segunda-feira, 29 de março de 2010

A VITÓRIA DA CRUZ

Jesus estava experimentando o sacrifício da cruz. As dores físicas e emocionais eram por demais dolorosas e cruéis. A multidão e a religião O agrediam física, emocional e moralmente. A impiedade humana se apresentava de forma avassaladora e vil descarregando sobre o Santo de Deus como que uma avalanche de agressividade; demonstrando, assim, toda a ignorância e cegueira espiritual da raça humana. Na cruz o Filho de Deus vertia Seu sangue puro e santo, sentia a dor da solidão e do abandono de Seus amigos e parentes, e, sobretudo, o abandono do Pai. Sua alma sangrava tanto quanto o Seu corpo, ferido pelos nossos pecados. E no auge de sua agonia e dor, o diabo colocou na boca daquela turba ignorante e cega espiritualmente as palavras de escárnio e zombaria, relatadas por Mateus (27.39-44).

Entre tantas ofensas dirigidas ao Cordeiro de Deus, saltam aos nossos olhos estas palavras: “Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus” (Mt 27.43).

Hoje, quando sinto n’alma o sussurrar do inferno a zombar de minha fé e confiança no Senhor em tempos de crise, tristeza e solidão; sou encorajado pelo silêncio de meu Senhor na cruz diante do escárnio e zombaria de uma multidão ignorante e má. Mas, sobretudo, sou encorajado pela vitória da cruz: a ressurreição e aparição do Senhor ressurreto.

O diabo continua sussurrando aos nossos ouvidos, de uma forma velada ou claramente, através dos lábios de parentes, amigos e inimigos, declarados ou não; no dia da angústia e depressão, em momentos de penumbra e solidão; essas palavras inspiradas no mais profundo do inferno. Para nos fazer sentir derrotados, vencidos e completamente frustrados com Deus e com o fato de termos a Ele confiado os nossos dias e vida. São aqueles momentos desalentadores, sombrios, quando tudo e todos ao nosso redor parecem conspirar contra nós. Quando tudo de mal parece convergir sobre nossa cabeça. Nada dá certo. Nossas finanças ficam abaladas, a saúde definha, os amigos desaparecem, se esquecem de nós (até porque eles também estão enfrentando situações semelhantes)...

Somos alvo de críticas, perseguições, incompreensões e zombaria. A morte se nos apresenta inexorável e maquiavélica. O mundo se alegra ao nosso redor, zombando de nossa fé, de nossa piedade e confiança no Senhor, enquanto nós choramos e gememos (“Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria”[1]).

Ao nosso redor, bem próximo de nós, sentimos como se fora o próprio hálito de Satanás a nos dizer essas palavras: “Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus”. Mas, assim como as mulheres que foram ao sepulcro naquela manhã de domingo e ouviram da boca do Senhor ressurreto aquelas palavras de consolação e conforto – NÃO TEMAIS! –; assim, também nós, somos confortados e encorajados com essas palavras do Filho de Deus em tais circunstâncias.

A presença de Jesus conosco e em nós, traz-nos consolo, paz, alegria e esperança eterna. Sim, prezado irmão, Deus quer renovar a nossa esperança hoje também! Deus quer que eu e você experimentemos a graça de vivermos pela fé em Cristo Jesus. Ou seja, quando perseveramos em oração, estamos dizendo ao Senhor que cremos em Sua Palavra. Dessa forma talvez possamos contribuir para a edificação e salvação de pessoas queridas, as quais de outra forma não seriam atingidas em sua sensibilidade. Além disso, precisamos saber que o nosso sofrimento está estimulando alguém a orar e a falar sobre o evangelho de Cristo. Somente quando conseguimos aplicar os princípios, as lições bíblicas à nossa vida é que entendemos de fato a Palavra de Deus.

Essa é a fé dos bastidores, quando homens e mulheres de Deus saem por esse mundo a fora “andando e chorando”, enquanto semeiam a semente santa do genuíno evangelho de Cristo e o poder que “se aperfeiçoa na fraqueza”. Esse é o tipo de fé que persevera, a despeito do sofrimento, e não pelo fato de apresentar muitas bênçãos e curas físicas. Sim, esse é o tipo de fé que mantém firme os cristãos pertencentes à igreja perseguida, a qual subsiste, literalmente, no submundo social em muitos países do mundo. Cristãos anônimos e, muitas vezes, agonizantes devido às afrontas, escárnios, zombaria e todo tipo de “espinhos na carne”, por amor a Cristo.

Positivamente, essa fé incomoda a religião de shows, não faz o gosto da maioria, não produz adeptos interesseiros, não agrada aos admiradores dos shows da fé. Essa é a fé autêntica dos bastidores do cristianismo popular. É a fé daqueles que, a despeito da humilhação que o próprio Deus lhes permite suportar, são fortalecidos sobremaneira, a ponto de até mesmo sentirem alegria e contentamento nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias. Esta é a fé no Autor da fé, o qual nasceu numa estrebaria, completamente distante e alheio aos holofotes e badalações da mídia religiosa; o qual viveu a maior parte de Sua vida em completo anonimato e morreu longe dos aplausos e honrarias populares. A única vez que foi aclamado pela multidão (Lc 19.28-40), foi motivo de censura e perseguição da parte dos religiosos de Seu tempo. Mas o Senhor não Se intimidou por suas críticas e ameaças, como também não Se deixou envolver com os aplausos populares. Ao contrário, diz a Bíblia que Jesus chorou ao chegar á cidade de Jerusalém e proferiu uma pungente profecia sobre ela (v.41-44).

No deserto, uma das tentações do diabo ao Senhor Jesus foi exatamente sobre a possibilidade de produzir um show especial a fim de divulgar a Sua pessoa e obra: “Se és Filho de Deus, atira-te abaixo” (Mt 4.6). Sem dúvida essa seria uma excelente jogada de marketing, elaborada pelo maior estrategista de shows da fé. Porém, Jesus mostrou que Sua obra e missão era e é de outra categoria: a excelência da glória de Deus. O Seu reino não é deste mundo, a Sua glória é celestial, e não humana. Ele não precisa dar show para atrair pecadores a Si, tampouco deseja o nosso elogio. Ele exige a nossa adoração e o nosso louvor. Para isto foi à cruz, verteu Seu sangue precioso, “o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4.25).


Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Jo 16.20

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