sexta-feira, 9 de abril de 2010

TRAGÉDIA DO MORRO DO BUMBA

Passava das 20:00h. as pessoas recolhiam-se em suas casas, ávidas pelos noticiários da tv, sobre as recentes tragédias ocorridas no Rio de Janeiro em consequência da incessante chuva que caía a mais de vinte e quatro horas. Os tele jornais enfatizavam a situação calamitosa de inúmeros bairros do Rio de Janeiro, e de cidades como Niterói e São Gonçalo. Niterói foi uma das cidades mais atingidas, com vários pontos de desmoronamento de encosta.

De repente, um barulho ensurdecedor fez com que os moradores das proximidades, já sobressaltados com as últimas notícias, corressem para ver o que estava acontecendo. Parecia inacreditável. Uma avalanche de terra preta descia encosta abaixo, arrastando casas, árvores e tudo mais que estivesse no caminho. O pânico tomou conta das pessoas que não sabiam se corriam por receio de serem atingidas pela avalanche ou se ficavam e prestavam socorro às pessoas vitimadas naquele horrivel acontecimento provocado pela força da natureza.

Inúmeras casas foram engolidas por toneladas de terra que exalava cheiro forte de gás, em razão de ter sido outrora no topo daquele morro um lixão que fora desativado a mais de 40 anos. As pessoas atônitas se perguntavam: O que fazer? Como agir? Rapidamente formou-se um mutirão de moradores munidos de pás e outros apetrechos rudimentares, começaram a escavar na esperança de encontrar alguém com vida. O desespero uniu a todos enquanto aguardavam a chegada de socorro especializado.

A noite foi de angústia e apreensão enquanto os bombeiros, policiais, defesa civil e pessoas anônimas se empenhavam na desesperada luta contra o tempo, tentando vencer aquela montanha de terra mal cheirosa em busca de sobreviventes. Assim, sob uma chuva fina que caia insistentemente, amanheceu o dia, com aqueles abnegados heróis que esqueciam e driblavam o cansaço e a própria fome lutando na ânsia de resgatar algum sobrevivente. O dia foi de busca intensa, revezando-se homens e máquinas na árdua tarefa de remover os escolhos e na esperança de encontra corpos e se possível, alguém vivo.

Estive lá no fim da tarde com alimentos para doação e confesso que fiquei horrorizado com o que vi. Parecia uma praça de guerra, ou uma situação em consequência de terremoto ou tsunami. Casas destruídas, veículos amassados como se fosse de papel, montanha de terra onde antes haviam casas e seres humanos. Tudo embaixo daquela montanha de terra preta.

Em situações assim é que deduzimos que não somos nada e o muito que podemos fazer é pouco para ajudar nossos semelhantes vitimados pela força da natureza.

Valdir Barreto Ramos

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