terça-feira, 27 de abril de 2010

CORDA NA BARRIGA OU CORDA NO PESCOÇO?

Há elementos no ministério que têm envergonhado o Senhor Jesus – autor e modelo do ministério pastoral. Lideres que se apascentam a si mesmos, investindo em sua glória pessoal. Que estão mais comprometidos com a sua imagem do que com a imagem de Cristo em suas vidas. Elementos arrogantes e auto-suficientes, muito longe da humildade que Jesus ensinou (Mt 11.29).

Homens, segundo Paulo, que são “inimigos da cruz de Cristo” (Fil 3.18). Estes cidadãos estão com a corda na barriga, negociando princípios, fazendo vista grossa para o pecado dentro de casa e na igreja. Homens alienados. Paulo diz que “o destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fil 3.19). É lamentável ver líderes com a síndrome do ‘pequeno deus’. Eles amam ser reconhecidos. Caçam elogios. Quando do seu aniversário, colocam a sua foto no out-door para serem vistos e ovacionados pelos homens. Os falsos obreiros denunciados por Paulo são dissimulados, arrogantes e superficiais. Falam muito bem. São ‘jeitosos’. São profissionais do púlpito. Não têm coração sensível. Não alimentam as ovelhas. Andam amaciando a mensagem. Não são profetas de Deus. Os seus ouvintes o seguram com uma corda na barriga, no ventre, por causa da sobrevivência no ministério pastoral. Que Deus, por Sua graça e misericórdia, nos livre desta corda na barriga, da zona de conforto e da infâmia do mercenarismo. Estes elementos não estão comprometidos com a oração e nem com Palavra de Deus. A mensagem da cruz passou longe deles. Aliás, esta é uma mensagem impopular. Para quem tem a corda na barriga o negócio é pregar de tal maneira que o povo se sinta sempre confortável.

Mas é infinitamente melhor ter a corda no pescoço puxada por enforcadores insatisfeitos com a mensagem do evangelho bíblico, com a exortação e confrontação profética, de Deus. Não podemos abrir mão do nosso compromisso com o Senhor, com a mensagem da cruz. Não fomos chamados para a popularidade, mas para, acima de tudo, ter um compromisso com o Senhor mesmo que paguemos com a vida. João Batista perdeu a sua cabeça física, foi degolado, porque havia denunciado o pecado de Herodes Antipas com a sua cunhada, mulher de seu irmão.

João não tinha corda na barriga, mas no pescoço. O seu compromisso era com o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). Ele amou mais o Senhor do que a sua própria vida. Um homem comprometido com a verdade do evangelho e alimentado pela graça. Um homem denso e intenso na sua labuta e na sua relação de intimidade com o Senhor. José é outro precioso exemplo de alguém que sabe dizer não ao pecado e sim para Deus. Ele foi para prisão sendo acusado de assédio sexual que na verdade não aconteceu. São homens desta envergadura que precisamos no ministério pastoral. Homens cheios do amor do Pai, da graça de Cristo e do poder do Espírito Santo. Que negam a si mesmos, tomam a cruz, seguem e servem ao Senhor Jesus com profunda alegria. Suas entranhas fervilham amor pelo Senhor e pelas almas.


O ministério é algo sublime, pois ele vem de Deus. Os profetas do passado foram chamados por Deus desde o ventre de sua mãe (Jr 1.6). Um dos meus autores preferidos, Aiden Wilson Tozer, discorrendo sobre o ministério da Palavra, diz: “A Igreja, neste momento, precisa de homens prontos a gastarem-se no combate das almas. Tais homens estarão livres das compulsões que controlam os mais fracos, da concupiscência da carne e da soberba da vida. Eles não serão forçados a fazer coisas sob pressão das circunstancias. A sua única motivação virá de dentro e décima. Esta qualidade de liberdade é necessária, se queremos ter de novo profetas nos nossos púlpitos, em vez de mascotes. Estes homens livres servirão a Deus e a humanidade por motivos demasiado elevados para serem compreendidos pelo povo comum que se arrasta hoje para dentro e para fora di santuário. Eles não tomarão decisões com base no medo, não seguirão qualquer rumo só para satisfazer um desejo, não aceitarão qualquer serviço por razões financeiras. Não praticarão qualquer ato religioso, por mero costume. Nem permitirão a si mesmos ser influenciados por amor de publicidade ou pela ambição de uma boa reputação” (À Procura de Deus, Editora Betânia, MG).

Deus requer de nós, pastores, seriedade na missão dada por Ele. Este é um tempo de muita confusão no seio da igreja evangélica brasileira. Há muitos ministérios personalistas, antropocêntricos. Quando Spurgeon pregava, as pessoas diziam: ‘Que Cristo maravilhoso!’. Por que? Porque a mensagem do chamado príncipe dos pregadores tinha o Senhor Jesus Cristo como o centro e como a razão da sua vida e do seu ministério. Era um homem que pregava a Cristo e este crucificado.

Toda a honra e toda a glória são de Cristo, o Senhor. O que deve atrair o povo para os santuários é a mensagem cristocêntrica tão excelentemente exposta na Palavra. Na verdade, vivemos dias de muitas mensagens egocêntricas a partir do antropocentrismo religioso. Como precisamos pregar o evangelho a partir da nossa própria vivencia em Cristo! A Igreja necessita de sermões que sejam fruto de vidas no altar, de homens que amam ao Senhor mais do que a si mesmos. Que exalam o bom perfume de Cristo nos que se salvam e nos que se perdem. Mensagens coerentes a partir de pregadores que vivem a coerência de Cristo. Não exclui, todavia, sermões bem elaborados, pesquisados e caprichados, mas sempre com a chancela do Espírito Santo. Não tenhamos medo da corda no pescoço. O Pai tem prazer nos Seus filhos que andam na integridade do ministério profético dado por Ele, em Cristo Jesus, antes da fundação do mundo. Vivamos, pois, a coerência de Cristo e não tenhamos receio da corda no pescoço e isto para a Glória de Deus Pai!

Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Pastor da Segunda Igreja Batista em Barra Mansa, RJ

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