terça-feira, 20 de abril de 2010

OH CÉUS!

Oh céus! Oh Vida! Oh Azar! Isto Não Vai Dar Certo!


Nos anos 60 foi criado um personagem que retratava pessimismo lamuriento – a hiena Hardy, que a todo instante repetia seu tedioso "Oh céus! Oh vida! Oh azar! Isso não vai dar certo!" Nada lhe contentava, nem mesmo o repique incansável do leão Lippy: "Anime-se, Hardy". É exatamente como a hiena Hardy que muitos seres humanos são confundidos.

Quantas vezes encontramos com seres humanos resignados, desencorajados e literalmente sem ar. Temos a imagem de uma fonte ressecada, alguém que perdeu o acesso à criatividade, tornando-se incapaz de sentir-se a si mesmo, insatisfeitos e murchos. Muitas vezes parecem que estão sendo pisoteados o tempo inteiro. Sentem-se desprovidos de vida.

Quantas vezes após ouvir alguém podemos observar que uma parte do problema está em uma contínua melancolia e auto-compaixão. A auto-compaixão é sempre contra-produtiva. Ela insiste em concentração da atenção sobre o próprio eu e sobre os supostos "direitos", e usualmente envolve um protesto contra a providência divina e contra aqueles que não "ajudaram". É óbvio que se trata de um pecado auto-destrutivo. Não admira, pois que o salmista tenha escrito: "Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos. Pois eu invejava os arrogantes" (Sl 73.2-3). A inveja, de mistura com uma auto-compaixão melancólica, quase o tinha levado a um profundo desespero e à rebeldia contra Deus. Esclarece o salmista: "Em só refletir para compreender isso já (a prosperidade dos ímpios), achei mui pesada tarefa para mim" (v. 16). E também fala como segue: "Quando o coração se me amargurou e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante" (vers. 21-22). É evidente, pois, que o escritor só trouxe sofrimento e dor-de-coração para si mesmo, através dos erros gêmeos da auto-compaixão e da inveja.

Seu alívio foi encontrado por meio do arrependimento, quando ele foi instruído acerca do fim dos ímpios, no santuário de Deus (vers. 17-21). As pessoas apanhadas no vértice do espiral da inveja e da auto-compaixão também precisam ouvir essa mesma mensagem que Asafe ouviu.
Existem situações realmente delicadas e sérias, que necessitam de toda a nossa atenção, mas existem situações que podemos perceber nitidamente as pessoas impelidas por auto-compaixão. Quantas vezes nos deparamos com pessoas manipuladoras que se utilizam da auto-compaixão e tentam nos envolver num banquete de compaixão.

Não são poucos os e-mails em que leio a mesma frase: "Está dando tudo errado! Não é possível! O diabo está furioso comigo!" Quando na verdade o problema está na falta de sabedoria, na imprudência, na precipitação, na falta de autodomínio e submissão a Deus".
Quantas vezes as pessoas confundem a melancolia e a auto-compaixão com o pensamento produtivo. Ao intitularem a melancolia e auto-compaixão de "pensar", procuram apenas justificar o seu erro. Mas essas duas coisas devem ser devidamente distinguidas. As ações regadas por sabedoria divina tornam a nossa vida radiante, nos torna mais capaz e melhora a qualidade de vida.

A auto-compaixão é o estofo de que se compõem a depressão, o desespero, o homicídio, o suicídio e outros erros. A narrativa sobre Elias, em I Reis 19, ilustra quão destrutiva é a auto-compaixão. Elias mostrou-se corajoso enquanto a sua mente estava fixada em Deus, mas não quando começou a focalizar sua atenção sobre si mesmo (1Rs 19.4; 10,14). Porquanto ele se recusou a abandonar essa auto-orientação, seu ministério foi tirado e dado a Eliseu. Auto-compaixão, inveja e melancolia podem levar a outros sérios resultados, conforme nos adverte Davi: "Deixa de lado essa raiva, abandona essa ira! Não perca a cabeça; isso só traz prejuízo, mas quem confia no Senhor receberá grandes bênçãos já nesta vida. Dentro em breve os maus vão desaparecer. Mesmo procurando, você não encontrará um sequer. Mas quem se humilha perante o Senhor receberá bênção sobre bênção e viverá na mais perfeita paz". (Sl 37.8-11).

O exemplo de Amnom demonstra como, através da melancolia, ele chegou a ponto de adoecer (2Sm 13.2-4). Essa sua continua melancolia, finalmente, produziu conseqüências desastrosas.
A melancolia consiste em pensar sem agir. É um monólogo que não converge para as soluções ensinadas por Deus. Só pode produzir maus efeitos. Quando alguém se põe a pensar melancolicamente sobre problemas passados, por exemplo, permite que aquilo que já se foi e não tem existência presente (exceto em sua mente) e torne um desgraçado hoje. Os problemas passados, entretanto, não possuem tal poder. Mas o que alguém faz com eles agora determina o seu estado atual. Quando o que alguém faz é fechar-se na melancolia da auto-compaixão, ele se está tornando um desgraçado.

Dificilmente a auto-compaixão se manifesta solitária. Geralmente ela cria grupos de queixosos que se resolvem na auto-compaixão. Temporariamente, quando alguém exprime seus sentimentos, pode sentir alívio, mas, finalmente, ele e quem dele se compadecem, descobre que a queixa alimenta a miséria. (observe como os queixosos andam em "bando").
Certo vez atendi a ligação de alguém que estava furiosa por não conseguir alguém para realizar um evento. A pessoa se queixava de tudo e de todos. Queixar-se de outras pessoas, é uma das conseqüências freqüentes da auto-compaixão e da inveja.

Passam horas falando com qualquer um que queira ouvir seus problemas e queixas. É óbvio que tais pessoas não se concentram sobre as soluções dos problemas. Estão sempre frisando a "ventilação" dos problemas expondo as pessoas a se moverem no padrão por demais familiar da auto-compaixão: ira – amargura – depressão.

É necessário procurar encontrar a "corrente", e parti-la logo em seus primeiros elos.
O livro de Samuel nos revela que Amnom foi um homem impulsionado por seus sentimentos. Os desejos que o impulsionavam foram fomentados e alimentados pela melancolia. Primeiramente, ele adoeceu por essa causa, e então sua melancolia o conduziu ao pior erro. Absalão também agiu movido por seus sentimentos, após dois anos de amarga melancolia (2 Sm 13.22-32).
Será que você é alguém que se debate na auto-compaixão? Será que é alguém que vive os maus efeitos dos hábitos, que fala, mas não age?

É necessário quebrar a "corrente" formada por auto-compaixão, ira, amargura e depressão, logo no seu primeiro elo. Ao invés de permitir o começo da auto-compaixão melancólica, ore a cerca do problema, deixando a questão nas mãos de Deus. Peça forças para quebrar os hábitos destrutivos da inveja e da auto-compaixão.
Levante-se e finalmente assuma com seriedade as suas presentes responsabilidades, as quais, de outro modo, provavelmente seriam negligenciadas. Invista produtivamente as suas energias sobre algo útil e proveitoso.

A auto-compaixão é destrutiva; é auto-destrutiva. Se lhe for permitido prosseguir, levará a depressão. Esta, por seu turno, geralmente é a rota mais direta para o desespero e para a auto-destruição final.
Que você anseie em sua vida por algo que lhe dê força, frescor e nova clareza e ânsia pela fonte clara, ânsia pela fluidez de sua vida. Que ao invés de reclamar constantemente, invista na construção do mundo em sua volta. Não permita ser paralisado (a) e sim trabalhe a partir de sua própria fonte interior. Sinta-se animado (a) para investir nos sonhos, no trabalho, no próximo.
Abasteça-se da verdadeira Fonte ainda hoje! Reconheça que à medida que nos abastecemos dela, sentimos o quanto as coisas são fáceis, o quanto tudo flui e nos doa força. Olhe para a vida com esperança e fôlego.
Seja paciente e espere pela ação de Deus. Seja valente e encha o seu coração de coragem. Espere com confiança Nele.

Shalom!
Regina Lopes

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