Recentemente assisti a uma entrevista de uma senhora, cujos filhos (dois) assassinaram  um casal de classe média em São Paulo. Ela estava perplexa. Não podia  entender como aqueles “meninos” de seu coração, criados com tanto amor e carinho, podiam ter cometido um crime tão bárbaro. Disse ela que ao visitá-los, eles sempre dizem que não entendem e não sabem como fizeram algo tão terrível. Dizem que, na verdade, eles não  conseguiam deixar de fazê-lo. Uma força maior os impelia àquela ação  macabra.  Eles também não conseguem entender suas próprias ações. Essa é  a real situação  do homem. Não há esperança para o homem sem Deus. Seu estado é de completa desolação.
Através de Jeremias, Deus diz que o homem natural está completamente alienado da vida de Deus. Sua mente está obscurecida pelo pecado e incredulidade. Sua vontade está paralisada. O homem natural não pode crer no evangelho apenas por querer fazê-lo; através de seu “livre-arbítrio”. Só podemos  nos voltar  para Deus quando Ele mesmo  opera o Seu poder em nós. E tudo isso nos é concedido graciosamente através da revelação especial de Deus aos que crêem. Somente através da revelação especial de Deus podemos  dimensionar e valorizar a grandeza  dessa bênção especial que  Deus tem para todos quantos  são chamados para a salvação em Cristo Jesus. Precisamos clamar ao Senhor a fim de que Ele nos conceda a graça do entendimento  da grandeza do poder de Deus agindo em nós.
A Bíblia nos faz pensar  no poder de Deus como algo transcendente à nossa compreensão, que não se pode dimensionar completamente, visto que  é o mesmo poder  que o Pai manifestou  na ressurreição do Senhor Jesus, fazendo-O reinar sobre tudo e sobre todos. Esse poder que se evidenciou em Cristo e que continua operando através dEle, é o que Deus faz convergir na salvação do pecador.
A Bíblia  apresenta apenas duas classes de pessoas, apenas dois caminhos: salvação ou perdição eterna. Não há meio termo diante de Deus; não há, segundo as Escrituras,  qualquer possibilidade  de alguém  mudar seu destino eterno depois da morte: “E, assim como aos homens está ordenado  morrerem  um só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27).
Portanto, a questão crucial para a qual precisamos atentar é esta: Estamos salvos ou perdidos? A conversão a Cristo para a salvação é a grande e mais urgente mudança de que precisamos. Não uma simples mudança de hábitos e costumes. Não uma mera  filiação a uma igreja ou religião. Não significa  ajustar a nossa vida aos  nossos desejos e alvos de retidão e amadurecimento.
A conversão significa deixar de adorar a nós mesmos para adorarmos a Deus; reconhecermo-nos culpados diante de Deus para sermos perdoados em Cristo. Isto implica em deixarmos o pecado e voltarmo-nos para Deus. Ou seja, arrependermo-nos de nossos pecados e seguir  a Deus. É preciso ajustar a nossa vida a Deus e aos Seus propósitos a fim de obtermos a segurança da vida eterna, ou a certeza da salvação. A regeneração  é uma mudança  radical da morte para a vida espiritual, operada pelo Espírito Santo – uma transformação na qual somos completamente passivos. Essa mudança   envolve uma  renovação  interior de nossa natureza, é fruto da graça soberana de Deus, e ocorre na união com Cristo...
A regeneração, como temos visto (como implantação da  nova vida espiritual) não é um ato  em que o ser humano coopera  com Deus, mas um ato  do qual Deus é o único autor. A  regeneração, portanto,  é “monergística”, obra de Deus unicamente, não “sinergística”, algo que é realizado  por Deus e pelo homem trabalhando juntos... Como poderiam pessoas que estão mortas (Ef 2.5)  provocar a  própria vida?
Como pessoas mortas poderiam  cooperar com Deus na obra de sua  própria vivificação? Desses ensinos bíblicos aprendemos  a total soberania de Deus na soteriologia: nossa salvação é obra de Deus desde o início. Portanto, a Ele seja toda glória!”[1] 
Paulo afirmou:  “Já estou crucificado com Cristo...” (Gl 2.19-20).
Estar em Cristo,  crucificado com Cristo, ou “o viver é Cristo”, significa  ter comunhão com Ele  por intermédio do Espírito Santo. É ser  batizado  no Espírito; possuir a Sua vida, Sua natureza ([2]).
Não temos nenhum mérito nisso, nada fizemos para merecer o Seu amor, é pela Sua graça e misericórdia tão somente. Quando cremos, descobrimos que estávamos mortos em delitos e pecados e que Ele nos deu vida, a fé, o arrependimento e a reconciliação com Deus.  E tudo isto provém do próprio  Deus, para o louvor da  Sua glória (Ef 1.3-14).
O apóstolo Paulo assim escreveu: “Ora, foi o próprio  Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito...  Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo... Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5.5,18,20b).
 Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
[1] Hoekema, Anthony – Salvos Pela Graça – a Doutrina da Salvação – Ed. Cultura Cristã, P. 105-106
[2] Ef 1.13-14; 18-21; 22-23
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