sexta-feira, 20 de março de 2009

VENDO A VIDA COM OS OLHOS DA ALMA

Encontrando romance no que é romântico – e no que não é também.
Estou em minha cozinha tentando ignorar a barra de chocolate Toblerone que me chama pelo nome. Ouço um som de Jazz. Tento descobrir de onde vem a música.

Meu vizinho de um lado estava ouvindo Sinatra mais cedo, e eu pensei que fosse ele; mas não é. Percebo que o som é de música ao vivo e, então, descubro que o som vem de um restaurante na rua de trás.

Abro a porta dos fundos e ouço a agradável música que estão tocando. Enquanto me dirijo para a conzinha a fim de pegar mais água, penso: “Deus, que maravilhoso seria se eu tivesse um companheiro aqui para curtir esse momento ao meu lado”.

Eu mesma me surpreendi com esse pensamento. Embora uma solteira de 30 e poucos anos, não me classificaria entre as românticas sem esperança. Ainda assim aproveito esse momento, sentada no deck de minha varanda. Às vezes até me levanto e danço sozinha, deixando escapar algumas palavras com as quais venho sonhando.

Depois de quarenta e cinco minutos, volto para a cozinha para fazer um lanche. A música continua a tocar e dessa vez eu não resisto. Me visto de forma bastante elegante. Antes de sair, procuro em minha geladeira e encontro meia garrafa de espumante de uva. Fico maravilhada ao ver que, por milagre da natureza, ainda está com gás. Encho uma de minhas taças e vou para fora.

É um daqueles dias agradáveis, no meio de um rigoroso inverno. Olho do meu apartamento, no terceiro andar, para ver o tal restaurante de onde a música vem e torço para que meus terríveis vizinhos não me vejam assim, sozinha e arrumada, sentada na varanda às 10:30 da noite de um sábado. Em seguida, sento em uma de minhas cadeiras e ouço um solo de saxofone.

Entre os goles da bebida e a apreciação da música, sinto uma alegria indizível... Misturada com melancolia. Melancolia porque foi um belo sábado e eu passei o dia lavando roupa e arrumando a casa. Melancolia porque ontem de noite eu tive uma noite solitária também. Melancolia por saber que já deixei passar algumas oportunidades de viver um romance. É verdade que eu fiz bem em deixar passar tais oportunidades, mas por ter feito aquilo, aqui estou eu – na escuridão da noite, tomando espumante de uva e olhando para o céu... Sozinha.

Embora não seja uma romântica desesperada, reconheço a importância dos romances em nossa vida. Eles nos fazem sentir especiais! No meu caso, não sei como me sentir desta forma sem viver o romantismo. E por alguma razão nesta noite eu sinto uma falta dele! Alguma coisa nesse clima agradável, na música, e no meu lanche pede por um romance. Acontece que eu não posso resolver esse problema sozinha.

Por um momento eu me deixei curtir aquela falta, por acreditar que, às vezes, a falta e o desejo de se ter algo são mais importantes do que a conquista em si. Hoje, o que eu tenho é o desejo; e é isso que eu vou curtir.

Penso em minha amiga Jan, que costumava decorar mentalmente sua casa. Quando estávamos em um bazar há alguns anos e eu vi uma cadeira linda, mas que eu não conseguiria pagar, ela me disse o que costumava fazer: Imaginava todas as coisas que gostaria de comprar, mas não podia, e as mobiliava em seu apartamento imaginário. Conhecendo a Jan e seu bom gosto, eu sabia se tratar de uma linda casa. A partir daquele dia, comecei a construir minha casa imaginária.
Naquele mesmo espírito, fecho meus olhos e me imagino vivendo minha vida a dois. São poucos os momentos que me permito imaginar dançando lentamente, sendo acolhida por ele em meio ao vento frio que bate na varanda.

No momento, não tenho condições de saber se, estando casada ou em um namoro firme, alguma coisa seria diferente disso. Ele pode não gostar de dançar, ou simplesmente dizer “está frio”. Sei que muitas mulheres casadas também gostariam de estar aqui, sonhando com um marido mais romântico, atento, espontâneo.

Talvez essa seja a questão; ser capaz de aproveitar os momentos românticos da vida – como esse. Permitir desejar o que não tem, e depois dar graças pelo que tem.
Hoje o que eu tenho é um surpreendente concerto de jazz na varanda dos fundos, com um céu maravilhoso, o barulho do restaurante, um bom espumante e uma tranqüila vizinhança.
E pra você? O que é o romance?

Copyright © 2009 por Christianity Today International
(Traduzido por Daniel Leite Guanaes)

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