“E disse a Jesus: Senhor,
lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso” (Lucas 23. 42,43).
As cruzes
estavam separadas por apenas uns poucos decímetros e não demorou a que o
Salvador ouvisse o clamor do ladrão penitente. Qual foi sua resposta a isso?
Ele poderia ter dito: "Você merece esse destino; é um assaltante malvado e é
digno de morte." Ou, poderia ter replicado: "Você deixou isso tarde mais; você
deveria ter me procurado antes."
Ah! mas não
prometera ele que “o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”? [1] Isso ele
provou aqui. Aos vitupérios que foram
lançados sobre ele pela multidão, o Senhor Jesus não prestou atenção. Ao
desafio insolente dos sacerdotes para que descesse da cruz, ele não deu
resposta alguma. Mas à oração desse ladrão contrito e confiante atentou. Nessa
hora ele estava em luta contra os poderes das trevas e suportando a terrível
carga da culpa de seu povo, e deveríamos ter pensado que ele poderia se escusar
a atender a petições individuais. Ah! mas um pecador nunca virá a Cristo em
tempo não aceitável.[2] Ele sem demora lhe dá uma resposta de paz.
A salvação do ladrão penitente e crente ilustra não somente a
prontidão de Cristo, mas também seu poder para salvar pecadores. O Senhor Jesus
não é um Salvador débil. Bendito seja Deus que é capaz de “salvar
perfeitamente” [3] aqueles que vem
a ele através daquele. E nunca isso foi tão destacadamente mostrado como na
cruz. Essa foi a hora da “fraqueza” do Redentor (2Co 13.4).
Quando o ladrão clamou, “Senhor, lembra-te de mim”, o
Salvador estava em agonia no madeiro maldito. Todavia, mesmo então, mesmo ali,
ele teve poder para redimir essa alma da morte e lhe abrir os portais do
Paraíso! Nunca duvide, portanto, ou questione a suficiência infinita do
Salvador. Se um Salvador agonizante pôde salvar, muito mais depois que
ressurgiu em triunfo da sepultura, para nunca mais morrer! Ao salvar esse
ladrão, Cristo deu uma mostra de seu poder na hora mesma em que esse estava
quase obscurecido.
A salvação do ladrão agonizante demonstra que o Senhor tem o
desejo e é apto para salvar todos os que vêm até ele. Se Cristo recebeu esse
ladrão penitente e crente, então ninguém precisa se desesperar de não ser bem
recebido se tão somente vier a ele. Se esse assaltante em agonia não estava
além do alcance da misericórdia divina, então ninguém que solicite a graça
divina ficará sem resposta.
O Filho do Homem veio “buscar e salvar o que se
havia perdido” (Lc 19.10), e ninguém pode estar numa condição pior do que essa.
O evangelho de Cristo é o poder de Deus “para todo aquele que crê” (Rm 1.16).
Ó, não limite a graça divina! Um Salvador é fornecido até para o “principal”
dos pecadores (1Tm 1.15), se tão somente ele crer. Mesmo aqueles que chegam à
hora da morte ainda em seus pecados não ficam sem esperança.
Pessoalmente creio que muito, muito poucos sejam salvos num
leito de morte, e são as raias da loucura qualquer homem postergar sua salvação
até lá, pois não há garantia nenhuma de que terá ele um leito de morte. Muitos
são cortados subitamente, sem qualquer oportunidade de deitar e morrer.
Todavia, mesmo alguém naquele lugar não está além do alcance da misericórdia
divina. Como disse um puritano, “há um caso tal registrado para que ninguém
precise se desesperar, mas apenas um, na escritura, para que ninguém possa
abusar”.
Sim, aqui vemos a condição de Cristo como Salvador. Ele veio a este
mundo para salvar pecadores, e o deixou e foi ao Paraíso acompanhado por um
criminoso salvo — o primeiro troféu de seu sangue redentor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário