quinta-feira, 29 de abril de 2010

A CONVERSÃO A CRISTO

Recentemente assisti a uma entrevista de uma senhora, cujos filhos (dois) assassinaram um casal de classe média em São Paulo. Ela estava perplexa. Não podia entender como aqueles “meninos” de seu coração, criados com tanto amor e carinho, podiam ter cometido um crime tão bárbaro. Disse ela que ao visitá-los, eles sempre dizem que não entendem e não sabem como fizeram algo tão terrível. Dizem que, na verdade, eles não conseguiam deixar de fazê-lo. Uma força maior os impelia àquela ação macabra. Eles também não conseguem entender suas próprias ações. Essa é a real situação do homem. Não há esperança para o homem sem Deus. Seu estado é de completa desolação.

Através de Jeremias, Deus diz que o homem natural está completamente alienado da vida de Deus. Sua mente está obscurecida pelo pecado e incredulidade. Sua vontade está paralisada. O homem natural não pode crer no evangelho apenas por querer fazê-lo; através de seu “livre-arbítrio”. Só podemos nos voltar para Deus quando Ele mesmo opera o Seu poder em nós. E tudo isso nos é concedido graciosamente através da revelação especial de Deus aos que crêem. Somente através da revelação especial de Deus podemos dimensionar e valorizar a grandeza dessa bênção especial que Deus tem para todos quantos são chamados para a salvação em Cristo Jesus. Precisamos clamar ao Senhor a fim de que Ele nos conceda a graça do entendimento da grandeza do poder de Deus agindo em nós.

A Bíblia nos faz pensar no poder de Deus como algo transcendente à nossa compreensão, que não se pode dimensionar completamente, visto que é o mesmo poder que o Pai manifestou na ressurreição do Senhor Jesus, fazendo-O reinar sobre tudo e sobre todos. Esse poder que se evidenciou em Cristo e que continua operando através dEle, é o que Deus faz convergir na salvação do pecador.

A Bíblia apresenta apenas duas classes de pessoas, apenas dois caminhos: salvação ou perdição eterna. Não há meio termo diante de Deus; não há, segundo as Escrituras, qualquer possibilidade de alguém mudar seu destino eterno depois da morte: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem um só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27).

Portanto, a questão crucial para a qual precisamos atentar é esta: Estamos salvos ou perdidos? A conversão a Cristo para a salvação é a grande e mais urgente mudança de que precisamos. Não uma simples mudança de hábitos e costumes. Não uma mera filiação a uma igreja ou religião. Não significa ajustar a nossa vida aos nossos desejos e alvos de retidão e amadurecimento.

A conversão significa deixar de adorar a nós mesmos para adorarmos a Deus; reconhecermo-nos culpados diante de Deus para sermos perdoados em Cristo. Isto implica em deixarmos o pecado e voltarmo-nos para Deus. Ou seja, arrependermo-nos de nossos pecados e seguir a Deus. É preciso ajustar a nossa vida a Deus e aos Seus propósitos a fim de obtermos a segurança da vida eterna, ou a certeza da salvação. A regeneração é uma mudança radical da morte para a vida espiritual, operada pelo Espírito Santo – uma transformação na qual somos completamente passivos. Essa mudança envolve uma renovação interior de nossa natureza, é fruto da graça soberana de Deus, e ocorre na união com Cristo...

A regeneração, como temos visto (como implantação da nova vida espiritual) não é um ato em que o ser humano coopera com Deus, mas um ato do qual Deus é o único autor. A regeneração, portanto, é “monergística”, obra de Deus unicamente, não “sinergística”, algo que é realizado por Deus e pelo homem trabalhando juntos... Como poderiam pessoas que estão mortas (Ef 2.5) provocar a própria vida?

Como pessoas mortas poderiam cooperar com Deus na obra de sua própria vivificação? Desses ensinos bíblicos aprendemos a total soberania de Deus na soteriologia: nossa salvação é obra de Deus desde o início. Portanto, a Ele seja toda glória!”[1]
Paulo afirmou: “Já estou crucificado com Cristo...” (Gl 2.19-20).
Estar em Cristo, crucificado com Cristo, ou “o viver é Cristo”, significa ter comunhão com Ele por intermédio do Espírito Santo. É ser batizado no Espírito; possuir a Sua vida, Sua natureza ([2]).

Não temos nenhum mérito nisso, nada fizemos para merecer o Seu amor, é pela Sua graça e misericórdia tão somente. Quando cremos, descobrimos que estávamos mortos em delitos e pecados e que Ele nos deu vida, a fé, o arrependimento e a reconciliação com Deus. E tudo isto provém do próprio Deus, para o louvor da Sua glória (Ef 1.3-14).

O apóstolo Paulo assim escreveu: “Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito... Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo... Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5.5,18,20b).



Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Hoekema, Anthony – Salvos Pela Graça – a Doutrina da Salvação – Ed. Cultura Cristã, P. 105-106
[2] Ef 1.13-14; 18-21; 22-23

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