sexta-feira, 26 de março de 2010

A ELE OUVI

_ “Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi (Lc 9.36).

A visão foi marcante para todos quantos tiveram o privilégio de participar. Os discípulos de Jesus estavam perplexos, atônitos, sem palavras. Imagine uma grande tela cinematográfica, ou um grande palco iluminado e ornamentado como se, de repente, o céu se manifestasse ali magnificamente encenado. No palco se apresentavam os astros Moisés, Elias e Jesus. Iluminação, figurino, som e imagem, tudo de primeira qualidade; perfeito. Visibilidade e acústica da mais alta qualidade. Tudo divinamente elaborado. O drama futurista ia sendo encenado, desenvolvido através da fala de seus atores, os quais interpretavam seus próprios personagens e sua própria história de vida. A cena se desenvolve com os personagens se identificando pela forma em que se apresentam e pelo conteúdo daquilo que falam.

Os espectadores estão eletrizados, completamente extasiados e maravilhados com o que presenciam. Havia no coração de cada um, sem dúvida alguma, o desejo de perpetuar, prolongar ao infinito aquela fantástica experiência. Eles queriam poder retratar, reproduzir fielmente cada detalhe, cada palavra e cada emoção ali experimentada. Mas não havia uma filmadora, algum meio eficaz e suficiente para poder reter aquela inesquecível visão, senão a memória visual e sensitiva de cada um ali presente.

Assim, Pedro, o mais afoito, não se conteve e atreveu-se a interagir com o principal personagem daquela apresentação divina, celestial. Ele queria prolongar, e, quem sabe perpetuar aquele momento. Não queria perder tão sublime oportunidade, como não pensava em retornar à rotina de seu exaustivo trabalho ao lado de seu iluminado Mestre.

Naquele momento todos experimentavam o gozo celestial; o ambiente e as condições com as quais sonhavam participar... Não, eles não poderiam deixar escapar a oportunidade de se deleitar com tal glória. Mas eis que, no auge do seu excitamento emocional e espiritual, fecham-se as cortinas, as luzes do palco se apagam, a escuridão toma conta do ambiente até então divinamente iluminado, principalmente pelo visual dos personagens presentes no palco. A repentina mudança do cenário causa uma profunda emoção contrária à que estavam experimentando.

O medo, o pânico, a dúvida, insegurança e confusão tomam conta dos corações daqueles frágeis espectadores. Ninguém mais consegue falar, todos se emudecem, até mesmo o grande falante, Pedro. Todos estão atentos ao que há de ser pronunciado em meio às densas trevas provocadas pelas nuvens espessas. E eis que uma voz estrondosa, poderosa e clara se fez ouvir: "Este é o meu Filho, o meu eleito, a Ele ouvi"!

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

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