência. Pois João se encarregar da mãe viúva do Salvador foi uma abençoada comissão e, contudo, um legado precioso. Quando Cristo lhe disse, “Eis aí tua mãe” [1], foi como se tivesse dito, Seja ela para ti como tua própria mãe: Seja teu amor por mim agora manifestado em teu terno cuidado por ela. Porém, havia muito mais do que isso por trás desse ato de Cristo.  Outrora já fora predito que o Senhor Jesus deveria agir sábia e discretamente. Por meio de Isaías, Deus dissera: “Eis que o meu servo operará com prudência” (52.13).

Ao encomendar sua mãe aos cuidados de seu amado apóstolo, o Salvador mostrou sábia discriminação em sua escolha daquele que a partir de então seria o guardião dela. Talvez não houvesse ninguém que compreendesse o Senhor Jesus tão bem quanto sua mãe, e é quase certo que ninguém apreendera seu amor tão profundamente quanto João. Vemos portanto como seriam eles companhias apropriadas um para o outro, visto que havia um laço íntimo de simpatia comum que os unia juntamente e os ligava a Cristo! 

Desse modo, não havia ninguém tão adequado para cuidar de Maria, ninguém cuja companhia ele acharia tão afim e, por outro lado, não existia ninguém cuja companhia João pudesse desfrutar mais.  Além disso, deve-se ter na mente que uma obra maravilhosa e honrosa estava esperando por João. Anos mais tarde, o Senhor Jesus foi revelar a si próprio ao apóstolo no glorioso apocalipse. 
 
Como, então, ele melhor poderia se habilitar para tal senão estando constantemente com ela, que vivera em estreita intimidade e comunicação com o Salvador durante os trinta anos que ele tinha esperado para dar início ao seu trabalho! Podemos, portanto, ver como era de significativa propriedade que esses dois — Maria e João — fossem trazidos para junto um do outro. Admire então a prudência da eleição por Cristo de um lar para Maria, e ao mesmo tempo provendo uma companhia para o discípulo a quem ele amava, que poderia ter uma bendita companhia espiritual. 

Antes de passarmos para o nosso próximo ponto, podemos fazer uma observação de que esse recolhimento de Maria à casa de João traz luz a um incidente registrado no próximo capítulo do evangelho escrito por ele. Em João 20 se nos informa da visita de Pedro e João ao sepulcro vazio. João ultrapassou seu companheiro e chegou primeiro ao túmulo, mas não entrou. Pedro, como era de sua característica, adentra o sepulcro, e nota a ordenada disposição das roupas. Então entra João e vê e “crê”, pois até esse tempo a fé deles não tinha apanhado o sentido das promessas da ressurreição de Cristo. Consequente com a crença de João, lemos: “E os discípulos voltaram assim para os seus lares” (Jo 20.10, Tradução do Novo Mundo).
 
Não nos é dito o porquê deles assim agirem, mas, à vista de João 19.27, a explicação fica óbvia. Ali se nos conta que “desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa”, e agora que fica sabendo que o Salvador ressurgira dentre os mortos, e se apressa para “casa” para dizer a ela as boas novas! Quem mais do que ela regozijar-se-ia ante essas notícias alvissareiras! Esse é um outro exemplo da harmonia silenciosa e escondida da escritura.

 
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br



[1] Nota do tradutor: João 19.27.

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