Em 2Co 1.1-7 temos a descrição de alguns fatos sumamente  importantes:
Primeiramente a  visão da Igreja de Cristo no mundo hostil e mau, uma visão dos santos na lama do mundo – v.1.
Em segundo lugar, temos a base de nossa fé e consolação, na certeza de que Deus  é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia – v.2, 3, 5;  Naum 1.7; Sl  46.1.
Em terceiro lugar, o texto nos fala de nossa missão no mundo – repassar a consolação que recebemos  constantemente da parte do Senhor – v. 4.
Finalmente, nosso conforto, salvação e a renovação de nossa esperança em Cristo Jesus – v.6-7. Desta forma, devemos recorrer a Deus, em quem devemos confiar inteiramente pelo fato de que Ele  é o nosso Pai do  céu. Mas se  não necessitamos  de algum tipo de consolo, então precisamos compartilhar  com aqueles que sofrem ao nosso redor as consolações com as quais  nós fomos alcançados.
Acho muito interessante a abordagem de Paulo nesses versículos porque ele nos faz pensar em  duas coisas que estão interligadas, inevitavelmente. Em outras palavras, temos aqui o que poderíamos chamar de  o mistério da consolação e O ministério da consolação.
Ele diz que se estamos precisando de consolação, confiemos inteiramente  no “Pai de misericórdias e Deus de toda consolação!” Ou seja, Ele é a nossa consolação plena e  abundante. Mais à frente (v.7)  Paulo diz que, assim como os irmãos de  Corinto eram participantes do mesmo tipo de  sofrimento que ele (e isto eles podiam  comprovar na prática diária), da mesma forma, ele estava certo de que  também a consolação que Deus estava lhe concedendo para suportar os sofrimentos diários seriam repassadas para aqueles seus queridos irmãos. Porque o Deus deles era o mesmo Deus das consolações de Paulo. E não é diferente conosco; assim como Deus consolou o apóstolo  em todas as suas tribulações (e que não foram  poucas), podemos confiar que Ele também há de suprir em Cristo a nossa carência de consolação em meio às tribulações, perdas e sofrimentos diversos. Deus é fiel! Ele cumpre o que  promete. 
A partir daí (v.8-14), Paulo conta sua própria experiência  de sofrimentos; e diz-nos como  continuava  suportando e vencendo todo tipo de tribulação. Diz ele que, além da consolação que tinha de forma específica da parte de  Deus, ele  estava certo  de que as orações daqueles irmãos em seu favor também haviam contribuído de forma significativa para a sua completa consolação. Além do conforto pessoal, Deus estava  manifestando a Sua misericórdia e consolação através do carinho e orações dos irmãos da mesma fé. Os quais, a despeito dos seus próprios  problemas e sofrimentos, estavam participando efetivamente com aquele servo de Deus distante. Eram irmãos de fato! Amados de Deus e  membros da familia de Deus.
Então, após discorrer sobre o  mistério da consolação com que somos agraciados por Deus, o nosso Pai, Paulo fala do ministério da consolação que temos recebido como filhos  do Pai de misericórdia e Deus de toda  consolação. 
No mesmo versículo (4) em que o apóstolo discorre sobre a nossa consolação, que é algo fantástico e misterioso, porque é divino, Paulo fala também do ministério e responsabilidade daqueles que compartilham da mesma  esperança em Cristo. De todos os cristãos, não apenas  dos pastores e líderes eclesiásticos.  Paulo diz que Deus nos  confiou o ministério da consolação. Somos responsáveis por aqueles a quem amamos, especialmente quando sofrem.  Se não podemos estar juntos, devido à distância que nos separa, podemos orar a Deus para que lhes conceda a graça da consolação em Cristo Jesus. Isto porque fazemos parte da mesma familia, estamos ligados  pelos laços do amor e pelo laços  do precioso sangue de Cristo Jesus. Fazemos parte da familia de Deus espalhada em toda parte. 
Assim como  sofremos com a morte de queridos nossos de outros lugares, como em Angra dos Reis, Minas, Haiti, Chile; e de tantos irmãos perseguidos  e torturados em várias partes deste mundo por causa do nome de Jesus; assim  como choramos  juntos, também  nos alegramos juntos, na  certeza de que haveremos de receber a consolação que precisamos. E, mais que isto, estamos certos de que haveremos de nos regozijar  eternamente na glória celeste; onde Deus promete  enxugar toda lágrima e onde não  haverá mais qualquer tipo de dor ou sofrimento. Quando todos  os membros da familia de Deus, os salvos por Cristo Jesus, haveremos de receber a plenitude da consolação de Cristo, no céu. 
Paulo afirma que assim como os sofrimentos de Cristo (quando sofremos  por Cristo e para Cristo), “assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo” (v.5). E continua (v.6) dizendo que  os seus sofrimentos tinham como resultado a consolação e o encorajamento para aqueles  irmãos vencerem os seus próprios sofrimentos. Que coisa incrível! Mesmo quando  sofremos estamos  ajudando alguém. É claro que  isto não significa que o cristão não possa  eventualmente  cair em abatimento, tristeza e depressão. Afinal, somos humanos, sujeitos a essas  coisas. Tudo isso faz parte do processo de consolidação  da nossa consolação. Mas o fato é que podemos glorificar a Deus a despeito de todos os  problemas e  tribulações que enfrentamos a cada dia;  porque, pela fé, podemos contemplar a glória de Deus através de Sua terna misericórdia e  consolação. Portanto, podemos  concluir com as palavras proféticas do apóstolo Paulo, as quais eu dedico a todos quantos se acham feridos pelas perdas irreparáveis de  queridos que se foram, deixando-os enlutados e profundamente  entristecidos: “A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que, como  sois participantes dos sofrimentos, assim  o sereis da consolação” (2Co 1.7). Que assim seja. Amém.
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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