quarta-feira, 21 de abril de 2010

PÕE EM ORDEM A TUA CASA

O que acontece quando recebemos a notícia de que alguém a quem amamos está morrendo? Como reagimos quando somos informados de que estamos com uma doença grave, mortal?
O que falamos com Deus e de Deus aos outros, quando sofremos?
O que fazer quando, a despeito de nossa comunhão e consagração ao Senhor, nos encontramos numa situação caótica, persistente, contínua?
Creio que podemos encontrar as respostas de muitas dessas perguntas, senão todas, no texto abaixo.

“Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; veio ter com ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás. Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao SENHOR. E disse: Lembra-te, SENHOR, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração e fiz o que era reto aos teus olhos; e chorou muitíssimo. Então, veio a palavra do SENHOR a Isaías, dizendo: Vai e dize a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; acrescentarei, pois, aos teus dias quinze anos” (Is 38.1-5).

É muito comum o cristão, quando se encontra enfermo, à morte, precisando ser confortado e encorajado a manter-se fiel a despeito das dores e lágrimas, ficar mais abatido e confuso ainda quando ouve determinados pregadores atuais .

Isto porque a ênfase excessiva na prosperidade e na cura divina, quase sempre causam efeitos “colaterais” profundos e degradantes para quem sofre, apesar de sua fé e confiança no Senhor da vida. É como se as experiências de servos do passado e do presente, os quais viveram e morreram glorificando a Deus em meio às dores e lágrimas, não tivessem nenhuma importância e relevância para os pregadores da prosperidade.

No entanto, tanto eles como nós, simples mortais, mais dia menos dia haveremos de experimentar a inevitável companhia da morte. Seja de amigos e parentes queridos e inesquecíveis, seja a nossa própria morte. Todos nós, desde que nascemos, começamos a caminhar para a morte, quer queiramos ou não. Enquanto estamos aqui na terra, não podemos nos autoiludir como se o sofrimento fosse apenas do vizinho ou da pessoa distante.

O texto acima mostra-nos que Deus usa o nosso sofrimento para nos tornar humildes e obedientes à vontade do Senhor: “Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás. Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao SENHOR...”

Após ter orado para que Deus o livrasse da morte (Is 37.14-20), Ezequias reconheceu a soberania de Deus através de seu cântico de gratidão e adoração (Is 38.9-22). Especialmente nos versos a seguir, Ezequias confia inteiramente na provisão do Senhor para a sua vida: “Que direi? Como prometeu, assim me fez; passarei tranquilamente por todos os meus anos, depois desta amargura da minha alma. Senhor, por estas disposições tuas vivem os homens, e inteiramente delas depende o meu espírito; portanto, restaura-me a saúde e faze-me viver. Eis que foi para minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (Is 38:15-17).

Parece estranho o que Ezequias diz: “Eis que foi para minha paz que tive eu grande amargura”, porém, ele está apenas confirmando o que a Bíblia diz em vários lugares. Em Fl 1.29, Paulo assim nos diz: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele”.

Na verdade, os textos nos mostram que: primeiro, o próprio sofrimento é fruto da graça de Deus: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo. Segundo, o sofrimento também pode ser um meio pelo qual Deus queira produzir fruto de justiça em nós. Ou seja, “produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça”. Este é o ensino correto das Escrituras. Ensino não só esclarecedor no sentido doutrinário, mas, principalmente, o ensino confortador de Deus para nós. Levando-nos ao entendimento de que todas as coisas que nos acontecem estão sob o controle, direção e vontade de nosso Pai. E que tudo visa um bem maior: “a fim de sermos participantes da sua santidade”.

A Bíblia diz que eu e você também estamos condenados à morte. Porém, a Bíblia também nos ensina a superar o sofrimento através da fé e confiança na soberania de Deus. E Ele Se agrada de nossa oração em meio ao sofrimento, nos reponde e nos conforta.[1]

Descansamos na certeza da soberania de Deus, quando Ele nos conforta em meio aos sofrimentos.[2]

O que não podemos é perder a oportunidade que o sofrimento, a enfermidade e a tristeza nos proporcionam para a reflexão, oração e o clamor a Deus a fim de que Ele nos conceda o discernimento claro e necessário quanto ao que Ele quer fazer em nós, por nós e através de nós, quando vêm as tribulações; “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte”.[3]

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Is 38.4-5; 2Co 1.3-6
[2] Is 38.16-17
[3] 2Co 7.10

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