sábado, 20 de fevereiro de 2010

SUPERANDO A SOLIDÃO

Recentemente visitei uma querida família cuja matriarca está com câncer. Um exemplo de vida cristã, de perseverança e de inspiração para mim. Falávamos sobre a solidão entre a multidão, quando ela se expressou de maneira emocionante. Disse que, realmente, esse tipo de solidão é muito desagradável, quando a gente não consegue ouvir das pessoas aquilo que satisfaz, ou aquilo que precisamos ouvir. Aí, porque não ouvirmos o que precisamos, ou o que gostaríamos de ouvir, também não falamos o que gostaríamos de falar. Fiquei emocionado em ouvir aquela mulher simples dizer coisas tão profundas e significativas.

Creio que este é um sentimento muito comum entre os moribundos nos leitos hospitalares. Quando as visitas se escasseiam por serem proibidas pelos médicos, ou por absoluta falta de quem os procurem. São muitas os exemplos de doentes terminais, especialmente nos casos de aidéticos, que amargam esta triste e dolorosa realidade!

Penso que algo semelhante ocorre entre presidiários, pessoas nos sanatórios, hospícios, entre os muitos abandonados pelas ruas das cidades, etc. Embora quase sempre haja uma união entre estes, irmanados em seus próprios infortúnios, ainda assim perdura em cada coração o sentimento de abandono e ostracismo; porquanto as amizades ali conquistadas são, normalmente, superficiais e competitivas. Por outro lado, freqüentemente se verifica mais solidariedade entre esses considerados parias da sociedade entre si do que propriamente entre o comum.

Além disso, há um sem número de atividades profissionais que também proporcionam tais sentimentos. Como, por exemplo, o exílio em país distante, longe da pátria, longe da família e dos poucos e ainda restantes amigos. Porém, entre todos, creio que a grande maioria dos que sofrem a síndrome do ostracismo está entre pessoas comuns e, aparentemente, em condições normais no meio da multidão. Gente que perdeu seus horizontes, a razão da existência, embora continue sorrindo, se divertindo e se esforçando para demonstrar um “bom astral”. E isto não diz respeito apenas aos não crentes, nossas igrejas estão cheias de gente vazia tentando mostrar-se vitoriosa e feliz para fazer-se respeitar e se valorizar.

Em situações semelhantes, é muito comum a atitude religiosa tradicional de apresentar soluções prontas, estandardizadas, estereotipadas, superficiais, formais e insensíveis. Assim como nos diz o Senhor: “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto, cairão com os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão, diz o SENHOR” (Jr 8.11-12).

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

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